

Adaptação e tradução do artigo original da matriz americana do Epoch Times
Entendendo as Compensações na Economia
A economia, de forma simples, é um jogo de escolhas. Cada decisão que tomamos vem acompanhada de compensações. Você deseja mais de um produto, mas isso significa que terá que abrir mão de outro. Essa realidade é frequentemente negligenciada por quem não é economista.
Um exemplo clássico são os protecionistas, que defendem a imposição de tarifas para ajudar as indústrias americanas a se manterem competitivas em relação às suas concorrentes estrangeiras, alegando que isso também proporcionaria uma significativa arrecadação para os cofres públicos. No entanto, a visão dos economistas é bem diferente.
Tarifas e Suas Implicações
Os economistas alertam: se as tarifas forem baixas, as importações continuarão fluindo e o governo verá uma arrecadação moderada, sem beneficiar substancialmente os setores nacionais. Por outro lado, se as tarifas forem elevadas, as importações cairão drasticamente. Isso pode proteger as indústrias americanas, mas a receita resultante será limitada, pois muito pouco será importado.
De acordo com uma pesquisa feita por Mary Amiti, Stephen J. Redding e David E. Weinstein, no Jornal de Perspectivas Econômicas, as tarifas implementadas durante o governo Trump, em 2018, aumentaram a taxa tarifária média em 1,7 pontos percentuais, reduzindo as importações entre 1,3% e 5,9%. Eles estimam que a receita adicional gerada por essas tarifas alcançou aproximadamente US$ 15,6 bilhões apenas em 2018.
O Impacto nos Consumidores
Essas tarifas não apenas aumentaram a arrecadação, mas também impactaram os preços internos. A pesquisa apontou que a maior parte desse custo foi, em última análise, suportada pelos consumidores americanos. Em outras palavras, as tarifas arrecadadas basicamente vieram dos próprios cidadãos e não dos exportadores estrangeiros.

Considerando que as tarifas implementadas em 2018 não estiveram em vigor durante todo o ano, podemos estimar que, se mantidas, sua arrecadação anual poderia chegar a cerca de US$ 38,4 bilhões. Para efeito de comparação, o governo federal destinou cerca de US$ 6.900 bilhões em gastos em 2024. Assim, o impacto gerado por essas tarifas representa apenas 0,7% das despesas federais.
O Conceito de Perda de Peso Morto
Outro aspecto importante a ser considerado é a perda de peso morto associada a tarifas. Os economistas definem “perda de peso morto” como os ganhos comerciais não realizados que se perdem quando as tarifas elevam os preços no mercado interno. Uma tarifa mais alta pode proteger indústrias locais, mas também desencoraja as trocas comerciais, levando a uma queda no bem-estar econômico geral.
A mesma pesquisa de Amiti, Redding e Weinstein estima que as tarifas de 2018 provocaram uma perda de peso morto de cerca de US$ 8,2 bilhões. Multiplicando a perda estimada de um mês por doze, obtemos uma expectativa anual de perda de aproximadamente US$ 16,8 bilhões.

Isso se traduz em uma média de perda de cerca de US$ 156 por ano para cada família americana. Embora tarifas mais altas sejam vistas como uma maneira de proteger a indústria local, elas implicitamente aumentam o custo de vida para os cidadãos.
Alternativas às Tarifas
Um ponto interessante que frequentemente passa despercebido é a comparação entre a geração de receita por meio de tarifas e impostos sobre a renda. Caso o objetivo seja aumentar a arrecadação federal, seria viável tanto aumentar tarifas quanto impostos sobre a renda. Assim, quanto mais as tarifas forem empregadas, menor a necessidade de receita através de impostos diretos.
Entretanto, os EUA atualmente apresentam gastos excessivos. Uma taxa tarifária de 100% sobre as importações geraria apenas US$ 4,110 bilhões, muito aquém do orçamento federal de US$ 6.900 bilhões em 2024. Portanto, há espaço para uma troca: menos tarifas e mais dependência de impostos sobre a renda, ou vice-versa.
A Questão da Perda de Peso Morto
É importante notar que tanto tarifas quanto impostos sobre a renda acarretam perda de peso morto. A questão crucial é se a perda marginal gerada por tarifas excede a perda marginal ocasionada por taxas de impostos sobre a renda. Essa avalição é complexa, mas a baixa taxa tarifária em relação à alta carga tributária sobre a renda pode indicar que um aumento nas tarifas traria uma perda de peso morto maior do que uma redução nas alíquotas do imposto de renda.
Os dados de Amiti, Redding e Weinstein sugerem que as tarifas de 2018 causaram cerca de 44 centavos de perda de peso morto para cada dólar arrecadado. Por outro lado, um estudo de Martin Feldstein indicou que um aumento de 1% nas alíquotas do imposto de renda poderia gerar uma perda de peso morto de até 76 centavos por dólar arrecadado. Assim, é crucial considerar mais a fundo essas interações econômicas.
Reflexões Finais
Antes de chegar a uma conclusão acerca da eficiência das tarifas como mecanismo de arrecadação, é necessário considerar alguns fatores. Primeiramente, a perda de peso morto pode aumentar à medida que as taxas tarifárias se elevam. Segundo, tarifas retaliatórias de outros países podem incorrer custos adicionais que não foram analisados na pesquisa original. Essas tarifas podem, em última instância, impactar a economia americana de forma mais negativa do que se prevê.
Os dados apresentados aqui são principalmente estimativas e não devem ser confundidos com uma análise incisiva de políticas. Contudo, eles ressaltam a importância de considerar as trocas e compensações ao avaliar as tarifas. Os economistas frequentemente reconhecem que não se pode ter tudo; é preciso fazer escolhas ponderadas.
O dilema do crescimento da dívida pública nos EUA requer atenção e ação. Com gastos governamentais crescendo além do ritmo da economia, há uma necessidade urgente de controle fiscal. Isso nos leva à pergunta: como podemos aumentar a receita de maneira eficiente e justa? As opções variam desde deixar expirar leis de redução tributária a aumentar tarifas, mas a verdadeira solução deve estar alicerçada em uma análise cuidadosa das compensações envolvidas. O debate sobre a melhor abordagem deve incluir não somente os núcleos econômicos, mas também as vozes da sociedade civil. O que você pensa sobre isso? Compartilhe suas opiniões e continue essa conversa importante!
Instituto Americano de Pesquisa Econômica (Aier)
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, as opiniões do Epoch Times.