O Mercado Imobiliário Chinês em Queda: O Que Isso Significa?
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Recentemente, dados oficiais da China, divulgados em 16 de junho, revelaram uma realidade preocupante: os preços das casas novas nas principais cidades do país caíram em maio, dando continuidade a um período de estagnação que já perdura por dois anos. Essa situação, que afeta diretamente a confiança dos consumidores e investidores, traz à tona uma série de reflexões sobre os impactos da guerra comercial com os Estados Unidos e a saúde geral da economia chinesa.
Queda nos Preços e o Cenário Econômico
Os números são alarmantes. As quatro principais cidades da China vivenciaram uma diminuição de 0,2% nos preços dos imóveis residenciais novos em maio, um retrocesso que também se estendeu para cidades de segundo e terceiro níveis, cuja queda foi de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Com isso, a média dos preços das novas casas em 70 cidades também registrou uma diminuição de 0,2% em comparação ao mês anterior, segundo a análise de Wang Zhonghua, estatístico-chefe do Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS).
Uma Crise Que Não Para de Crescer
Desde maio de 2023, os preços dos imóveis continuam a cair, mesmo diante dos esforços do governo para revitalizar um setor que já foi um dos pilares da segunda maior economia do mundo. É importante destacar que entre as principais cidades observadas, 53 registraram quedas nos preços, um aumento em relação às 45 cidades que enfrentaram a mesma situação no mês anterior.
Para conter esse cenário crítico, a China implementou diversas medidas em maio, como a redução nas taxas de juros das hipotecas para alguns compradores. Essa estratégia visa tentar reverter uma crise imobiliária que teve início em 2021, quando muitas incorporadoras endividadas começaram a enfrentar dificuldades financeiras, afetando ainda mais a confiança do público em relação ao setor.
"Estabilizar os preços das moradias continua sendo uma meta crucial, pois os imóveis representam de 60% a 70% do patrimônio das famílias chinesas,” afirma Lynn Song, economista da ING Economics. “Enquanto isso não mudar, é difícil esperar uma recuperação significativa e duradoura da confiança.”
Impacto dos Dados Econômicos e Desafios Futuros
A análise da ING aponta que os preços no mercado primário caíram 10,2% desde meados de 2021, enquanto no mercado secundário, a queda foi ainda mais acentuada, atingindo 17,8%. Esses números refletem não apenas a crise imobiliária, mas também as pressões internas e externas que a economia chinesa enfrenta.
Produção Industrial em Desaceleração
Juntamente com os desafios do mercado imobiliário, a produção industrial também mostrou sinais de fraqueza. Os dados publicados pelo NBS indicaram um crescimento de 5,8% em maio em relação ao ano anterior, embora abaixo das expectativas de analistas que projetavam um aumento de 5,9%. Este número é o menor desde novembro de 2024 e levanta questões sobre a recuperação econômica do país.
As vendas no varejo, por outro lado, tiveram um desempenho melhor, aumentando 6,4% em maio, superando as expectativas de crescimento de 5%. Fu Linghui, porta-voz do departamento de estatísticas, clasificou essa melhora como resultado de gastos durante o feriado do Dia do Trabalho e um importante evento anual de compras online, o festival 618, que trouxe grandes promoções nas plataformas de e-commerce do país.
Pressões Externas e Seus Efeitos
Fu também destacou que a economia chinesa “mantém um ritmo constante sob pressão”, mas reconhece que existem sérios desafios para alcançar as metas de crescimento econômico no segundo trimestre. Ele alertou sobre as dificuldades que o ambiente externo traz, pois os fatores econômicos globais se tornam cada vez mais incertos e complicados.
Huang Zichun, economista da Capital Economics, prevê que o crescimento econômico da China desacelere ao longo deste ano, atribuindo essa situação às altas tarifas que os EUA continuam a impor, além de um suporte fiscal enfraquecido e desafios estruturais persistentes.
“A recente trégua comercial entre os EUA e a China não foi suficiente para evitar uma queda geral do impulso econômico no último mês,” afirmou Huang.
Na busca por soluções, o acordo comercial de 90 dias estabelecido em Genebra em maio parece não ter trazido os resultados esperados. Embora ambas as nações tenham reduzido tarifas, os dados mostram que as exportações da China para os EUA caíram 34,5% em dólares em relação ao ano anterior, marcando a maior queda em mais de cinco anos.
O Futuro Econômico da China
Os desafios econômicos enfrentados pela China são complexos. A estabilização do setor imobiliário e a recuperação da produção industrial são tarefas urgentes que o governo precisa abordar. No entanto, o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e o clima econômico global continuam a ser um obstáculo significativo.
Além disso, a confiabilidade dos dados econômicos da China tem sido questionada. Gao Shanwen, economista-chefe da SDIC Securities, estimou que o crescimento do PIB do país poderia ter sido superestimado em até 10 pontos percentuais entre 2021 e 2023. Esta falta de clareza levanta dúvidas sobre a verdadeira saúde da economia chinesa.
Reflexões Finais
O atual estado do mercado imobiliário e da economia chinesa traz à tona a necessidade de um olhar atento sobre os próximos passos do governo. A combinação de medidas para estabilizar o mercado de imóveis e enfrentar as dificuldades econômicas globais será essencial para restaurar a confiança entre os consumidores e investidores.
Você, como observador da economia, o que pensa sobre a forma como a China está lidando com essa crise? Suas opiniões e análises podem enriquecer esta discussão sobre o futuro econômico de uma das maiores potências do mundo. Compartilhe seus pensamentos e ajude a criar um espaço para o diálogo crítico sobre os desafios e as potencialidades da economia chinesa.
Vamos continuar acompanhando e analisando os desdobramentos dessa situação. O que vem a seguir para o gigante asiático?