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Millennials e Geração Z: públicos curiosos e abertos às novidades
A indústria do vinho no século 21 revela uma diversidade fascinante entre os consumidores, que podem ser categorizados de acordo com suas preferências, envolvimento e condições socioeconômicas. Esses grupos incluem os “não envolvidos”, os “moderadamente envolvidos” e os “conhecedores”, cada um com suas reflexões e motivações ao escolher a bebida.
O que se percebe é que os consumidores de vinho estão em uma verdadeira encruzilhada entre a tradição, que sugere a herança de um estilo ou região específica, e a inovação, que traz novas experiências ao paladar. Para cada grupo, a compra de vinho é impulsionada por circunstâncias particulares e desejos distintos.
O Papel da Tradição e Inovação nas Decisões de Compra
A maneira como a tradição é valorizada difere entre consumidores, e essa dicotomia de percepção influencia profundamente o processo de compra. Alguns buscam a segurança que a tradição oferece, enquanto outros são atraídos pela novidade e pelo experimentalismo.
Preço: O Fator Decisivo para Muitos
Para aqueles que estão menos envolvidos com o mundo dos vinhos e que possuem um orçamento mais restrito, o preço é, sem dúvida, o principal critério na hora da escolha. Esses consumidores, conhecidos como “Sippers”, normalmente buscam opções mais acessíveis, atraindo-se particularmente pelo design das embalagens e pelas promoções disponíveis.
Contudo, mesmo para esse grupo, marcas que transmitem estabilidade e confiabilidade ao longo do tempo têm um peso considerável nas decisões. Exemplos como a Gallo e a Barefoot, duas gigantes do setor, conquistam esse público com a preponderância de um sabor conhecido e uma reputação construída ao longo dos anos.
Millennials e Geração Z: A Nova Geração de Consumidores
Em contraste, a geração de jovens adultos, como os Millennials e a Geração Z, apresenta um perfil curioso, ávido por novidades e experiências. De acordo com uma pesquisa da Spark&Honey, uma consultoria de inteligência cultural nova-iorquina, esses consumidores estão mais inclinados a explorar novas opções e a entender os processos de elaboração dos vinhos.
Embora a tradição possa não ser o foco principal, o aumento das bebidas inovadoras, como as variações de vinho à base de cannabis nos Estados Unidos, que já alcançaram o impressionante valor de US$ 200 milhões, mostra que eles estão prontos para experimentar e abraçar o novo.
Isso não implica que a tradição esteja completamente fora de seu radar. Por exemplo, o crescimento expressivo de 20% nas vendas de champanhe entre os italianos nos últimos dois anos retrata que, para novos consumidores, o histórico muitas vezes se associa a qualidade.
Os “Não Envolvidos” e o Status
Por outro lado, temos os “não envolvidos”, um grupo que possui alto poder aquisitivo e vê o vinho como um símbolo de status. Para eles, a notoriedade da marca e a exclusividade são mais relevantes do que a tradição ou a inovação. Um exemplo auge desse perfil é o Maison Saint Aix, de Vin de Provence, que é mais apreciado dentro de círculos sociais exclusivos do que por seu legado na produção.
Os Baby Boomers: Consumidores Tradicionais
Os Baby Boomers, que incluem aqueles nascidos entre 1946 e 1964, são conhecidos por sua forte ligação com a tradição. Este grupo geralmente prefere vinhos provenientes de regiões renomadas e aprecia garrafas clássicas, associando tradição a qualidade e confiabilidade.
Com a intenção de se conectar com o público mais jovem, muitas marcas, já reconhecendo este perfil, têm integrado elementos digitais, como QR codes, para destacar sua história e autenticidade. Uma pesquisa da Wine Intelligence revelou que o conceito de “estabelecido em”, referindo-se à história ou à fundação de uma marca, é um critério decisivo na escolha de vinhos para este público.
Consumidores Moderadamente Envolvidos
Finalmente, os consumidores “moderadamente envolvidos” são aqueles que, embora estejam abertos a novidades, tendem a basear suas escolhas na tradição. Ao redor de regiões com uma sólida história vinícola, como a Itália, eles se sentem atraídos por vinhos reconhecidos por suas denominações históricas, como as DOCG, que garantem padrões de qualidade elevados.
Esse grupo valoriza a tradição como um sinal de confiabilidade, mas ainda assim pode ser influenciado por especialistas a explorar produtos inovadores. Um exemplo claro é o crescente sucesso do Prosecco Rosé DOC no exterior, que mistura essa fusão entre antiga e nova abordagem.
No total, o quadro dos consumidores do século 21 é uma rica tapeçaria onde inovação e tradição coexistem, moldando as decisões de compra de diferentes maneiras. Para os menos engajados, a tradição é sinônimo de qualidade. Para os mais envolvidos, ela é um valor que se entrelaça com a curiosidade por novos produtos. E embora a tradição tenha seu peso, o preço frequentemente emerge como o fator mais decisivo.
* Cristina Mercuri DipWSET é colaboradora da Forbes Itália e educadora de vinhos formada pela WSET, com ampla experiência na indústria de vinhos e destilados.
Reflexões Finais
À medida que o cenário do vinho continua a evoluir, ouvimos as vozes de diferentes gerações se interagindo com uma bebida que é, ao mesmo tempo, antiga e moderna. Com seus diversos perfis e preferências, os consumidores nos provam que o mundo do vinho é tão dinâmico quanto os paladares que ele atende. Qual é a sua experiência ou opinião sobre essa evolução no mercado? Deixe os seus comentários!