domingo, junho 8, 2025

Descubra a Jóia Escondida do Vinho da Europa Oriental: Um Tesouro para os Amantes da Bebida


vinhos

David JW Bailey

Caroline Gilby, especialista britânica em vinhos

Redescobrindo os Vinhos da Europa Oriental

Os vinhos da Europa Oriental, durante muito tempo esquecidos, estão finalmente recebendo a atenção que merecem. Durante décadas, muitos países dessa região foram forçados a cultivar vinhos praticamente sem valor, com foco em produções semidoces e fortificadas, destinadas principalmente à Rússia e suas ex-repúblicas. Um exemplo notável é a Moldávia, que possui vinícolas alinhadas a trilhos de trem, facilitando a exportação de seus produtos diretamente das portas das vinícolas.

Com a dissolução da União Soviética em 1991, o cenário vinícola passou por uma revolução impressionante. Vinícolas estatais e privadas precisaram adaptar suas técnicas e sabores para conquistar novos mercados e consumidores. Essa transformação teve um preço alto e os desafios enfrentados ao longo de 35 anos foram enormes.

Para mergulharmos de forma mais profunda nesse tema, conversamos com Caroline Gilby, uma das autoridades em vinhos da Europa Oriental e detentora do título de Master of Wine, concedido pelo Institute of Masters of Wine (IMW). Caroline é autora de obras como The Wines of Bulgaria, Romania and Moldova e Wines of Serbia: A New Chapter.

De onde veio sua paixão pelos vinhos da Europa Oriental?

Caroline conta que, ao iniciar sua jornada no mercado de vinhos no final da década de 1980, a demanda por vinhos da Europa Oriental era significativa no Reino Unido, embora pouco glamourosa. Designada para essa região, ela começou a explorar suas nuances e se viu cada vez mais fascinada pela transformação radical que estava ocorrendo.

Getty Images

Mapa estilizado da Europa Oriental

O que torna a Europa Oriental única?

Na visão de Caroline, mesmo nos anos 80, cada região já exibia suas particularidades. Os vinhos da Europa Oriental possuem uma qualidade impressionante, um valor inacreditável e histórias que remontam a raízes profundas. Esses fatores, somados ao desejo atual de autenticidade no consumo de vinhos, tornam essa região ainda mais relevante.

Explorando a Sérvia

O contato de Caroline com a Sérvia começou precocemente, nos anos 90, quando adquiriu um Cabernet Sauvignon e um Merlot de uma vinícola estatal. Segundo ela, a Sérvia é um verdadeiro mosaico de variedades de uvas, tanto internacionais quanto autênticas, dando origem a vinhos premiados em competições renomadas, como o Decanter World Wine Awards, refletindo o potencial maravilhoso do terroir local e a habilidade de seus viticultores.

O aprimoramento qualitativo

Como os outros países da região, a Sérvia enfrentou dificuldades após a era comunista. O processo de reestruturação, que incluiu a restituição de terras e a privatização, foi complicado. No entanto, os viticultores visionários começaram, a partir dos anos 90, a criar seus próprios vinhos, buscando qualidade e individualidade em vez de simplesmente volume.

Desafios no cenário vinícola

Apesar do crescimento, a Sérvia ainda consome mais vinho do que produz. Isso resulta em um forte mercado de importação, e embora os restaurantes estejam começando a prestigiar os vinhos locais, a competição com produtos importados ainda é acirrada. Outro fator limitante é a escassez de bons vinicultores, o que aponta a necessidade de um fortalecimento da cultura do vinho no país.

Variedades que merecem destaque

Dentre as uvas locais, a Prokupac se destaca como uma variedade emblemática, tradicionalmente associada a altos rendimentos, mas agora utilizada para criar vinhos elegantes e de corpo médio. Outra variedade autóctone, a Probus, tem se mostrado capaz de produzir vinhos ousados, com uma cor escura intensa e um sabor suculento.

No campo das uvas brancas, a Grašac brilha com seu potencial para criar vinhos de excepcional qualidade. Além disso, a rara uva Bagrina, resgatada da quase extinção, vem produzindo vinhos surpreendentes e empolgantes.

Desafios para a exportação

A maioria dos vinicultores sérvios ainda prioriza o mercado interno, mas há um crescente interesse em exportação. Embora os preços não sejam os mais baratos, eles oferecem uma excelente relação custo-benefício pela qualidade apresentada. Contudo, a falta de reconhecimento internacional complicam as exportações de um país que ainda é desconhecido por muitos.

Uma visão para o futuro da viticultura na Sérvia

Caroline acredita que a viticultura na Sérvia está em um caminho promissor em termos de qualidade. O desenvolvimento contínuo de variedades autênticas é crucial, pois são essas que poderão atrair a atenção de compradores internacionais e representar eficazmente a identidade sérvia. No entanto, as uvas internacionais também encontrarão seu espaço, dado que podem produzir vinhos de alta qualidade.

* *Liza B. Zimmerman é colaboradora da Forbes EUA e possui mais de 20 anos de experiência escrevendo sobre vinhos, coquetéis e gastronomia.


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