sexta-feira, março 14, 2025

Descubra como as escolhas de 2025 moldarão o futuro econômico do Brasil!


Desafios Econômicos em 2024: O que o Futuro Reserva para o Brasil?

O ano de 2024 se apresenta com grandes desafios não apenas na esfera da política fiscal, mas também nas intricadas questões da política monetária. Neste contexto, os juros reais de 12 meses, que são calculados com base na estrutura a termo das taxas de juros e nas previsões de inflação da pesquisa Focus, estão cercando a marca de 9,5%, com uma tendência preocupante de aumento que pode levá-los a 10%.

A Pressão Histórica dos Juros Reais

Se olharmos para o passado, notamos que nem mesmo durante os períodos tumultuados de crise política e econômica entre 2014 e 2016 os juros reais chegaram a esses patamares. Essa situação reflete diretamente políticas fiscais que indicam um movimento em direção ao desequilíbrio financeiro do país.

Ter juros reais tão altos não é uma alternativa viável no longo prazo. O Brasil se encontra em uma encruzilhada: ou avança em ajustes fiscais que possibilitem a redução das taxas de juros, ou as pressões inflacionárias, inevitavelmente, levarão a uma queda nas taxas reais. O dilema é cristalino: sem melhorias significativas na área fiscal, o custo de financiamento da dívida pública continuará a expandir-se, agravando ainda mais a situação econômica.

A Importância dos Superávits Primários

Os superávits primários são essenciais para estabilizar os gastos do governo. Contudo, a resposta lenta do governo aos ajustes fiscais tem amplificado a incerteza, o que, por sua vez, prejudica o crescimento econômico e eleva as expectativas inflacionárias. Essa dinâmica torna a tarefa do Banco Central de controlar a inflação uma tarefa ainda mais árdua, especialmente quando se tenta evitar sacrificar a atividade econômica.

Apesar desse cenário de juros elevados, o mercado de crédito brasileiro mantém uma surpreendente resiliência. Crescimento luminoso no crédito e baixos índices de inadimplência reforçam uma demanda vigorosa por financiamento, evidenciando que empresas e consumidores estão conseguindo transitar por esse cenário restritivo. Isso gera questionamentos sobre a real eficácia das altas taxas de juros em conter o crescimento econômico.

O Desempenho do Mercado de Trabalho

Além disso, o mercado de trabalho continua mostrando força, com registros históricos de emprego e um saldo positivo nas contratações formais. A crescente massa salarial é um sinal de uma economia que, de forma inesperada, mantém seu vigor. Esses indicadores sugerem que, mesmo em um ambiente de juros restritivos, a economia brasileira ainda encontra maneiras de se expandir.

Por outro lado, a atratividade do Brasil para o capital estrangeiro parece estar diminuindo, mesmo com juros altos. O recorde de saídas de capital em dezembro pressionou a taxa de câmbio, levando o Banco Central a intervir de forma intensificada.

O Paradoxo da Política Monetária

Uma questão que se destaca é como a atividade econômica e os preços de serviços continuam elevados em meio a uma política monetária tão restrita. Setores como turismo, serviços pessoais e comércio estão em crescimento, indicativos de uma demanda interna resiliente. Esse fenômeno pode ser atribuído a uma combinação de fatores, incluindo a ajuda fiscal e a expansão do crédito por bancos públicos, que resulta em maior renda disponível e baixo desemprego, além de ampliar a confiança do consumidor.

Contudo, essa situação gera um paradoxo: a política monetária deveria desacelerar a economia e conter a inflação, mas os dados atuais sugerem que a economia continua em expansão. Isso levanta preocupações sobre a eficácia das estratégias de política monetária e a necessidade de abordagens complementares para controlar a inflação sem prejudicar o crescimento.

Expectativas sobre o Juro Neutro

À medida que 2024 avança, as expectativas em relação ao juro neutro — aquele que não gera nem estimulação nem restrição na economia — sofreram consideráveis alterações. Inicialmente, a expectativa era de um juro neutro em torno de 4,5%, mas agora a projeção subiu para 5,5% ou até 6%. Essa alteração reflete uma realidade econômica mais complexa, onde fatores estruturais como inflação persistente e rigidez fiscal estão mais evidentes.

Um juro neutro mais elevado implica desafios adicionais para a política monetária. Indica que a economia pode necessitar de um período prolongado de juros altos para controlar a inflação, o que pode, por sua vez, prolongar a desaceleração econômica futura. Assim, surge a necessidade de uma cuidadosa coordenação entre as políticas fiscal e monetária.

A Necessidade de Coordenação

A trajetória dos juros reais no Brasil evidencia a importância de um alinhamento entre políticas fiscal e monetária. O movimento de “acelerar” através da política fiscal e “frear” por meio da política monetária está nos levando a uma situação de crescente desequilíbrio.

Para estabilizar a dívida pública e restaurar a confiança dos agentes econômicos, o governo precisa implementar ajustes fiscais significativos. A falta dessas medidas pode levar o Brasil a um ciclo vicioso marcado por juros elevados e inflação persistentemente alta, com o risco de um desarranjo ainda maior.

O Caminho a Seguir

As decisões tomadas em 2025 são fundamentais para moldar a trajetória da economia brasileira nos anos seguintes. O compromisso com a responsabilidade fiscal e uma coordenação eficaz entre as políticas monetária e fiscal são essenciais para garantir um crescimento sustentável e evitar crises futuras.

Portanto, o tempo é curto e o país necessita de ações decisivas para enfrentar os desafios econômicos iminentes. A união de esforços será crucial para garantir que o Brasil não apenas se recupere, mas também prospere de forma sustentável.


Luiz Fernando Figueiredo é presidente do Conselho de Administração da JiveMauá.
Este artigo contou com a colaboração de Italo Faviano e Mirella Hirakawa, economistas da Buysidebrasil.

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