COP30: Acordo Climático Sem Compromisso com Combustíveis Fósseis

Antonio Scorza_COP30
No fim da tarde do último sábado (22), a presidência brasileira da COP30 anunciou um acordo climático que promete aumentar o financiamento para os países em desenvolvimento. Contudo, algo chamou a atenção: a ausência de qualquer referência aos combustíveis fósseis, um dos principais vilões das emissões que aceleram o aquecimento global.
A Busca por Unidade em Tempos Difíceis
O Brasil, ao garantir essa importante decisão, buscou reforçar a ideia de unidade global frente aos perigos da mudança climática, mesmo diante da ausência de uma delegação oficial dos Estados Unidos, que é o maior emissor histórico de gases de efeito estufa. Essa situação foi um reflexo do ambiente polarizado que permeou o evento.
Esse acordo foi alcançado após longas e tensas duas semanas de discussões na cidade amazônica de Belém, onde divergências profundas sobre as estratégias futuras para enfrentar a crise climática vieram à tona.
André Corrêa do Lago, presidente da COP30, reconheceu a complexidade das negociações. “Sabemos que alguns de vocês tinham ambições maiores para algumas das questões em pauta”, comentou, refletindo o descontentamento que ainda pairava no ar.
Críticas e Descontentamento
A conclusão do evento não foi unânime. Diversos países expressaram sua frustração com a falta de compromissos mais robustos relacionados ao controle dos gases de efeito estufa e à exclusão dos combustíveis fósseis do debate. Países como Colômbia, Panamá e Uruguai foram os que levantaram vozes críticas durante a plenária, destacando que um acordo que ignora a ciência não poderia ser considerado eficaz.
A clara oposição da Colômbia se mostrou emblemática. Sua negociadora destacou que um “consenso imposto sob o negacionismo climático é um acordo fracassado”. O grupo de países que levantou preocupações se juntou à União Europeia, que reivindicou uma linguagem mais firme em relação à transição energética.
Por outro lado, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, se opôs a qualquer menção a combustíveis fósseis, levando a um impasse que adiou conclusões necessárias.
Após longas discussões, a União Europeia decidiu não bloquear a finalização do acordo, mas deixou claro que não estava satisfeita com os resultados. O comissário climático Wopke Hoekstra afirmou que, apesar de tudo, apoiar o acordo era essencial, já que ele indicava uma direção positiva.
Financiamento em Foco
Um dos pontos mais destacados do acordo foi a iniciativa de aumentar o financiamento climático. O compromisso inclui o desejo de que países desenvolvidos tripliquem os recursos fornecidos aos países em desenvolvimento até 2035 para que estes possam se adaptar às consequências adversas da mudança climática, como aumento dos níveis do mar, ondas de calor, secas e inundações.
A pressão por recursos é intensa, e os países em desenvolvimento veem essa assistência como urgente. Avinash Persaud, consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, ressaltou a importância desse foco em financiamento, embora expressasse preocupação com a lentidão na liberação de verbas para perdas e danos.
A Questão dos Combustíveis Fósseis
A questão dos combustíveis fósseis gerou um impasse, com a discordância entre a União Europeia e o Grupo Árabe de nações atrasando as negociações. Na manhã de sábado, a presidência optou por não incluir um texto sobre combustíveis fósseis no acordo principal, mantendo-o paralelo por falta de consenso.
Corrêa do Lago pediu aos países que continuem as discussões sobre essa e outras questões pertinentes, como a proteção das florestas e a necessidade de alinhar o comércio internacional a ações climáticas. Existem crescentes preocupações de que barreiras comerciais possam limitar a adoção de tecnologias limpas, algo que precisa ser resolvido com urgência.
Reflexões Finais
A COP30 se encerrou com uma sensação mista de esperança e insatisfação. A busca por um mundo mais sustentável requer ações concretas e compromissos alinhados entre todas as nações. A comunidade global está em um ponto decisivo onde as decisiones precisam ser firmes e voltadas para um futuro que priorize a preservação do planeta.
Enquanto isso, o clamor por um pacto mais ousado e comprometido com a realidade das mudanças climáticas continua. A pergunta que fica é: até quando vamos adiar ações que poderiam fazer a diferença? É vital que todos os envolvidos mantenham o diálogo e busquem soluções mais eficazes.
Agora, mais do que nunca, cada um de nós deve fazer sua parte. O que você acha das decisões da COP30? Compartilhe suas reflexões e ajude a promover uma discussão saudável e construtiva!




