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O Impacto do Acordo Mercosul-UE na Soja Argentina: O que Esperar?
O novo pacto de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) prevê transformações significativas para o complexo de soja argentino, um dos pilares da economia do país. Entre 2018 e 2023, aproximadamente 49% das exportações argentinas destinadas ao mercado europeu foram produtos derivados da soja. Com a criação de um mercado que abrange 700 milhões de consumidores, a expectativa é de que novas oportunidades, assim como desafios, surjam para os agricultores e exportadores argentinos.
Entendendo o Acordo: O que Mudará?
Pesquisadores da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), Guido D’Angelo e Patricia Bergero, indicam que uma das cláusulas mais relevantes diz respeito à redução gradual das tarifas de exportação. Isso se tornará realidade se o acordo for ratificado. Vamos analisar o que isso significa para a produção de soja na Argentina.
Produção e Exportação de Soja na Argentina
Atualmente, a Argentina cultiva cerca de 17 milhões de hectares de soja a cada safra, gerando entre 40 e 50 milhões de toneladas anuais, dependendo das condições climáticas. O país se posiciona como o terceiro maior produtor mundial, atrás do Brasil e dos Estados Unidos. Para que a Argentina mantenha essa competitividade, é crucial entender as implicações do novo acordo.
Tarifas de Exportação: O que Esperar?
- No dia seguinte ao quinto ano da implementação do acordo, o farelo e os pellets de soja, biodiesel, óleo de soja e grãos de soja terão uma alíquota de exportação consolidada em 18%.
- A partir do sétimo ano, as tarifas passarão por cortes anuais de 1 ponto percentual até atingirem um limite de 14% no décimo ano.
Os especialistas destacam que essas alíquotas são máximas e que podem ser fixadas tarifas inferiores ao longo do processo de desoneração, possibilitando uma maior flexibilidade para os exportadores.
Oportunidades de Importação para a UE
O acordo também traz mudanças nas tarifas de importação. O farelo de soja argentino, que representa cerca de dois terços das exportações do complexo de soja para a UE, poderá entrar no mercado europeu com condições mais vantajosas. A União Europeia, já reconhecida como o maior importador de farelo de soja, absorve cerca de 28% do volume exportado pela Argentina.
Tarifas de Importação: Benefícios para os Produtos Argentinos
- Atualmente, a tarifa para a importação do farelo de soja na UE é zero e continuará assim com o novo acordo.
- Outros produtos, que hoje enfrentam tarifas de 5,1%, também terão uma redução progressiva até a eliminação total em quatro anos.
O Impacto nas Exportações de Óleo e Biodiesel
A exportação de óleo de soja enfrenta uma variedade de tarifas com base em diferentes tipos e usos do produto. O novo acordo promete uma redução gradual dessas taxas, o que pode facilitar ainda mais a entrada do óleo argentino na UE. Vamos detalhar essas mudanças:
Reduções de Tarifa Propostas para Óleo de Soja
- O óleo bruto destinado a usos industriais terá a tarifa reduzida de 3,2% para 0% assim que o acordo entrar em vigor.
- Tarifas para o óleo bruto destinado a outros usos (atualmente 6,4%) e para óleo refinado para usos industriais (atualmente 5,1%) também passarão por reduções graduais.
- O óleo refinado para outros usos não industriais, que hoje enfrenta uma tarifa de 9,6%, terá uma redução de tarifas ao longo de cinco anos, até atingir 0%.
O Impacto nas Exportações de Biodiesel
O biodiesel, um outro produto importante nas exportações argentinas, também sairá beneficiado com a proposta do acordo. Assim, sua tarifa será reduzida dos atuais 6,5% para 0% em um período de 11 anos, com reduções anuais de aproximadamente 0,6%. Essa mudança visa ampliar o acesso do biodiesel argentino ao mercado europeu, aumentando a competitividade desse produto vital.
Reflexão sobre o Futuro do Setor Agropecuário Argentino
O futuro da soja argentina no contexto do acordo Mercosul-UE é promissor, mas não isento de desafios. À medida que o mercado europeu se abre, é crucial que os produtores argentinos se preparem para aproveitar as oportunidades que surgem. A implementação eficaz das novas diretrizes tarifárias será fundamental para maximizar os benefícios dessa parceria comercial.
Os agricultores e exportadores não devem apenas se concentrar nas alterações tarifárias, mas também em práticas sustentáveis e inovação para garantir que suas produções atendam à crescente demanda de um mercado que cada vez mais valoriza a qualidade e a responsabilidade ambiental.
Convidamos você a refletir sobre o impacto que esse acordo poderá ter na sua perspectiva do setor agrícola na Argentina e como isso pode mudar a dinâmica global da soja. Coloque suas ideias e dúvidas nos comentários – como você vê o futuro das exportações argentinas de soja na União Europeia?




