
Reuters
A Influência do Clima nas Safras de Café no Brasil
As lavouras de café do Brasil estão enfrentando sérios desafios devido à seca e às altas temperaturas registradas em fevereiro e no início de março. Essa situação não só afeta a safra de 2025 como também poderá ter repercussões na produção de 2026. As informações foram reveladas por representantes da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do país, que alertaram que, no momento, é complicado avaliar exatamente o tamanho das perdas.
O Impacto no Mercado Global de Café
O Brasil, como maior produtor e exportador de café do mundo, desempenha um papel crucial na oferta global da commodity. A necessidade de um aumento na produção é evidente, especialmente considerando que os preços estão se aproximando de recordes históricos. Embora a safra de 2025 já tenha sido comprometida por condições climáticas desfavoráveis em 2024, espera-se uma recuperação em 2026, mas a atual secura pode dificultar essa recuperação.
O Que Dizem os Especialistas
José Eduardo Santos Júnior, superintendente de Desenvolvimento do Cooperado da Cooxupé, expressou sua preocupação com a situação atual. “Com toda certeza, o clima afeta nossa produção. Embora não possamos mensurar o impacto imediatamente, sabemos que o efeito dele costuma ser irreversível,” afirmou Santos Júnior. Durante a Femagri, uma feira agrícola importante, ele destacou que o clima adverso impacta o desenvolvimento do café de maneira significativa. O superintendente mencionou não apenas a seca, mas também que as altas temperaturas são um desastre para a cultura do café.
Principais Fatores Climáticos em Jogo
Os principais problemas que os cafeicultores enfrentam atualmente incluem:
- Períodos prolongados de seca, com mais de 40 dias sem chuvas.
- Temperaturas elevadas que superam a média histórica, comprometendo o metabolismo das plantas.
“Esses fatores determinam diretamente a qualidade e a quantidade da nossa produção,” salientou Santos Júnior. Os efeitos do clima só serão totalmente visíveis no momento da colheita, quando será possível medir o rendimento de cada planta.
A Colheita se Aproxima
Os cafeicultores da Cooxupé, que atuam nas regiões de Sul de Minas, Cerrado mineiro e parte do estado de São Paulo, estão prestes a iniciar a colheita do café arábica. Minas Gerais e São Paulo respondem por mais de 80% da produção nacional desse tipo de café, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé, complementou que no mês de fevereiro ocorreram recordes de temperatura nas áreas produtivas. Embora as chuvas tenham retornado recentemente, ainda não atingiram todas as regiões de cultivo. “Não temos uma maneira precisa de calcular as perdas neste momento,” comentou.
Os Efeitos das Temperaturas Elevadas
Bachião Filho explicou que o café arábica não suporta temperaturas acima de 32 graus, o que afeta diretamente o metabolismo e a capacidade de fotossíntese da planta. Após um retorno das chuvas, pode levar até uma semana para que a planta retome seu metabolismo normal, afetando o desenvolvimento de folhas, ramos e a formação dos futuros grãos.
Ele também observou que, apesar de as chuvas em janeiro terem sido consideradas “muito boas”, o volume em algumas áreas ficou abaixo da média, o que gerou apreensão. “Estamos preocupados, pois algumas regiões choveram bem e outras não receberam nada,” disse. Essa situação crítica não é apenas um problema para a produtividade de 2025, mas também para o potencial crescimento da safra de 2026, uma vez que os cafezais não se desenvolveram como deveriam nos últimos 40 a 50 dias.
Desempenho Financeiro da Cooxupé
No entanto, apesar das safras abaixo do potencial nos últimos anos, a Cooxupé conseguiu um faturamento recorde em 2024. Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da cooperativa, mencionou que os preços elevados têm sido um fator importante para essa receita, que atingiu a marca de R$ 11 bilhões. A cooperativa também deverá distribuir R$ 133 milhões entre os cooperados, caso essa proposta seja aprovada em assembleia na próxima semana.
Projeções para 2025
Melo afirmou que, mesmo com as incertezas climáticas que podem afetar novamente os recebimentos da Cooxupé em 2025, a cooperativa está em busca de alternativas, como a compra de grãos de terceiros. Antes que os efeitos da seca e das altas temperaturas se tornassem evidentes, a expectativa era de receber 5,6 milhões de sacas de 60kg de café em 2025, o que representa quase uma queda de 10% em relação a 2024 devido ao clima adverso.
A Cooxupé, que é também a maior exportadora de café do Brasil, planejava embarcar 6 milhões de sacas em 2025, 600 mil a menos do que em 2024, refletindo as dificuldades enfrentadas.
A Esperança Continua
Embora o futuro da safra de café esteja incerto devido às condições climáticas, a resiliência e a adaptabilidade dos cafeicultores brasileiros são notáveis. Eles estão continuamente em busca de melhores práticas agrícolas e inovações que possam mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir a qualidade e quantidade da produção.
Convidamos você, leitor, a pensar sobre a importância do clima na produção agrícola e a refletir sobre como esses fatores afetam o nosso dia a dia. Você já parou para considerar a trajetória que o café percorre antes de chegar à sua xícara? Compartilhe suas opiniões e experiências nos comentários!