sexta-feira, abril 25, 2025

Desaparecidos na Síria: A ONU Lança uma Corrida Contra o Tempo para Encontrar Vidas Perdidas


Dois meses após a queda do regime de Bashar al-Assad, a Síria inicia um novo capítulo em sua história, dedicando esforços significativos para localizar milhares de pessoas desaparecidas. Em uma recente visita ao país, a equipe da Instituição Independente sobre Pessoas Desaparecidas na Síria coletou depoimentos que revelam um panorama sombrio: “todo mundo conhece” alguém que se perdeu sem deixar vestígios.

Diálogo com o novo governo: um passo à frente

A chefe da Instituição, Karla Quintana, teve a oportunidade de se encontrar com o ministro das Relações Exteriores e Expatriados, além do vice-ministro responsável pelos Assuntos Humanitários. Durante essas reuniões, ela elogiou a disposição das novas autoridades em abordar a questão das pessoas desaparecidas, um sinal positivo em meio à incerteza política.

Além disso, a equipe se reuniu com o ministro da Justiça, o procurador-geral e o presidente da Comissão Síria para Assuntos da Família e População. Esses encontros são essenciais para fomentar uma colaboração eficaz entre a Instituição e o governo na busca por respostas sobre o destino das vítimas.

As visitas da equipe a locais devastados como Darayya e Tadamon, onde muitas famílias foram forçadas a deixar suas casas devido a atrocidades, serviram para fortalecer esse diálogo humanitário. Em Darayya, várias mulheres compartilharam que esta foi a primeira vez que alguém as questionou sobre os entes queridos que desapareceram. Essa abertura é um marco importante para a reconstrução da confiança em uma sociedade marcada pela dor e pelo sofrimento.

Karla Quintana (centro-direita), chefe da Instituição Independente, realiza reunião com organizações da sociedade civil em Damasco

Karla Quintana (centro-direita), chefe da Instituição Independente, em reunião com organizações da sociedade civil em Damasco.

Um passado difícil: 50 anos de opressão e 14 anos de conflitos

A equipe da Instituição também visitou a prisão de Sednaya, acompanhada por representantes da Associação de Detidos e Pessoas Desaparecidas. Este local carrega histórias de dor e injustiça, e a equipe teve a chance de observar o cemitério da Ponte de Bagdá, nos subúrbios de Damasco. Essas visitas são mais do que simples inspeções; elas simbolizam a busca por verdade em meio a um mar de desolação.

Em comunicado, a Instituição enfatizou que é crucial entender a “magnitude da tragédia acumulada ao longo de mais de cinco décadas de regime autoritário, incluindo 14 anos de guerra”. Conhecer a identidade dos desaparecidos é visto como o primeiro passo em direção a uma verdade que pode viabilizar uma paz duradoura. Essa abordagem reitera a ideia de que a justiça e o reconhecimento são fundamentais para a recuperação emocional e social do país.

Para muitos, este momento é uma oportunidade para cultivar a esperança. A recuperação de testemunhos e a capacidade de contar suas histórias são passos vitais que podem levar ao fortalecimento da sociedade civil. A Instituição acredita que a construção de confiança é fundamental para encorajar as famílias a compartilharem suas vivências e participarem ativamente no processo de cura.

Um projeto para o futuro: iniciativas em andamento

Durante as reuniões, a equipe teve a chance de ouvir dezenas de relatos de famílias, revelando suas lutas e preocupações em busca de seus entes desaparecidos. As histórias são tão diversificadas quanto dolorosas, mostrando que a dor da perda é um sentimento compartilhado por muitos.

Karla Quintana destacou a importância da instituição em apoiar a cooperação internacional, evidenciando que as soluções para essas questões delicadas devem emergir da realidade local, moldada pelo desejo do povo sírio por um futuro melhor. É nessa interação entre as instituições e a sociedade que reside a esperança de um novo amanhecer para o país.

Nos próximos dias, a Instituição Independente apresentará um projeto às autoridades, que ficará sob o escrutínio de funcionários e das famílias das vítimas. O enfoque é estabelecer um diálogo contínuo que ajude a esclarecer o destino dos desaparecidos e a organizar esforços conjuntos para uma mudança significativa.

O que significa isso para a Síria?

A criação deste mecanismo, pela Assembleia Geral da ONU em junho de 2023, com a missão de investigar o paradeiro das pessoas desaparecidas na Síria e apoiar as famílias e sobreviventes, destaca um compromisso global com os direitos humanos e a necessidade de accountability em situações de crise.

Esse processo é crucial não apenas para oferecer respostas, mas também para promover um ambiente em que as pessoas se sintam seguras ao partilhar suas histórias e experiências. Um ambiente de confiança pode transformar traumas em testemunhos de superação.

O caminho da esperança

A iniciativa da Instituição Independente sobre Pessoas Desaparecidas é um lembrete de que mesmo diante de tanta dor e incerteza, a esperança é uma força poderosa. Enquanto a Síria se esforça para reconstruir sua identidade e recuperar suas perdas, o apoio e a solidariedade internacional são mais essenciais do que nunca.

Os desafios ainda são imensos, mas a determinação em buscar a verdade e a justiça é o que pode iluminar o caminho para um futuro mais pacífico. E assim, ao refletirmos sobre a importância deste movimento, fica a pergunta: como podemos, como sociedade, contribuir para que essas vozes desaparecidas sejam finalmente ouvidas?

As histórias que emergem dessa busca são como sementes de esperança, convidando cada um de nós a nos unirmos em um esforço coletivo por justiça e reconhecimento. Compartilhe sua opinião e se junte a esse importante diálogo.

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