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Bitcoin pode reduzir custos para produtores rurais e impactar a dívida do Reino Unido

O Protesto dos Agricultores e a Conexão com o Bitcoin

Recentemente, cerca de 20 mil pessoas se reuniram nas ruas de Londres para protestar contra uma nova legislação que ameaça as fazendas familiares no Reino Unido. O foco da revolta é um imposto sobre heranças que, caso aprovado, exigirá que proprietários de terras avaliadas em mais de £1 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões) paguem uma taxa de 20% sobre a herança a partir de abril de 2026. Essa mudança foi anunciada pelo governo britânico durante a apresentação do orçamento, em outubro, e provocou uma onda de indignação entre os agricultores.

No meio da multidão, Jeremy Clarkson, conhecido apresentador de TV e agricultor, fez um alerta sério: “Esse imposto pode ser o golpe final para a agricultura britânica, forçando famílias a vender propriedades que trabalharam por gerações”. O sentimento expresso por Clarkson reflete um desafio maior que os agricultores enfrentam: um sistema que parece ignorar as dificuldades e as lutas do setor agrícola.

A Luta dos Produtores Rurais e as Novas Políticas

Os agricultores enfrentam pressões sem precedentes. Com a inflação em alta, os custos para adquirir sementes, insumos e maquinário não param de crescer. Além disso, a combinação de altos impostos e subsídios que não atendem às necessidades do setor está corroendo as margens de lucro. O novo imposto sobre heranças, se implementado, tornará ainda mais difícil a tarefa já complicada de manter as fazendas familiares. Essa situação se torna ainda mais crítica em um cenário global onde o potencial dos agricultores para contribuir em soluções de energia sustentável permanece inexplorado.

Infelizmente, as políticas atuais não estão alinhadas com essa possibilidade. No entanto, existe uma oportunidade promissora: a mineração de bitcoin. Com políticas adequadas, propriedades rurais poderiam aproveitar a energia renovável excedente para operações de mineração de bitcoin, gerando novas fontes de receita e contribuindo para uma maior eficiência energética.

Um Modelo de Sucesso

Um exemplo inspirador vem da Holanda, onde um produtor de tulipas se juntou a uma empresa de bitcoins para reutilizar o calor gerado pela mineração para aquecer suas estufas. Essa iniciativa não apenas reduziu a dependência do gás natural, especialmente em tempos de alta nos preços de energia, mas também utilizou energia solar, diminuindo o impacto ambiental da operação. A prática oferece um modelo de “ganha-ganha” que combina sustentabilidade e viabilidade econômica. Assim, as fazendas podem se tornar centros de inovação, aproveitando as tecnologias emergentes enquanto lidam com as pressões financeiras e energéticas enfrentadas atualmente.

A Necessidade de Mudanças nas Políticas Agrícolas

No Reino Unido, se políticas semelhantes fossem adotadas, haveria uma oportunidade significativa para permitir que os agricultores explorassem soluções com emissões negativas de carbono, ao mesmo tempo que enfrentam os desafios energéticos. Atualmente, os subsídios estão sendo direcionados para parques eólicos, negligenciando soluções energéticas que poderiam beneficiar diretamente a agricultura e as comunidades rurais.

Além disso, muitas iniciativas favorecem alternativas sintéticas, como carnes falsas, que desviam recursos de práticas agrícolas tradicionais. Esse tipo de abordagem, que parece priorizar o crescimento a curto prazo, coloca em risco aqueles que realmente cuidam da terra e não ajuda a sociedade como um todo. Dale Vince, um destacado defensor de dietas baseadas em plantas e fundador da empresa de energia Ecotricity, tem promovido propostas como um imposto sobre carnes vermelhas. Mas será que essa é realmente a solução ideal?

A Agricultura, os Empregos e a Saúde Pública

Um setor agrícola forte é essencial para a criação de empregos e para a economia nacional. Porém, políticas como o teto de £80.000 (R$ 456 mil) nos pagamentos agrícolas, previstas para o próximo ano, podem desencorajar o crescimento e a sustentabilidade. Enquanto isso, iniciativas nos Estados Unidos, como “Make America Healthy Again”, estão começando a investigar a qualidade do solo e práticas agrícolas sustentáveis, algo que pode inspirar uma mudança semelhante no Reino Unido.

