A Nova Realidade Geopolítica: A Aliança entre Coreia do Norte e Rússia e seus Impactos no Ocidente
Em um desdobramento surpreendente da guerra na Ucrânia, um grupo de oficiais de inteligência da Coreia do Sul informou representantes da OTAN e de outros parceiros indo-pacíficos, como Austrália, Japão e Nova Zelândia, sobre a movimentação de milhares de soldados norte-coreanos para a região de Kursk, na Rússia. Essa revelação não só chocou a comunidade internacional, mas também destacou a crescente coordenação entre adversários da América, criando um cenário de competição em escala global mais coeso.
Um Novo Cenário de Cooperação
A entrada da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia sublinha uma realidade inegável: a união entre os adversários dos Estados Unidos está se intensificando. Os aliados da América, por sua vez, buscam se reunir. Nos últimos anos, os EUA lideraram essa iniciativa. Formaram o AUKUS em 2021, que une Austrália, Reino Unido e Estados Unidos em uma aliança de segurança. Em 2022, a OTAN começou a incluir países asiáticos em suas cúpulas anuais, e em 2024, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia criaram uma coalizão para reduzir a dependência da China em cadeias de suprimento farmacêuticas.
A Mudança de Foco da Política Externa dos EUA
Entretanto, os Estados Unidos atualmente parecem estar adotando uma abordagem mais limitada em relação à competição entre potências. Recentemente, Elbridge Colby, o subsecretário de defesa para política, desincentivou aliados britânicos a enviarem um porta-aviões ao Indo-Pacífico, sugerindo que a prioridade deveria ser dada a ameaças mais próximas, especialmente a Rússia. Essa visão retrógrada pode ser inadequada para o desafio atual, onde China e Rússia estão consolidando suas ações em um espaço cada vez mais interconectado.
O que ocorre em uma região pode e deve afetar a outra. As crises estão começando a transbordar de um continente para outro, e a interdependência entre os desafios apresentados por Pequim e Moscou é inegável. Para que os EUA continuem influentes, será vital que eles não apenas aceitem essas novas redes de colaboração entre seus aliados, mas que se envolvam ativamente nelas, moldando a nova ordem emergente em vez de resistir a ela.
Unidade entre Aliados: A Chave para a Segurança Global
A primazia americana está intimamente ligada à segurança na Ásia e na Europa. Nicholas Spykman, um influente cientista político, já dizia na década de 1940 que “quem controla as bordas do continente controla a Eurásia”. Todos os presidentes americanos desde então—exceto Donald Trump—concordaram com essa máxima, reconhecendo que a emergência de um bloco eurasiano forte poderia ameaçar os interesses dos EUA. No século passado, essa ameaça levou os EUA a se envolver em guerras mundiais devastadoras.
Porém, a relação dos EUA com seus aliados está mudando. Os desafios enfrentados agora não são mais apenas de adversidades regionais, mas sim de uma sinergia transnacional entre potências hostis, como China e Rússia. A crescente colaboração entre esses países está se mostrando uma ameaça séria que exige uma resposta unificada do Ocidente.
Perspectivas de Conflito Multiteatral
As operações em “zonas cinzentas” empreendidas por China e Rússia incluem tentativas de intimidação e desestabilização de aliados ocidentais. Exemplos disso são as patrulhas aéreas conjuntas que visam Japão e Coreia do Sul, assim como ataques cibernéticos que buscam desestabilizar a infraestrutura europeia.
- Patrulhas aéreas conjuntas da China e da Rússia ameaçando aliados no Pacífico.
- Ciberataques que visam desativar infraestruturas vitais na Europa.
Essa sinergia transnacional aumentou o potencial para conflitos regionais, onde um ataque a um aliado dos EUA pode rapidamente escalar para um conflito mais amplo envolvendo outras nações. O Departamento de Defesa dos EUA prevê que tensões com um adversário rapidamente poderiam atrair outros. Portanto, é imperativo para Washington que se prepare para esta ameaça conjunta.
Movimentação dos Aliados: Colaboração Vital
Na prática, essa vulnerabilidade é reconhecida por aliados que já estão se unindo de maneiras inovadoras. Por exemplo, na Ucrânia, enquanto a Rússia oferece apoio militar à Coreia do Norte, parceiros da NATO têm colaborado com Austrália, Japão e Coreia do Sul na reposição de estoques fundamentais para a defesa ucraniana.
Essas colaborações marcam um novo patamar na relação entre os aliados. Ao olhar para o futuro, é essencial que os EUA liderem essa integração, desenvolvendo novas fábricas de munição e aprimorando a prontidão militar em diversos teatros de operações.
Um Convite à Ação
Com a crescente cooperação entre as nações asiáticas e europeias, os EUA têm a oportunidade de se reintegrar e se posicionar como catalisador dessa nova rede de alianças. Um exemplo é a aproximação da União Europeia com países do Indo-Pacífico, buscando fortalecer laços comerciais e de segurança.
- Novas parcerias de segurança entre a UE e países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul.
- Cooperação em vigilância marítima no Oceano Índico, envolvendo França, Índia e outros aliados.
As nações devem unir forças, criando uma frente coesa que contraponha a força de um bloco eurasiano emergente, impulsionado por China e Rússia. Essa tarefa se torna mais urgente ao considerarmos que o tempo para se preparar é limitado.
A Importância da Liderança Americana
O envolvimento dos EUA é crucial. Um novo enfoque nas relações intercontinentais, que inclua cooperações diversificadas e estratégicas, pode evitar que os aliados fiquem à mercê de alianças adversárias. Como observam muitos analistas, a força conjunta e a coordenação militar mútua são essenciais para enfrentar essa nova era de insegurança.
Sem a liderança proativa dos EUA, os aliados poderão seguir adiante sem a coordenação necessária para garantir efetivamente a defesa mútua e a proteção contra possíveis conflitos em múltiplos teatros. O futuro dos laços de segurança no mundo depende de como Washington se posicionará frente a este novo cenário geopolítico.
Reflexões Finais
O cenário geopolítico contemporâneo exige uma reflexão profunda sobre o papel dos Estados Unidos em suas alianças globais. À medida que os desafios se intensificam, o foco na colaboração e na construção de redes de segurança interconectadas será fundamental. O mundo está mudando, e a necessidade de adaptação e resposta eficaz não poderia ser mais urgente. Como você vê o papel dos EUA nesse novo contexto? A sua opinião é importante, compartilhe sua visão e contribua para esta discussão!