Descubra a Rota Surpreendente: Da Coréia do Bom Retiro à Vila Madalena

“Nós pedíamos um saboroso jjajangmyeon, um prato de macarrão maravilhoso, e bolinhos recheados com carne de porco tangsuyuk, acompanhados de cogumelos selvagens e pimentões. Também tínhamos yusanseul, uma iguaria que combina pepino-do-mar, lula, camarão e abobrinha.” Esses momentos recheados de sabor e nostalgia permeiam o livro “Aos Prantos no Mercado”, escrito por Michelle Zauner e publicado pela editora Fósforo no Brasil. Nesta obra, a comida não é apenas uma refeição; ela se torna parte da história de luto de uma filha pela mãe, revelando como a gastronomia constrói memórias afetivas (uma verdadeira obra-prima da literatura). E todas essas delícias estão enraizadas na cultura coreana.

No entanto, para aqueles que não dominam o idioma, o que encontramos nas receitas e ingredientes pode parecer um enigma: kong bap, ganjang gejang, yusanseul, jjajangmyeon, miyeokguk, jjamppong. É como se você pegasse o cardápio de um restaurante coreano em São Paulo sem ter acesso a uma tradução ou explicação.

Descobrindo a Coreia em São Paulo: yukhoe, samgiopsal e kimchi bokumbap

Quando o Komah abriu suas portas no Bom Retiro em 2016, trouxe um toque moderno e descolado, atraindo tanto a comunidade coreana quanto os paulistanos em geral. Desde então, os frequentadores passaram a se familiarizar com os nomes desses pratos que conquistam o paladar. Atualmente, quem visita o Komah sabe pedir com confiança por yukhoe, samgiopsal e kimchi bokumbap.

Os pratos, elaborados pelo chef Paulo Shin, que é descendente de coreanos, foram carinhosamente mantidos pela nova liderança, Daniel Park, ex-subchef. Assim como Paulo, Daniel preserva a autenticidade das receitas, garantindo a satisfação dos amantes da cozinha coreana. Recentemente, o Komah ganhou um novo espaço, mas a qualidade das refeições e o atendimento continuam a encantar os clientes.

“O Komah já era um espaço renomado. Nossa prioridade foi mantê-lo como uma verdadeira representação da culinária coreana. Nos dedicamos a aprimorar a cultura que entregamos aos nossos clientes”, afirma Daniel Park. Ele resistiu a alterar os pratos favoritos, mas aproveitou a oportunidade para explorar novas criações na Komah Bakery, uma cafeteria que abriu em janeiro de 2024, nos fundos da loja UMA, na Vila Madalena.

Sabores da Padaria-Coreana

Na Komah Bakery, a padeira Lorraine Pestana e a confeiteira Gabrielly Azevedo, que já faziam parte da equipe do Komah, trabalharam em conjunto com Daniel Park para desenvolver um cardápio ideal para café da manhã, brunch, lanche ou jantar — a qualquer hora do dia. E a melhor parte é que muitos itens são feitos para serem degustados com as mãos, proporcionando uma experiência casual e gostosa.

“Essa ideia de cafeteria coreana me acompanha desde as viagens que fiz à Coreia quando adolescente, além das referências que encontramos no Bom Retiro”, explica Daniel. Antes de sua passagem pelo Komah, ele trabalhou em renomados restaurantes como Dalva e Dito e Mocotó.

Na Komah Bakery, o café é fornecido pela premiada UM Coffee Co., dos irmãos Boram e Garam Um, também coreanos. É recomendado que você vá em grupo e prove uma variedade de itens, levando algumas delícias para casa.

Neste caldeirão cultural e gastronômico, encontramos o MAG, o restaurante do chef Pedro Pineda, que abriu em setembro deste ano no coração do Bom Retiro. É lá que ele combina a culinária brasileira com influências de várias outras culturas.

O nome MAG pode parecer uma sigla coreana, mas, na verdade, é uma homenagem a Jorge Ben Jor e sua música “Magnólia”, que ecoa com um “Mag, Mag, Mag” desde o início. Essa canção representa a essência da cultura brasileira que Pineda busca transmitir em seu cardápio.

No MAG, você encontra pratos como a moqueca feita com peixe do dia e frutos do mar (R$ 95) e uma cumbuca de camarão gratinada com catupiry (R$ 82). Com uma feijoada deliciosa e farofa de dendê (R$ 88) e um bife com queijo coalho e salada (R$ 129), as opções são de dar água na boca!

Não deixe de experimentar a carne crua com vinagrete de gochujang e milho andino, acompanhada de pão judaico beigale (R$ 65).

Pedro Pineda, que tem ascendência italiana, já passou por cozinhas renomadas na Itália e em São Paulo, como Beverino e Mila. Ele sente que o Bom Retiro é um bairro que acolhe imigrantes de diversas culturas e tem uma rica tradição gastronômica, tornando-se o lugar perfeito para o MAG.

Com planos de abrir um novo espaço, “Bar e Lanches A Poderosa”, em 2025, a paixão e o entusiasmo de Pineda pela gastronomia são palpáveis.

Retornando às Raízes Coreanas

O MAG está a poucos passos de um dos tradicionais churrascos coreanos: o New Shin La Kwan, que atende há mais de 30 anos no Bom Retiro. Sem requinte ou sofisticação, você provavelmente sairá do local defumado após grelhar as carnes na mesa.

O funcionamento é simples: você solicita um combinado por R$ 250, que serve de 2 a 3 pessoas. À mesa, potinhos (banchan) repletos de saladas e acompanhamentos são servidos, juntamente com uma bandeja de carnes cruas fatiadas. Cada mesa possui uma grelha a carvão embutida, permitindo que você grelhe seus cortes à vontade, enquanto os banchans incluem kimchi (acelga fermentada apimentada), broto de feijão, flan de ovo, sopa de missô entre outros.

Essas delícias coreanas e brasileiras foram projetadas para proporcionar uma verdadeira experiência gastronômica em São Paulo. Então, aproveite essa viagem pelo mundo dos sabores sem sair da cidade! Já visitou algum desses lugares? Compartilhe sua experiência e suas opiniões!