Nos Estados Unidos, poucas instituições lidam com um volume de dados tão colossal quanto a NASA. A agência espacial é responsável por informações que vêm das famosas sondas Voyager, que já cruzaram os limites do nosso sistema solar, além de imagens de robôs em Marte, dados científicos da Estação Espacial Internacional e informações de seus dez centros de pesquisa espalhados pelo país. Atualmente, a NASA gerencia aproximadamente 113 petabytes de dados — um volume que supera até mesmo o de alguns dos países mais populosos do mundo.
À frente de toda essa operação está Jeff Seaton, o diretor de informações (CIO) da NASA. Ele gerencia um orçamento de cerca de um bilhão de dólares e supervisiona uma equipe de 700 funcionários comprometidos com as missões da agência.
Jeff Seaton começou sua jornada na NASA em 1991, trabalhando como engenheiro de robótica. Com o passar dos anos, ele ocupou várias posições de destaque, incluindo a de diretor de tecnologia no Centro de Pesquisa Langley, onde assumiu o cargo de CIO. Desde 2021, ele lidera as estratégias de transformação digital em toda a organização. Em uma recente entrevista à Forbes, Seaton compartilhou seus desafios e visões para a gestão de tecnologia da informação na NASA. Vamos explorar os principais pontos dessa conversa.
Mantendo as Sondas Voyager Funcionais
“As sondas Voyager estão mais distantes da Terra do que qualquer outro equipamento que já criamos. A situação é única: não temos como atualizar os computadores a bordo. O nosso foco, portanto, é mitigar as potenciais ameaças. Os sistemas foram projetados há 30 anos, e jamais poderiam prever a complexidade do ambiente atual. Felizmente, temos uma equipe criativa e inovadora sempre buscando soluções.”
Segurança dos Dados nas Missões
“Estamos cientes de que algumas ameaças são decorrentes de vulnerabilidades comuns. Por isso, promovemos práticas como autenticação multifator, uso de criptografia e atualizações regulares dos sistemas. Uma das prioridades do meu trabalho é ressaltar a importância desses fundamentos, que são essenciais para o sucesso das nossas missões. Se nossos cientistas estão coletando dados, eles precisam ter a certeza de que essa informação é válida e confiável. A proteção dos dados e dos sistemas que os geram é uma questão crítica para toda a comunidade da NASA.”
Renovando a Presença Digital da NASA
“Antes, tínhamos uma infinidade de sites. Em 2019, decidimos revisar nossa presença online, concentrando-nos nas áreas de maior interesse para o público. Após muitos esforços, conseguimos lançar uma plataforma digital mais moderna e acessível, que comunica de maneira clara a mensagem da NASA para todos.”
A Revolução do Streaming na NASA
“A NASA sempre teve um histórico de compartilhar conteúdo pela televisão tradicional, como a NASA TV. Contudo, estamos cientes de que o mundo está mudando rapidamente para o streaming. No último ano, lançamos o Nasa Plus, que oferece aos usuários, com acesso à internet, a possibilidade de assistir a conteúdos e programação da organização sem depender de operadoras de TV a cabo. Modernizar a forma como distribuímos nosso conteúdo foi uma mudança crucial.”
Inteligência Artificial nas Missões Espaciais
“A utilização de IA nas missões da NASA não é novidade; já utilizamos essa tecnologia há anos. Iniciei minha carreira no início da década de 1990, e na época, já trabalhávamos com redes neurais para otimizar o caminho de robôs. No mais recente programa Artemis, estamos planejando usar IA para explorar a superfície lunar. Temos rovers em Marte que operam com inteligência artificial, o que facilita a navegação através dos comandos enviados da Terra. Além disso, a IA é essencial na análise de dados e imagens coletadas por nossas espaçonaves, tanto no espaço quanto na Terra.”
Desafios da IA Generativa
“É necessário ter cautela com a IA generativa. Funciona quase como uma caixa-preta. É fundamental que a intervenção humana esteja sempre presente no processo. Podemos usar a IA generativa para dar celeridade a algumas tarefas, mas sempre com uma etapa final de validação. A NASA se destaca pela sua disposição em experimentar, e estamos ansiosos para continuar testando as capacidades da IA generativa nos próximos 12 a 18 meses. É verdade que o governo pode ser um pouco mais conservador em adotar novas tecnologias, já que precisamos garantir que os dados dos Estados Unidos estejam protegidos. Porém, vejo isso como uma oportunidade de aprendizado, em vez de um obstáculo.”
Preparando a TI para o Programa Artemis
“Estamos colaborando com muitos parceiros, tanto dentro da NASA quanto no crescente setor espacial privado. Juntos, estamos buscando maneiras de estabelecer uma presença sustentável em corpos celestes do sistema solar. Essa colaboração traz desafios, especialmente nas áreas de comunicação e tecnologia da informação. Estamos enfrentando questões conhecidas e identificando novas que surgem a cada dia. Esse trabalho em conjunto certamente impulsionará nossa exploração além da Lua, em direção a Marte, e isso é realmente emocionante! A Artemis continua a nossa missão de exploração.”