O Futuro do Oriente Médio nas Mãos de Trump: O Que Esperar?
Donald Trump, agora presidente eleito dos Estados Unidos, prometeu que "o Oriente Médio será resolvido", mas suas propostas específicas para alcançar esse objetivo foram escassas. Ao reassumir a Casa Branca, sua política de "América em primeiro lugar" será desafiada devido ao envolvimento dos EUA na guerra de Gaza e à grave crise humanitária que lá se intensifica. O panorama do Oriente Médio que Trump herdará da administração Biden é radicalmente diferente. Nos últimos anos, Israel e Irã se atacaram diretamente, Israel se impôs sobre grupos como Hamas e Hezbollah, e o regime sírio, aliado crítico do Irã, desmoronou rapidamente.
O Desafío da Liderança Americana no Oriente Médio
A posição dos EUA no Oriente Médio nunca foi tão baixa. O apoio incondicional a Israel, através de vendas de armas e vetos na ONU, minou a credibilidade americana entre os governos e a população árabe. A administração Biden não conseguiu garantir os direitos mais básicos dos palestinos, como acesso a alimentos, água e abrigo. Os palestinos, neste contexto, não têm motivos para acreditar que Trump mudará o apoio incessante a Israel, mesmo diante de alegações internacionais de genocídio e crimes de guerra, considerando seu histórico de apoio incondicional ao país.
Entretanto, Trump continua sendo uma incógnita. Desprovido do legado que pesou sobre Biden, ele se vê como um negociador habilidoso, com maior influência sobre os líderes israelenses. A Arábia Saudita, por exemplo, pode usar sua relação próxima com Trump para pressioná-lo a reconhecer as necessidades e direitos palestinos. Em última análise, a política dos EUA no Oriente Médio dependerá do frágil equilíbrio de poder na região, que está em completa transformação.
Os Sinais Preocupantes
Prever o futuro do Oriente Médio é uma tarefa desafiadora, especialmente considerando o comportamento errático de Trump. O que seu primeiro mandato nos ensina sobre sua abordagem atual? Embora tenha demonstrado inicialmente indiferença entre soluções de um ou dois Estados, ele fez movimentos significativos, como reconhecer Jerusalém como capital de Israel e cortar verbas para a UNRWA.
- Acordos de Abraão: Um marco em sua política foi a tentativa de normalização entre Israel e diversos países árabes, sem rediscutir a questão palestina, contradizendo o que a maioria desses países havia firmado anteriormente. O combate à proposta de solução de dois Estados tornou-se um subproduto da nova dinâmica.
Trump pretendia que esses acordos se ligassem ao que chamou de "o acordo do século", que favorecia Israel em detrimento da autonomia palestina, levando à rejeição do plano pelo povo palestino. Apesar de ter esquecido essa proposta ao final de seu primeiro mandato, muitas indicações sugerem que ele pode ressuscitá-la.
O Que Esperar de um Novo Mandato?
Trump, em seu novo governo, pode mais uma vez tentar incorporar uma versão de seu antigo plano. Sua ambivalência sobre a autonomia palestina e o histórico de cortes de ajuda demonstram seu desprezo pela situação dos palestinos, mas é possível que ele enxergue um novo caminho que combine interesses econômicos a soluções políticas.
Blocos de resistência política na Palestina foram severamente afetados pela guerra em Gaza. Um Hamas enfraquecido não possui a força militar ou governamental de antes, e a Autoridade Palestina enfrenta crescente impopularidade. Se Trump decidir ressuscitar seu plano, a falta de unidade palestina é uma fraqueza que ele pode explorar.
A Nova Realidade em Israel
No atual cenário, a sociedade israelense apresenta divisões internas significativas, entre a oposição à solução de dois Estados e o desejo de responsabilização após ataques como o de 7 de outubro. Esta divisão pode, em algum momento, resultar em demandas por uma política mais moderada. Por outro lado, o governo de Netanyahu tem mostrado um desinteresse crescente em qualquer forma de autonomia palestina, enquanto avança na ocupação e em sanções econômicas.
Ao longo dos próximos meses, a liderança de Trump e a dinâmica interna em Israel serão cruciais para a construção de alguma alternativa. A pressão internacional e as expectativas do mundo árabe também pesarão no jogo.
O Papel da Arábia Saudita e as Mudanças Regionais
A Arábia Saudita, enquanto uma força influente, deixou claro que qualquer normalização com Israel depende de progressos em direção à estatalidade palestina. Como principal membro da Liga Árabe, se Riyadh se mostrar efetiva nesse sentido, poderá proporcionar uma nova perspectiva.
- Divisão de Prioridades: A relação da Arábia Saudita com os EUA é complexa e pode ser baseada em interesses mútuos, como segurança e desenvolvimento nuclear civil, que podem ser barganhados em prol de um novo status para os palestinos.
Uma Nova Esperança?
Enquanto o futuro imediato dos palestinos parece sombrio, há uma possibilidade de que a unidade palestina, combinada com uma postura favorável da Arábia Saudita, possa colocar Trump e Israel contra a parede, apresentando uma oportunidade real para um acordo mais justo.
Os palestinos têm o direito legítimo à resistência e à busca pela autodeterminação. Uma alternativa a essa situação deve envolver a construção de novas estruturas institucionais e a formação de uma base sólida para a reconstrução da identidade nacional.
Os desafios são grandes, mas a esperança deve ser alimentada por um movimento renovado em busca de igualdade, direitos e justiça.
Conforme observamos as nuances da política internacional, a pergunta que fica é: será que Trump, ao retomar seu papel, conseguirá vislumbrar uma solução que sirva aos interesses de todos os povos da região? A capacidade de diálogo e o envolvimento ativo em questões palestinas são, sem dúvida, cruciais para moldar um futuro diferente.
Fique atento, pois o Oriente Médio continuará a ser um centro de negociações e conflitos, e a história está longe de um desfecho claro. O que desejamos agora é um esforço comunitário que agregue vozes, e que, quem sabe, traga novos ventos de mudança para um futuro que todos merecem.