segunda-feira, agosto 4, 2025

Como o Tarifaço de Trump Está Transformando o Futuro do Setor Sucroenergético no Nordeste


Mailson Pignata/Getty Images

O impacto da nova tarifa no setor sucroenergético do Brasil

Tarifa dos EUA e o Impacto no Setor Sucroenergético

Em julho de 2025, os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, incluindo açúcar e etanol. Essa medida, que entra em vigor em 6 de agosto, surge em um contexto de tensões diplomáticas e pode causar prejuízos significativos à cadeia sucroenergética nacional, afetando principalmente regiões vulneráveis como o Nordeste brasileiro.

O Efeito da Tarifa no Mercado

De acordo com a Datagro, a nova tarifa poderá resultar em um custo adicional de cerca de US$ 27,9 milhões (aproximadamente R$ 153,4 milhões) às exportações brasileiras de açúcar pelos Estados Unidos. Esse cálculo considera um volume de 150 mil toneladas, com preço médio de US$ 371 (R$ 2.040) por tonelada. A nova alíquota de 50% torna essas exportações financeiramente inviáveis.

Preocupações com o Futuro das Exportações

A estratégia comercial dos EUA gera receios de que medidas semelhantes sejam aplicadas a outros produtos brasileiros. Isso pode criar um ambiente regulatório ainda mais restritivo, colocando em risco os embarques de açúcar para o mercado norte-americano. Atualmente, o Brasil e outros 38 países exportam açúcar para os EUA através de uma cota preferencial que permite a entrada de 1,3 milhão de toneladas anuais sem a tarifa de 80%.

  • Cota Brasileira: Compreende cerca de 15% do total, atendida por 50 usinas do Norte e Nordeste, produzindo 3,6 milhões de toneladas de açúcar anualmente.
  • Importância Econômica: A receita proveniente dessa cota representa cerca de 20% das exportações totais de açúcar do Nordeste, sendo fundamental para a geração de empregos e renda em uma região historicamente carente.

O Impacto Colateral no Etanol

Embora o etanol nordestino não seja destinado ao mercado americano, a nova tarifa afeta diretamente a dinâmica econômica do setor, distorcendo mercados e pressionando preços. O resultado? Menos incentivos à exportação e à expansão da produção.

Além disso, os EUA estão buscando abrir seu mercado para o etanol de milho, o que poderia agravar ainda mais a situação no Nordeste, que já enfrenta mudanças com as novas plantas de etanol de milho.

O Setor Sucroenergético e a Sustentabilidade

Entidades como a Bioenergia Brasil e a UNICA ressaltam que o Brasil é um exemplo global em mobilidade de baixo carbono. Iniciativas como o RenovaBio demonstram um alinhamento entre a política energética do país e os compromissos ambientais assumidos em fóruns internacionais, como o Acordo de Paris.

  • Ação Sustentável: O etanol de baixa intensidade de carbono produzido no Brasil atende a rigorosos critérios de sustentabilidade.
  • Contribuição Ambiental: Desde 2003, com a introdução dos veículos flex, a combinação de etanol anidro e a gasolina ajudou a evitar a emissão de 730 milhões de toneladas de CO₂.

Além dos benefícios ambientais, o setor gera empregos e desenvolvimento regional em mais de mil municípios, sendo crucial para a transição energética e a economia verde do Brasil.

A Importância do Comércio Bilateral

A Bioenergia Brasil e a UNICA também afirmam que as relações comerciais entre Brasil e EUA devem ser preservadas. O etanol se destaca como um aspecto em que essa colaboração pode beneficiar economias e o clima global.

Desafios e Oportunidades para o Nordeste

Apesar dos desafios impostos pela nova tarifa, o setor sucroenergético do Nordeste possui um potencial significativo para crescer por meio da inovação e sustentabilidade.

  • Medidas Estruturantes: O Brasil está avançando com iniciativas como a mistura obrigatória de 30% de etanol anidro na gasolina (E30). Isso representa uma oportunidade para mitigar os impactos negativos da tarifa dos EUA.

Reflexões Finais

A recente tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, especialmente no setor sucroenergético, é um fator que exige atenção e estratégia por parte dos produtores. A vitalidade econômica do Nordeste e a sustentabilidade das práticas agrícolas estão em jogo.

Como você vê o futuro do setor sucroenergético brasileiro diante desses desafios? Deixe suas opiniões e compartilhe suas reflexões sobre o impacto dessas medidas.

*Cíntia Cristina Ticianeli é graduada em Ciências Econômicas pela USP e atua há 30 anos no setor sucroenergético.

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