Início Internacional Como o Mundo se Reinventa sem a Liderança Americana?

Como o Mundo se Reinventa sem a Liderança Americana?

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A Nova Ordem Internacional Sob o Segundo Mandato de Trump

Em um período surpreendentemente curto, a administração de Donald Trump está transformando as bases que sustentam a ordem internacional desde a conclusão da Segunda Guerra Mundial. A redefinição do papel dos Estados Unidos na OTAN, acompanhada de questionamentos sobre as garantias de defesa para países da Europa e Japão, e até a partilha de informações com os aliados da chamada Aliança dos Cinco Olhos (Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido) é apenas o começo.

A postura americana na ONU, que agora se alinha com países como Rússia, Belarus e Coreia do Norte, e se opõe à maioria dos aliados democráticos tradicionais, tem deixado os oficiais europeus em estado de alerta. Eles se perguntam se estão prontos para desenvolver suas próprias capacidades de dissuasão nuclear e como a presença de tropas americanas no continente será afetada.

A Rejeição aos Tratados e Organizações Internacionais

Além das preocupações com a segurança, a administração também rejeita tratados, organizações e instituições econômicas que os Estados Unidos ajudaram a moldar. No primeiro dia de seu novo mandato, Trump assinou ordens executivas para retirar o país do Acordo de Paris sobre clima e da Organização Mundial da Saúde, enquanto impôs uma pausa de 90 dias na ajuda externa. Em fevereiro, foi anunciada uma revisão abrangente de 180 dias sobre todas as organizações internacionais e tratados que os EUA integram.

Um projeto ambicioso chamado "Projeto 2025", desenvolvido pela Heritage Foundation, sugere até mesmo a saída dos EUA do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, pilares fundamentais para o desenvolvimento global e estabilidade econômica.

A Desintegração da Ordem Pós-Guerra?

Diante dessas mudanças, pode parecer que a ordem pós-guerra está se desintegrando. A renúncia à liderança americana indica, segundo alguns historiadores, o fim da primazia e hegemonia benevolente dos EUA, o que poderia resultar em um cenário global caótico — um "jungle" sem a supervisão de uma superpotência. Essa situação poderia facilitar que potências como Estados Unidos, China e Rússia viessem a agir unilateralmente, aumentando a frequência de conflitos e a vulnerabilidade de aliados próximos.

Por outro lado, essa ruptura não é inevitável. A disparição da velha ordem pode abrir portas para uma nova, não necessariamente marcada pelo caos. Tudo depende das reações dos outros países que até agora sustentaram as instituições que a sustentam.

Oportunidade para Cooperação Internacional

Apesar dos desafios, a cooperação internacional pode prosperar mesmo sem a liderança dos Estados Unidos. A chave está em países centrais, como nações europeias e do Japão, se unindo de forma proativa para fortalecer essa cooperação. Esperar para ver o que acontece é um risco que não podem se dar ao luxo de correr.

Dentre os exemplos históricos de cooperação sem uma potência hegemônica, o Congresso de Viena de 1814–15 ilustra a capacidade das potências europeias de se unirem sem um hegemônico absoluto. O chamado "Concerto da Europa" perdurou até ser desestabilizado pela unificação da Alemanha e da Itália.

Sustentando o Desenvolvimento Internacional

Um dos campos mais promissores para essa nova era de cooperação internacional é o desenvolvimento econômico. A criação do FMI e do Banco Mundial em Bretton Woods, em 1944, estabeleceu uma ordem econômica sólida guiada pelos Estados Unidos. Entretanto, a hostilidade da administração Trump a instituições internacionais pode resultar em uma reavaliação dessa estrutura.

Se os EUA optarem por reduzir drasticamente seu apoio financeiro ao Banco Mundial, isso poderia ser um catalisador para outros países repensarem suas contribuições e envolvimento. Por exemplo, o Banco de Desenvolvimento, que sustenta projetos em países em desenvolvimento, poderia ser revitalizado por doações de nações dispostas a compensar a ausência dos EUA.

Alternativas e Adaptação

Se o apoio americano ao Banco Mundial for cortado, outros países teriam a chance de reequilibrar o poder dentro dessa instituição, potencialmente promovendo uma maior participação nas decisões de financiamento. Esta mudança teria implicações globais, especialmente se países como Japão ou mesmo os próprios membros do BRICS decidissem assumir um papel de liderança.

Além disso, o cenário do FMI também está em transformação. Embora a administração Trump possa hesitar em deixar essa instituição, a dependência de países emergentes em suas próprias reservas e acordos de swap pode abrir espaço para novos mecanismos de cooperação.

O Futuro das Relações Internacionais

Com a crescente ausência dos Estados Unidos em fóruns multilaterais, como o G-7 e G-20, os países devem se unir para reestruturar essas plataformas de diálogo. O G-7, por exemplo, poderia funcionar através de reuniões menores ou mesmo em formatos alternativos, totalizando a capacidade de liderar respostas conjuntas a desafios globais. Assim, um novo grupo poderia emergir, focado em manter a cooperação e a estabilidade entre as principais potências.

Os desafios estão à vista. Um mundo sem a ordem imposta pelos EUA exige que outras nações sejam proativas, em vez de reativas. Os riscos podem ser grandes, mas, ao lado de países que possuem uma visão comum de um futuro mais cooperativo, é possível criar uma arquitetura internacional que promova a paz e a segurança, mesmo diante de uma nova ordem global.

Reflexão Final

Diante desse panorama de transformações rápidas e imprevisíveis, a necessidade de adaptação e a busca por novas alianças se torna evidente. Os próximos anos poderão não apenas definir a natureza da liderança global, mas também mostrar se o mundo está disposto a abraçar uma nova forma de cooperação que, embora sem a influência dos Estados Unidos, ainda é capaz de garantir paz e estabilidade.

E você, o que pensa sobre as mudanças que estão ocorrendo na ordem internacional? Acredita que poderemos ver uma nova era de cooperação sem a presença hegemônica dos Estados Unidos? Compartilhe suas ideias e reflexões!

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