A Nova Era das Tarifas: Como os Acordos de Segurança Econômica Podem Transformar o Comércio Global

Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou uma grande agitação na economia global ao anunciar tarifas abrangentes contra o Canadá, China e México, três dos maiores parceiros comerciais dos EUA. Apesar do cancelamento de boa parte dessas tarifas após intensas negociações, a ação de Trump deixou claro que as tarifas, seja na forma de imposições ou ameaças, fazem parte fundamental de sua política externa. Essa decisão gerou preocupações entre líderes de indústrias e economistas, que alertaram sobre os riscos de cadeias de suprimentos comprometidas e preços elevados para os consumidores e empresas norte-americanas.

O Contexto da Segurança Econômica

Nos últimos anos, o cenário econômico global tornou-se estagnado, incapaz de atender adequadamente as principais preocupações dos Estados Unidos. A questão da segurança econômica – a ideia de que o governo deve intervir ativamente na economia global para aumentar a resiliência e lidar com riscos à segurança nacional – emergiu como um objetivo central da política econômica internacional dos EUA.

Um Novo Paradigma

A interdependência econômica, que uma vez foi vista como uma vantagem, agora é vista com cautela, especialmente após eventos como a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, que revelou as vulnerabilidades associadas a essa dependência. Consequentemente, a proteção da economia americana se tornou um ponto de consenso bipartidário em Washington. Políticas como sanções, revisões de cadeias de suprimentos e controles de exportação refletem essa nova abordagem.

Neste novo cenário, muitos dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos também estão priorizando a segurança econômica. No entanto, os acordos atuais de comércio e investimento geralmente tratam essa questão como algo secundário. Isso precisa mudar. É crucial que os EUA trabalhem com aliados que compartilhem a mesma visão para colocar a segurança econômica no centro de um novo projeto econômico internacional que complemente o sistema de mercado aberto.

A Importância dos Acordos de Segurança Econômica

Os acordos de segurança econômica têm um potencial transformador. Eles devem combinar políticas defensivas, como tarifas e controles de exportação, com ações proativas que reduzam as barreiras comerciais entre aliados em setores críticos. Esses acordos não apenas fortaleceriam a cooperação econômica, mas também coordenariam de maneira mais eficaz a resposta a rivais externos, especialmente a China.

• Compromissos Claros: Os EUA e seus parceiros deverão fazer compromissos abrangentes em questões amplas, incluindo coibir a coerção econômica da China e suas práticas de produção desleal, como subsídios massivos.

• Busca por Novos Mercados: À medida que os Estados Unidos e seus aliados fortalecem suas estratégias de segurança econômica, será essencial buscar mercados em setores críticos, como microchips e energia.

A Natureza Dinâmica da Segurança Econômica

Um Movimento em Crescimento

Nos últimos anos, diversos fatores como a Grande Recessão, a pandemia de COVID-19 e desastres naturais acentuaram as fragilidades da economia global. A resposta ocidental à invasão russa da Ucrânia, que incluiu sanções severas, é um exemplo claro de como a segurança econômica está se tornando uma prioridade.

A preocupação com a dependência econômica da China se intensifica entre os aliados asiáticos dos EUA, enquanto a Europa também busca limitar sua dependência em relação a Pequim. Durante a cúpula do G-7 de 2023, os países membros sinalizaram seu desejo de alinhar políticas para enfrentar desafios que surgem da interdependência econômica.

A Crise do Sistema Atual

O sistema econômico global, atualmente pautado por regras que garantem a abertura, permite que os países se desviem temporariamente das normas em questões de segurança nacional. No entanto, essa abordagem está se tornando defasada, pois cada vez mais atividades econômicas são tratadas como questões de segurança. A consequência disso é um aumento no uso de medidas econômicas coercitivas, como sanções e controles de exportação, que, embora visem proteger a segurança nacional, podem prejudicar o sistema econômico global como um todo.

O Caminho a Seguir

Estratégias para Acordos de Segurança Econômica

É imperativo que a administração Trump busque acordos de segurança econômica que reflitam a rede de alianças e parcerias de segurança dos Estados Unidos. Isso envolve integrar políticas defensivas e proativas de maneira alinhada, de modo que os acordos internos se tornem instrumentos efetivos de proteção econômica.

• Cooperação em Setores Críticos: Os acordos devem abranger setores como semicondutores e inteligência artificial, permitindo que os aliados aproveitem suas ferramentas de política para atender a objetivos de segurança comum.

• Combate à Coerção Econômica: A China tem utilizado sua força econômica para pressionar outros países a seguir suas diretrizes. Os acordos devem formalizar respostas cooperativas a tais ações, garantindo que os países envolvidos tenham um plano de ação em eventos de coerção.

Ações Concretas e Exemplos Práticos

Existem várias áreas onde os Estados Unidos e seus aliados podem aprofundar a cooperação:

• Combate à Sobrecapacidade: O fenômeno de superprodução da China, que prejudica a competitividade global, deve ser enfrentado de maneira colaborativa.

• Alinhamento em Sanções e Controles: A efetividade de sanções e outros controles pode ser reforçada se os países signatários se comprometerem a manter autoridades nacionais que possam agir em conjunto.

Oportunidades de Negócio

O fortalecimento da relação econômica entre os Estados Unidos e seus principais aliados deve ser visto como uma prioridade. Relações com países como Austrália, Japão e Reino Unido são oportunidades ideais para desenvolver esses acordos de segurança econômica.

A atualização do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) pode ser uma oportunidade concreta para integrar esses novos princípios de segurança econômica. O setor automotivo, que já é altamente interconectado nas Américas, deve ser uma preocupação na negociação, com foco em evitar que montadoras de propriedade chinesa tenham acesso ao mercado de maneira prejudicial.

Perspectivas Futuras

À medida que a administração Trump utiliza a estratégia das tarifas, as empresas americanas e negociadores internacionais se preparam para um cenário de confrontos comerciais. No entanto, essa abordagem pode também abrir portas para acordos inovadores que transformem a ordem econômica internacional atualmente defasada. É vital que os esforços sejam direcionados ao enfrentamento das manobras da China, utilizando acordos de segurança econômica para moldar um futuro mais estável para a economia global.

Ao refletir sobre esses temas, convido você a pensar sobre a importância de uma abordagem colaborativa em meio a desafios globais. Como você acredita que a interdependência econômica pode ser recalibrada para o bem dos países envolvidos? Compartilhe suas opiniões e percepções sobre este tema, e vamos juntos acompanhar essa nova fase nas relações comerciais internacionais.