quinta-feira, junho 26, 2025

Como o Português se Tornou a Estrela das Aulas no Senegal: Uma Revolução em Três Décadas!


## A Imersão da Língua Portuguesa em Dakar

Em uma sala vibrante em Dakar, no Senegal, o português já se faz presente desde o primeiro dia de aula. “Os alunos saem da primeira aula capazes de falar sobre si mesmos e se apresentar”, observa José Horta, leitor do Instituto Camões em Dakar. Este início dinâmico é resultado de uma didática refinada que conecta o francês, a língua materna dos estudantes, ao português, como explica a professora Adji Diouma Diouf Sall.

### Semelhanças que Facilitam a Aprendizagem

O segredo dessa abordagem está em mostrar aos alunos as semelhanças entre o francês e o português desde o início. “Desta forma, eles percebem que é um idioma acessível”, afirma Adji. Ao destacar as semelhanças lexicais entre as duas línguas, o bloqueio inicial dos estudantes é reduzido. Essa estratégia é fundamental para atrair novos alunos em um país onde a língua oficial é o francês e há poucas ligações históricas com Portugal. Entretanto, o Senegal é vizinho de países de língua portuguesa, como Cabo Verde e Guiné-Bissau.

### Um Crescimento Impressionante

José Horta recorda sua chegada ao Senegal em 1998, quando as matrículas de alunos aprendendo português eram apenas 10 mil. Atualmente, esse número saltou para cerca de 47 mil, sem contar os quase 2 mil estudantes do curso de licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade Cheikh Anta Diop, na capital. O aumento do interesse pelo português deve muito ao apoio do primeiro presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, que, apreciador da língua, impulsionou o ensino do português em diversos locais, incluindo a província de Ziguinchor.

“O Instituto Camões desempenhou um papel vital nesse crescimento, através da formação de professores e iniciativas culturais ao longo dos anos”, destaca Horta. “Ter bons professores é fundamental”, enfatiza, acrescentando que o apoio das entidades educacionais é igualmente crucial.

### O Legado de José Horta

O entusiasmo de José Horta pelo ensino da língua é tanto que várias instituições de ensino foram nomeadas em sua homenagem. Sua energia e dedicação são admiradas pelos colegas e inspiram os alunos. Além das aulas, a fusão entre aprendizagem e cultura em Senegal é promovida por meio de várias atividades dinâmicas. “Temos um grupo coral, um grupo de dança, e grupos de teatro, algo que não era feito antes”, diz Horta.

Essas iniciativas permitem que os alunos pratiquem o idioma em contextos reais, fortalecendo o espírito de equipe e estimulando a criatividade, enquanto mantém a motivação em alta para continuar aprendendo.

### O Português como Passaporte para o Futuro

Para muitos estudantes senegaleses, aprender português é sinônimo de oportunidades. “Eles se interessam pela língua porque sonham em viajar—alguns querem ir para Portugal, outros para o Brasil”, comenta Adji. Além disso, muitos veem o português como mais acessível em comparação a outros idiomas oferecidos nas escolas.

Outras motivações são mais simbólicas: “Meus alunos frequentemente comentam que querem aprender a língua do Cristiano Ronaldo”, exemplifica Adji, associando o português a uma figura de grande destaque mundial.

### O Caminho de Adji

Adji Diouma Diouf Sall, que inicialmente não se via como professora de português, tomou a decisão quase por acaso. “Nunca fui uma boa aluna de espanhol, então optei pelo português”, revela. Após três anos, ao escolher a licenciatura em português, encontrou sua paixão inspirada por um professor rigoroso que, apesar de sua rigidez, transmitia a paixão pela língua.

Ao ser questionada sobre as dificuldades do idioma, Adji reconhece alguns desafios, mas minimiza a complexidade do português: “Para mim, ele é fácil. Certamente, existem palavras que exigem explicações mais elaboradas.”

### Uma Estratégia de Sucesso

Em Lisboa, a sede do Instituto Camões, a presidente Florbela Paraíba acredita que a decisão do presidente Senghor em incluir o português como disciplina opcional nos anos 1960 foi fundamental. “O presidente Senghor foi uma figura central após a independência, e isso se deve à proximidade geográfica e cultural com países de língua portuguesa”, acrescenta.

Nos anos 1970, o português foi integrado ao ensino superior. Hoje, mais de 300 escolas oferecem o idioma, com cerca de 470 professores formados localmente ou através de intercâmbios do Camões.

### Uma Celebração da Língua

O Dia da Língua Portuguesa em Dakar é uma verdadeira festa ao ar livre. “Não é um evento marcado por discursos formais, mas sim repleto de dança e alegria”, enfatiza José Horta. Para Florbela Paraíba, esse entusiasmo é resultado de uma dinâmica vibrante onde professores e alunos se conectam, nutrindo uma paixão pelas raízes culturais e linguísticas.

Essa busca por aprender e compartilhar a língua portuguesa é genuína, alimentada por laços geográficos e culturais. O reconhecimento do português como uma das principais línguas globais, especialmente no Hemisfério Sul, agrega valor à sua importância.

### Uma Língua Africana em Ascensão

O crescimento do português no Senegal reflete uma tendência global maior. A previsão demográfica indica que o número de falantes de português poderá alcançar 500 milhões até o final do século, com a África desempenhando um papel vital nesse aumento. “Progressivamente, o português se tornará uma língua africana, cada vez mais falada no continente”, conclui Florbela Paraíba.

**E você, o que pensa sobre o papel do português no cenário internacional e como ele pode ser um caminho para novas oportunidades? Compartilhe suas impressões!**

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