Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A Libertação de Prisioneiros em Cuba e o Novo Panorama Político
LA GUINERA, Cuba — Na quarta-feira, Cuba deu um importante passo ao iniciar a libertação de prisioneiros que foram detidos durante os protestos contra o governo em 2021. Essa decisão faz parte de um acordo estabelecido com o governo Biden, que foi formalizado recentemente.
Um dia antes, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a remoção de Cuba de uma lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo. A reavaliação veio junto com a reversão de várias sanções que haviam sido impostas por Donald Trump durante sua presidência, sanções que contribuíram para a severa crise econômica enfrentada pela ilha nos últimos anos.
Reações às Mudanças e o Clamor por Liberdade
Horas após o anúncio americano, Miguel Díaz-Canel, o presidente cubano, declarou que o país começaria a libertar, de forma “gradual”, 553 prisioneiros, resultado de conversas com o Vaticano.
No bairro de La Guinera, uma das áreas mais afetadas e pobres de Havana, a atmosfera estava carregada de emoção. Dariel Cruz Garcia, de 23 anos, caminhou ao lado de sua mãe, recebendo abraços de vizinhos e amigos. Cruz Garcia teve sua pena de 15 anos por sedição reduzida, mas sua libertação não significou o perdão total. “Fugi do inferno para ficar com minha família. Vou me comportar bem para seguir em frente”, afirmou.
O jovem relatou que outros prisioneiros, que também haviam sido condenados pelos protestos de 2021, receberam a notícia da libertação na mesma noite. Segundo Maricela Sosa, vice-presidente do Supremo Tribunal de Cuba, os libertados estarão sob vigilância e podem ser novamente detidos caso descumpram as regras de sua liberdade condicional. “Isso não é uma anistia nem um perdão”, destacou Sosa em pronunciamento na televisão estatal.
Os Protestos de 2021 e o Impacto nos Direitos Humanos
Os protestos de julho de 2021 foram significativos, marcando a maior mobilização popular desde a revolução de Fidel Castro em 1959. Milhares de cubanos foram às ruas em várias cidades, clamando por melhores condições de vida em meio à escassez de alimentos, remédios e eletricidade, exacerbada pela pandemia de COVID-19.
- Mais de 1.000 pessoas foram detidas após os protestos, segundo grupos de direitos humanos.
- O governo cubano justificou as prisões, alegando que os detidos estavam envolvidos em crimes como incêndio criminoso, vandalismo e sedição.
A Esperança e a Ansiedade em La Guinera
Pelo meio da tarde, observadores de direitos humanos relataram que pelo menos 15 prisioneiros já haviam sido libertados. Em La Guinera, o clima de expectativa era palpável. Famí- lias se reuniam nos pátios, conversando sobre a notícias da liberação.
A mãe de Dariel expressou alívio por ter seu filho em casa, mas seu coração se partiu ao lembrar dos vizinhos que ainda aguardam por notícias de seus entes queridos. “Eles estão desesperados, todos esperando ansiosamente por notícias de seus filhos”, disse a mulher, com lágrimas nos olhos.
Conversando com outras famílias, como a de Emilio Roman, de 53 anos, que tem três filhos presos, a indignação é clara. “Esses jovens não merecem longas sentenças. É um abuso do governo”, desabafou, visivelmente emocionado.
Repercussões e o Futuro das Relações EUA-Cuba
O que as ações de Biden representam para o futuro das relações entre EUA e Cuba? Se estas medidas forem mantidas pelo próximo governo, será a maior aproximação desde a época de Obama. Embora Trump tenha criticado severamente Cuba, ao declarar a ilha como patrocinadora estatal do terrorismo em 2021, sua posição futura ainda é incerta. Durante uma audiência de confirmação, Marco Rubio, escolhido por Trump para ser o Secretário de Estado, enfatizou que nenhum acordo é irreversível, insinuando que futuras administrações poderiam reverter as decisões atuais.
Um Novo Capítulo para Cuba?
A libertação dos prisioneiros é um movimento significativo que pode sinalizar um novo capítulo nas relações de Cuba tanto internamente quanto internacionalmente. Espera-se que, ao facilitar o diálogo e promover medidas de confiança, novos passos possam ser dados para reconstruir um país que clama por mudanças.
Enquanto isso, as famílias em La Guinera, assim como em outras partes de Cuba, sentem a dualidade da situação: a alegria pela liberdade de alguns, misturada à dor e apreensão pela incerteza que ainda persiste na vida de muitos outros. O futuro é um mistério, mas para muitos, a esperança é a luz que ilumina o caminho a seguir.
Por Dave Sherwood e Mario Fuentes
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