Se o Partido Trabalhista deseja reduzir os custos do Serviço Nacional de Saúde (NHS), uma das chaves pode estar em permitir que os agricultores cultivem alimentos frescos localmente, o que reduziria a dependência de produtos processados importados. Essa abordagem tem o potencial de combater problemas de saúde pública, como diabetes e doenças cardíacas, aliviando a pressão sobre os serviços de saúde.

Alimentos Locais e Conectividade Social

Os alimentos frescos e cultivados localmente são essenciais para garantir uma população saudável. Quando as fazendas enfrentam dificuldades, as comunidades muitas vezes se veem obrigadas a depender de alimentos processados e importados, o que agrava os problemas de saúde pública. Essa realidade nos faz refletir sobre a importância da agricultura e a necessidade de políticas que apoiem os agricultores.

Bitcoin: Uma Conexão entre Agricultura e Economia

Hoje em dia, muitos agricultores estão conscientes de que a forma como os sistemas econômicos foram estruturados prioriza ganhos de curto prazo em detrimento da sustentabilidade a longo prazo. Enquanto o dinheiro tradicional pode estar desconectado da realidade física e da terra, o bitcoin tem o potencial de reestabelecer essa conexão, oferecendo uma alternativa que alia sustentabilidade e economia.

Essa visão é compartilhada por muitos na comunidade do bitcoin, incluindo autores como Saifedean Ammous, que discute as políticas governamentais que incentivam a produção de alimentos de baixa qualidade. O que se percebe é que, ao contrário do dinheiro tradicional, o bitcoin opera com um suprimento fixo, resistindo à inflação e funcionando como uma reserva de valor. Com seu desempenho crescente como ativo, ele se torna uma ferramenta essencial para agricultores planejarem seu futuro de maneira mais segura e estável.

A Aliança Entre Agricultores e Bitcoiners

A conexão entre agricultores e bitcoiners é evidente: ambos queiram garantir a preservação do que construíram para as futuras gerações. Como declarou Russell Rukin, um entusiasta do bitcoin do Reino Unido: “Devemos ser autossoberanos para a maior parte da nossa alimentação. Depender de agricultores fora das nossas fronteiras é tão arriscado quanto amarrar nosso dinheiro à vontade política”. Tanto os agricultores quanto os bitcoiners encontram-se em luta contra sistemas que distorcem o valor e minam seu legado.

Um Futuro Integrado e Sustentável

À medida que as discussões globais sobre a qualidade dos alimentos, práticas agrícolas e resiliência se intensificam, o Reino Unido deve liderar o caminho. Ignorar as interligações entre a agricultura, a saúde e a energia pode fazer com que o país perca espaço em um mundo cada vez mais atento a soluções integradas. Apoiar os agricultores com melhores políticas e tecnologias inovadoras, como o bitcoin, não é apenas uma questão de boa política, mas crucial para a soberania nacional e o crescimento a longo prazo.

As energias renováveis, a alimentação saudável, a geração de empregos e a arrecadação de impostos estão todos conectados. O que se percebe é que esses fatores estão interligados por meio de incentivos e, nesse contexto, o bitcoin surge como um caminho viável para o futuro, unindo esses sistemas em uma estrutura coesa e eficiente.

Sem os agricultores, não há alimento, e sem um sistema econômico sólido, não há crescimento. Inspirados por iniciativas e reflexões globais, os legisladores britânicos têm a oportunidade de enxergar como o bitcoin pode fazer parte de uma estratégia que valoriza a soberania e a saúde alimentar do Reino Unido.

* Susie Violet Ward é colaboradora da Forbes EUA e escreve sobre a interseção entre bitcoin e questões ambientais. Como analista financeira e jornalista especializada em bitcoin, Susie também é cofundadora e diretora da Bitcoin Policy UK, onde pesquisa os benefícios da mineração de bitcoin e seu potencial de integração com energias renováveis.