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Quando falamos sobre vinhos, o foco geralmente recai sobre a qualidade da bebida e as avaliações dos especialistas. Contudo, a realidade por trás de uma vinícola envolve muito mais: é preciso se comunicar com um público diversificado, que vai desde aqueles que apenas ocasionalmente apreciam um bom vinho até os conhecedores mais exigentes. E, enquanto a qualidade do vinho é indiscutivelmente importante, aceita-se que o gosto varia de pessoa para pessoa, o que torna essa avaliação bastante subjetiva.
Porém, há um aspecto que todos podem apoiar: o esforço dos produtores para manter a sustentabilidade em suas práticas. Essa abordagem, cada vez mais valorizada pelos consumidores, garante que os processos de produção respeitem tanto o meio ambiente quanto a sociedade. Vamos mergulhar nesse universo fascinante da vinicultura chilena e entender como a sustentabilidade se tornou um elemento central no seu desenvolvimento.
Desde 18 anos, os produtores vinícolas do Chile transformaram a sustentabilidade em uma de suas principais prioridades. Em 2007, no prestigiado Vale do Colchagua — reconhecido globalmente pela excelência de seus vinhos tintos — nasceu a ideia de implementar um padrão de sustentabilidade que, com o tempo, evoluiu para um projeto nacional público-privado. Este projeto foi fundamentado com o apoio do Consórcio Tecnológico Vinos de Chile, que promove pesquisa e inovação no setor.
Quatro anos depois, em 2011, a certificação do Código de Sustentabilidade da Indústria foi lançada, estabelecendo um marco na era moderna da vitivinicultura. Segundo Julio Alonso, diretor executivo da Wines of Chile na América do Norte, esse código é inovador por sua formalidade e abrangência, proporcionando um guia robusto para as práticas sustentáveis na vinicultura.
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Práticas de irrigação eficiente são fundamentais para a sustentabilidade entre os vinicultores chilenos.
As vinícolas certificadas até agora são 90, responsáveis por 80% das exportações de vinhos engarrafados. Isso reflete um compromisso robusto com a sustentabilidade e a produção responsável. Vamos explorar os principais pontos do Código de Sustentabilidade do Chile, que demonstram a importância deste movimento.
Energia Renovável: A Base do Futuro
O uso de fontes de energia renováveis é uma prioridade no setor. Isso inclui:
- Compra de energia não convencional através de contratos de compra de energia (PPAs);
- Adoção de tecnologias de autogeração, como painéis solares;
- Eficiência energética, minimizando o consumo de combustíveis e eletricidade;
- Descarbonização da matriz energética, alinhando-se com os objetivos do governo chileno.
Gestão Sustentável da Água
Outro foco importante é a redução do consumo de água. Os vinicultores têm promovido:
- Gestão eficiente do uso da água, evitando contaminações;
- Monitoramento da água usada, com a meta de reduzir o consumo em até 18% nos próximos cinco anos.
Sustentabilidade em Amplo Espectro
Mario Pablo Silva, presidente do consórcio Vinos de Chile, afirma que a sustentabilidade é um pilar central. Ela abrange práticas orgânicas e biodinâmicas e inclui:
- Agricultura regenerativa;
- Gestão social e de governança nas vinícolas;
- Base sólida de 124 mil hectares de vinhedos, dos quais 4,7% são orgânicos ou biodinâmicos.
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O Chile, com sua rica diversidade biológica, é o lar de 16% das espécies vegetais do planeta.
Compromisso com a Neutralidade de Carbono
O Chile se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Esse compromisso é colaborativo, envolvendo tanto o setor público quanto privado. Estudos recentes mostram que a pegada de carbono média do vinho chileno é de 2,53 quilos de CO₂ por litro, um valor competitivo em comparação a outras regiões produtoras de vinho.
Embalagens Sustentáveis
A promoção de embalagens recicláveis é fundamental. As vinícolas estabelecem metas para usar materiais reciclados e se conformam às leis que orientam a responsabilidade na gestão de resíduos de embalagens.
Projetos Sociais e Desenvolvimento Comunitário
As vinícolas certificadas desenvolvem ações para apoiar comunidades locais e melhorar as condições de trabalho de seus colaboradores. Elas têm códigos de ética que promovem a igualdade de gênero e o bem-estar dos trabalhadores, buscando sempre um relacionamento saudável com as comunidades do entorno.
Conservação da Biodiversidade
As iniciativas para proteger a biodiversidade são essenciais. Além de manter áreas não produtivas, que somam cerca de 40 mil hectares, as vinícolas promovem práticas que reforçam a conservação dos ecossistemas, vitais para a produção de vinho e para a saúde do planeta.
Graças ao ecossistema mediterrâneo, o Chile oferece condições ideais para a viticultura, abrigando uma biodiversidade imensa que é reconhecida mundialmente. Os vinicultores estão atentos ao potencial de suas práticas para manter e restaurar essa riqueza natural, algo que vai muito além simplesmente de produzir vinho de qualidade.
Tom Hyland é um colaborador da Forbes EUA, onde assina artigos sobre vinhos ao redor do mundo, trazendo sua extensa experiência de 44 anos na indústria.
