VTEX e sua Nova Trajetória Após o IPO: Desafios e Oportunidades

A abertura de capital da VTEX em 2021 representou uma mudança significativa para a empresa. Alexandre Soncini, cofundador da VTEX, destaca que virar uma companhia pública traz não apenas responsabilidade, mas também um novo ritmo de articulação interna e externa. Segundo ele, isso implica uma reflexão mais profunda sobre decisões e uma comunicação mais cuidadosa.

Soncini compara a experiência de estar em uma empresa listada a ser um ator de televisão: "Sua vida está exposta". Com o IPO, a VTEX enfrentou um período de desvalorização das ações, o que acentuou os erros e trouxe à tona a pressão do mercado. Contudo, a empresa conseguiu manter a visão de longo prazo, focando em um crescimento sustentável.

A Singularidade da VTEX

Um dos aspectos que diferencia a VTEX de outras empresas de capital aberto, segundo Soncini, é que ela ainda é "founder-led". Isso significa que os fundadores continuam a controlar a empresa e a tomar decisões decisivas. Essa característica é vital, especialmente em tempos de mudanças no mercado.

Foco em Sustentabilidade

Soncini destaca que a VTEX sempre priorizou eficiência em vez de crescimento desenfreado. Essa estratégia demonstrou-se eficaz quando o cenário do mercado mudou, permitindo que a empresa se adaptasse sem perder sua essência. Com um foco em resultados sustentáveis, a VTEX tem se mostrado resiliente em face das adversidades.

Aprendizados da Crise do Setor de Tecnologia

Entre o final de 2021 e o início de 2022, o setor de tecnologia sofreu um grande impacto, com muitas ações entrando em colapso. Para Soncini, esse momento crítico foi positivo, já que corrigiu distorções em um mercado onde empresas estavam super avaliadas.

"Antes da bolha estourar, havia um crescimento a qualquer custo, sem garantir sustentabilidade financeira", explica. Após a crise, investidores passaram a exigir maior eficiência e geração de caixa, resultando em um verdadeiro choque de realidade.

Mudança de Rumo

A VTEX foi uma das primeiras a ajustar sua rota, priorizando o crescimento com eficiência. Essa mudança implicou a tomada de decisões difíceis, como cortes de custos e demissões, mas essenciais para garantir a continuidade da empresa.

Hoje, a VTEX atravessa uma nova fase, com resultados positivos e geração de caixa robusta. Soncini ressalta que a empresa revisitou seu planejamento estratégico, focando nos próximos cinco anos e considerando o impacto crescente da inteligência artificial no setor.

A Presença Global da VTEX

Atualmente, a VTEX conta com cerca de 1.500 funcionários, dos quais metade atua no Brasil, enquanto a outra metade está espalhada em escritórios em 15 a 20 países, incluindo Estados Unidos, México, Argentina, Chile e diversos países da Europa e Ásia.

A Valorização do Talento Brasileiro

Soncini, que passou nove anos nos Estados Unidos e vive agora na Espanha, percebe uma diferença significativa no talento brasileiro em comparação a profissionais de outras regiões. Ele afirma: "É difícil encontrar a dedicação e resiliência do brasileiro em outros mercados". Essa percepção desmistifica a ideia de que os profissionais do Brasil são inferiores em relação aos formados no Vale do Silício ou em universidades europeias.

Além disso, os escritórios da VTEX fora da América Latina adotam um modelo híbrido, combinando equipes locais com talentos latino-americanos. Isso resulta em um ambiente multicultural que estimula o aprendizado e a inspiração mútua.

Quebrando Barreiras Mentais

Soncini critica a “síndrome do vira-lata”, que pode limitar as ambições dos brasileiros. "Quando não sabemos que algo é impossível, conseguimos realizar. Tirar essas barreiras mentais é crucial para competir globalmente", ressalta.

Empresas brasileiras como a VTEX e a XP já demonstraram que podem competir de igual para igual com grandes multinacionais. O que realmente faz a diferença é acreditar em nosso potencial.

Preparando-se para o Futuro com Inteligência Artificial

Atualmente, a missão da VTEX é alinhar execução e estratégia, mantendo o foco nas oportunidades que a inteligência artificial pode trazer. “A execução deve sempre servir à estratégia”, finaliza Soncini.

Reflexão Final

A trajetória da VTEX após o IPO ilustra não apenas os desafios enfrentados, mas também a resiliência e a capacidade de adaptação da empresa. Ao priorizar eficiência e ao manter o controle nas mãos de seus fundadores, a VTEX se prepara para um futuro promissor. E você, o que pensa sobre as estratégias adotadas pelas empresas brasileiras no cenário global? Compartilhe sua opinião!