Gestão de Márcio Pochmann no IBGE: Crise e Conflitos Internos
A administração do economista Márcio Pochmann à frente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se encontra em uma situação delicada. Ele enfrenta uma intensa crise interna, marcada pela forte oposição de funcionários e diretores do órgão. Mais de 600 servidores, incluindo cerca de 300 ocupantes de cargos de liderança, assinaram uma carta aberta solicitando a saída de Pochmann e denunciando práticas autoritárias que, segundo eles, ameaçam a missão institucional do IBGE.
Tensão em Ascensão: A Criação da Fundação IBGE+
A origem do descontentamento remonta à criação da Fundação IBGE+, uma entidade de direito público-privado, que foi estabelecida em julho e divulgada em setembro de 2024. Muitos funcionários enxergam essa fundação como um projeto que competiria diretamente com o IBGE, enfraquecendo sua função técnica e gerando espaço para interferências de natureza privada nas pesquisas oficiais.
Falta de Diálogo
Um dos pontos críticos da situação é a falta de diálogo. A decisão de criar essa fundação foi tomada sem o devido debate interno, gerando descontentamento generalizado entre os servidores. quando questionado sobre a crítica, Pochmann minimizou a insatisfação, argumentando que a fundação servia para buscar novos recursos em um cenário de “subfinanciamento” do instituto. Contudo, a resistência foi tamanha que a criação da fundação foi suspensa, embora o sindicato dos servidores (AssIBGE) insista na necessidade de uma revogação definitiva da medida.
Crise Aprofundada: Exonerações e Conflitos de Liderança
A crise se acentuou com o pedido de exonerações de diversos diretores. Até o presente momento, quatro diretores já deixaram seus cargos, afetados por desentendimentos com a presidência.
- Diretoria de Pesquisas: A saída da diretora, Elizabeth Hypolito, e do adjunto, João Hallak Neto, foi notória. Ambos alegaram falta de comunicação eficaz com Pochmann.
- Diretoria de Geociências: A diretora Ivone Lopes Batista e sua adjunta, Patrícia Amorim Vida Costa, também se desligaram. A troca de diretores evidencia um desgaste crescente nas relações entre a presidência e os técnicos do instituto.
Novas Nomeações
Com as mudanças na diretoria, o IBGE apresentou novos nomes para os cargos recém-vagos. Maria do Carmo Dias Bueno agora lidera a Diretoria de Geociências, enquanto Gustavo de Carvalho Cayres da Silva ocupa o cargo de diretor-adjunto. Essas alterações refletem a necessidade de reestruturação em um momento crítico para a instituição.
Críticas ao Estilo de Gestão
A gestão de Pochmann não tem sido bem vista, especialmente pelo seu estilo considerado autoritário. Relatos de servidores indicam que ele opta por uma postura de confronto, atribuindo as reclamações internas a interesses políticos e denunciando a desinformação promovida pelo sindicato. Além disso, algumas decisões, como a suspensão do trabalho remoto e a mudança da sede do IBGE no Rio de Janeiro, foram feitas sem consulta aos funcionários, o que reforçou o descontentamento.
Acusações e Medidas Antissindicais
O ambiente interno é ainda mais tenso devido a alegações de medidas antissindicais. A AssIBGE denunciou tentativas de criminalizar as greves e exigência para que o sindicato retirasse a sigla “IBGE” de seu nome. Em resposta, Pochmann solicitou ao Ministério Público investigações sobre supostas atividades paralelas de servidores, o que intensificou a insatisfação.
Pochmann em Campo: Viagens e Negativas
Apesar do clima tumultuado, Pochmann persiste em suas atividades, negando qualquer tipo de perseguição e defendendo que sua gestão busca modernizar o instituto. Em meio à pressão crescente para sua saída, ele se dedica a uma série de viagens pelo Brasil, apresentando o planejamento do IBGE para 2025. Entretanto, o sindicato critica essas iniciativas, argumentando que as decisões estão sendo tomadas sem a devida consulta aos envolvidos.
Voz da Comunicação: Profissionais se Manifestam
A crise também se espalha para a equipe de comunicação do IBGE. Recentemente, uma carta aberta denunciou a condução da comunicação institucional como autoritária e politizada. Profissionais afirmam que a gestão de Pochmann tem sobrecarregado os servidores com uma quantidade excessiva de propaganda sobre sua própria administração, prejudicando a divulgação de dados vitais como PIB, inflação e desemprego.
- Turnês Oportunistas: As viagens de Pochmann pelo país são vistas como ações para agendas paralelas, resultando em gastos excessivos com passagens e diárias.
- Nomeações Controversas: Também há críticas relacionadas à nomeação de pessoas focadas em promover a gestão de Pochmann no lugar de priorizar as atividades essenciais do IBGE.
O Palácio do Planalto e o Futuro de Pochmann
O governo federal, por meio do Palácio do Planalto, está atenta à crise e ao impacto que a disputa entre Pochmann e os servidores pode ter na imagem do IBGE. Apesar das várias pressões para a destituição de Pochmann, o presidente Lula decidiu manter sua posição, respaldado pelo apoio da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Monitoramento da Situação
Nas últimas reuniões, foi discutido como a situação poderá afetar a credibilidade da instituição a longo prazo. O ministro do Planejamento, Simone Tebet, se reuniu com Pochmann para discutir o cenário, mas as denúncias de um estilo de gestão autoritário e a carência de diálogo continuam a ser temas recorrentes nas reclamações dos servidores.
Reflexão sobre a Gestão do IBGE
A crise que envolve a gestão de Márcio Pochmann no IBGE levanta questões importantes sobre liderança, comunicação e a função de instituições públicas em momentos de tensões internas.
Como a sociedade pode acompanhar a evolução desse conflito? Qual o impacto que uma administração sem diálogo pode ter na coleta de dados essenciais para as políticas públicas?
Esses questionamentos refletem a necessidade de um ambiente de trabalho que valorize a contribuição e a opinião de todos os envolvidos. A percepção dos servidores é fundamental para garantir a integridade e a credibilidade do IBGE, um órgão essencial para o desenvolvimento do Brasil. Que novas soluções e um diálogo aberto possam surgir para superar esse desafio e restabelecer a confiança no instituto.
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