domingo, dezembro 22, 2024

Desafios à Vista: Por Que as Ações da CSN e CSN Mineração Estão Em Queda?


Desempenho das Ações da CSN e Perspectivas Futuras

Nesta quinta-feira (12), as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) e de sua subsidiária CSN Mineração (CMIN3) apresentaram uma queda de 1,73% e 1,21%, respectivamente. Essa pressão no mercado ocorreu logo após a realização do Investidor Day 2024, um evento importante para a companhia.

Durante essa ocasião, o CEO Benjamin Steinbruch, acompanhado pelos CFOs Marco Rabello e Pedro Oliva, detalhou metas ambiciosas da empresa para o futuro. Entre os objetivos destacados, estão esforços para reduzir a alavancagem, desacelerar investimentos (Capex) e buscar a conquista do grau de investimento junto às principais agências de classificação de risco, como S&P, Moody’s e Fitch.

No entanto, especialistas do setor levantam a bandeira vermelha, afirmando que essas metas ainda estão distantes da realidade atual da empresa.

Alterações Nas Projeções de Produção

A revisão das projeções de produção na divisão de mineração, a “joia da coroa” da CSN, foi um dos pontos que mais causou polêmica entre os investidores. A nova previsão para o período de 2027 a 2030 é de que a produção varie entre 43,5 a 65 milhões de toneladas (Mt), uma queda significativa em relação ao guidance anterior, que estipulava 53 a 68 Mt. Este ajuste já leva em conta projetos de expansão relevantes, como o Itabirito P15, que começará suas operações em 2027 e terá uma capacidade de 16,5 Mt, além da recuperação de rejeitos do projeto B4, com adição de 2,5 Mt no mesmo ano. Apesar destes planos, essa revisão levanta preocupações sobre o impacto na geração de caixa livre (FCF).

Outro ponto que gerou ceticismo entre investidores foi a expectativa otimista da CSN para os preços do minério de ferro em 2025, almejando valores entre US$ 100 e US$ 110 por tonelada. Contudo, muitos analistas acreditam que esses preços ficarão abaixo de US$ 100/t, conforme indicam as previsões, que giram em torno de US$ 99/t.

Custo de Produção e suas Implicações

O custo de produção, que se mantém estável entre US$ 21,5 e 23/t, também foi um ponto de frustração. Esperava-se uma redução mais acentuada, especialmente quando comparada à Vale, que projeta uma queda de 6,8% no mesmo indicador. Embora o projeto Itabirito P15 tenha o potencial de gerar um Ebitda adicional de R$ 4,6 bilhões, as incertezas relacionadas aos preços futuros do minério ainda ameaçam parte desse potencial de crescimento.

Projeções para o Setor de Aço e Cimento

Em relação à divisão de aço, a CSN espera uma recuperação gradual em 2025. Os preços médios devem ser mais altos em mercados como os Estados Unidos (US$ 900/t, um aumento em comparação com US$ 743/t em 2024) e na China (US$ 580/t, versus US$ 478/t). No Brasil, as previsões apontam um crescimento de 3,2% no consumo aparente de aços planos e um aumento de 3,8% para aços longos. No entanto, a elevada participação de aços importados no mercado interno, que pode alcançar 22% do consumo em 2024, levanta preocupações sobre a eficácia de medidas de defesa comercial, como quotas e aumentos de impostos.

Por outro lado, a divisão de cimentos destacou-se com um desempenho positivo, apresentando previsões otimistas. A companhia também anunciou uma redução em seu Capex de expansão, que diminuirá de R$ 15,2 bilhões (2025-2028) para R$ 13,2 bilhões (2025-2030). Essa redução alivia pressões sobre o fluxo de caixa e contribui para manter baixos índices de alavancagem.

Durante o Investidor Day, a CSN reafirmou seu compromisso com dividendos atrativos, destinando entre 80% e 100% do lucro para os acionistas—um ponto que reitera seu histórico de retorno, com R$ 16,9 bilhões em distribuições desde sua abertura de capital.

Análise das Recomendações e Preços-Alvo

Os analistas da XP Investimentos mantêm uma perspectiva neutra sobre as ações da CSN e de sua subsidiária CMIN. Essa cautela se origina de duas preocupações principais: a projeção pouco otimista para os preços do minério de ferro, afetada pela fraca recuperação do setor imobiliário na China, e a pressão constante sobre os preços do aço devido ao aumento da concorrência com produtos importados.

A XP observa que a crescente paridade de importação tem limitado a capacidade da CSN de implementar novos reajustes de preços. Esta situação é agravada pelo crescimento das importações no mercado nacional, o que dificulta a recuperação das margens de lucro. Esse cenário resulta em uma visão cautelosa para as operações da empresa tanto no mercado interno quanto no internacional.

Em um relatório, a Genial Investimentos também reforça a recomendação de “Manter” para as ações da CSN, ajustando o preço-alvo para R$ 5,75, o que representa um potencial de alta de apenas 0,5%. Embora haja otimismo em relação ao segmento de cimentos, a meta de desalavancagem (3x dívida líquida/Ebitda) parece insuficiente para contrabalançar a posição atual de 3,3x no terceiro trimestre. Isso é corroborado pela alta taxa Selic, que está em 12,25%.

Por sua vez, o BTG também mantém uma postura cautelosa quanto à CSN. O banco ressalta que a geração de fluxo de caixa livre deve continuar sendo um desafio no médio prazo, apesar de sinais de recuperação da demanda interna. A capacidade de precificação ainda se apresenta limitada, especialmente em função da demanda chinesa e das pressões de importações.

Já o Bradesco BBI destaca que a empresa está focando em melhorar sua rentabilidade em todas as divisões e pretende manter a alavancagem abaixo de 3x dívida líquida/Ebitda. Contudo, a recomendação permanece neutra, com preço-alvo de R$ 15, pois a geração de fluxo de caixa livre continua pressionada devido a um elevado programa de Capex. Os analistas acreditam que os investidores precisarão de mais tempo para avaliar os benefícios e o Ebitda incremental dos projetos futuros.

Reflexões Finais

A CSN enfrenta um momento desafiador, com uma série de ajustes nas suas projeções e um ambiente de mercado que demanda cautela. As mudanças nas expectativas de produção, a análise do custo de produção e o impacto das importações no setor de aço são fatores que exigem bastante atenção de investidores e analistas. Enquanto a companhia mantém um compromisso com dividendos generosos e procura expandir suas operações, as incertezas quanto à demanda no mercado chinês e às pressões de concorrência representam desafios significativos.

Spotify está na hora de refletir sobre a trajetória da CSN. Como você vê o futuro da empresa? Será que as ações vão se recuperar ou você acredita que a tendência de queda vai persistir? Compartilhe sua opinião nos comentários e participe dessa conversa sobre o futuro da siderurgia brasileira!

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