quinta-feira, março 13, 2025

Descubra Como os Corais Brasileiros Salvaguardam um Patrimônio de R$ 160 Bilhões!


A Relevância da Preservação dos Corais em Porto de Galinhas

Corais na praia de Porto de Galinhas. Crédito: GoPro Brasil Foto de um recife de corais na praia de Porto de Galinhas via GoPro

Os recifes de corais, verdadeiras joias da biodiversidade marinha, têm enfrentado desafios imensos nos últimos anos. No Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), localizado em Tamandaré, Pernambuco, a necessidade de proteger esses ecossistemas é palpável. Nesta região, com cerca de 24 mil habitantes, a economia local depende fortemente do mar, e a conscientização sobre a preservação ambiental é fundamental para a sua sobrevivência.

“Quando chegamos aqui [em Tamandaré] nos anos 90, quase não havia corais vivos. A queima de corais para a extração de cal era comum até a década de 1970, e muitos corais eram vendidos abertamente”, lembra Mauro Maida, oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A Evolução das Iniciativas de Proteção

Em 1999, uma luz surgiu no horizonte: o Departamento de Oceanografia da UFPE, com o apoio do Grupo Boticário, pôde criar a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC). Esta unidade de conservação não apenas incentivou a colaboração da comunidade local como também possibilitou a contratação de pescadores, vital para o sucesso do projeto.

As iniciativas de conservação de corais são cruciais na costa nordestina do Brasil, onde esses organismos habitam uma faixa de 3.000 km, desde o Maranhão até o sul da Bahia. Apesar de representarem apenas 0,1% do oceano global, os corais servem como lar para 25% das espécies marinhas que passam, em algum momento de suas vidas, pelos recifes.

Corais adoecidos na praia de Tamandaré. Crédito: GoPro Brasil

O Fenômeno do Branqueamento de Corais

Infelizmente, entre o final de 2023 e meados de 2024, 90% dos corais brasileiros foram impactados pelas mudanças climáticas. Essa devastação é resultado da quarta onda de branqueamento de corais, um fenômeno que ocorre quando as temperaturas da água aumentam a ponto de comprometer a sobrevivência dos corais—que, surpreendentemente, pertencem ao reino animal.

“O ecossistema de recifes de corais é um dos mais vulneráveis do planeta. Qualquer alteração climática pode ser desastrosa. A temperatura neste ambiente deve ser estável, mas quando a água esquenta além do normal, ocorre o branqueamento. Nessas situações, os corais ficam extremamente vulneráveis”, explica Janaína Bumbeer, bióloga e especialista em Ecologia e Conservação Marinha, que atua na Fundação Grupo Boticário.

Corais após o branqueamento. Crédito: GoPro Brasil Quando os corais sofrem interferências, as pequenas algas e pigmentos fotossintetizantes são “expulsos”, deixando apenas o esqueleto de carbonato de cálcio.

A Importância da Proteção Costeira

Preservar os corais não é apenas uma questão ecológica; é também uma necessidade econômica. Um estudo da Fundação Grupo Boticário estimou que a proteção dos recifes de corais pode gerar um impacto financeiro de R$ 160 bilhões. Esse valor se baseia em indústrias, portos, comércios e residências localizadas em áreas com recifes que atuam como barreiras naturais contra eventos climáticos extremos, como ressacas e inundações.

“As projeções indicam que cerca de R$ 160 bilhões em estruturas públicas e privadas ao longo da costa podem ser impactados por eventos climáticos. Esse montante pode aumentar dependendo das catástrofes geradas pelas mudanças climáticas,” enfatiza um dos pesquisadores responsáveis.

Além de servir como defesa contra desastres naturais, os corais também desempenham um papel importante na absorção de gás carbônico e na sustentação do ciclo de nutrientes marinhos, gerando cerca de 30 milhões de empregos relacionados à pesca e ao turismo.

Severino Ramos dos Santos, um jangadeiro que trabalha na região há três décadas, transporta pesquisadores e visitantes até os recifes de corais. “Entendo a importância do projeto porque, sem ele, os peixes vão embora. Antigamente era fácil ver peixes por toda parte, mas agora nem todos estão aqui,” explica Severino.

Iniciativas Inovadoras: Inseminação Artificial e Turismo Regenerativo

O CEPENE é um marco de diversas iniciativas e pesquisas, envolvendo alunos de graduação e pós-graduação. Um exemplo notável é o projeto ReefBank, que tem como objetivo a reprodução assistida de corais. Iniciado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenado pelo professor Leandro Godoy, o projeto reúne estudantes de diversas áreas, desde zootecnia até engenharia de pesca.

“O que fazemos aqui para os corais é similar ao que clínicas de fertilidade fazem com casais. No mundo, existem apenas quatro grupos de pesquisa envolvidos nessa biotecnologia,” comenta Godoy.

Processo de inseminação artificial de corais. Crédito: GoPro Brasil

O primeiro protocolo brasileiro de congelamento de sêmen de corais, crucial para a criação dos primeiros corais nascidos dessa técnica, foi desenvolvido pela equipe do projeto.

Por outro lado, a Biofábrica de Corais se concentra na recuperação dos animais. O projeto coleta fragmentos de corais enfermos no fundo do mar, permitindo que turistas e locais participem do processo de recuperação. Os voluntários colam pequenas partes do coral adoecido em discos impressos em 3D, enquanto pesquisadores registram dados sobre esses novos filhotes, que serão posteriormente transplantados para áreas degradadas.

“O envolvimento da sociedade é essencial para trazermos resultados positivos. Além das práticas, nosso trabalho visa também a conscientização,” afirma Maria Gabriela Moreno, coordenadora de operações da Biofábrica.

Participantes da iniciativa cuidando dos corais. Crédito: GoPro Brasil

Um Olhar sobre o Futuro

Os esforços para preservar os corais no Brasil enfrentam um desafio contínuo. Muitos anos de trabalho podem ser minados em poucos meses. Entretanto, a determinação dos defensores da biodiversidade marinha continua inabalável.

Em uma conversa com a bióloga Maya Santoro, o oceanógrafo Leonardo Messias expressou sua esperança em um futuro melhor, resumindo sua motivação em uma frase poderosa: “A necessidade de viver em um mundo melhor.”

A importância dos corais vai além da beleza que oferecem ao mar. Eles são fundamentais para o equilíbrio ecológico, além de sustentarem a vida e a economia de muitos. O futuro depende de nossas escolhas e esforços para garantir que esse patrimônioContinue essa conversa aqui natural continue a florescer e prosperar. Que possamos nos unir em defesa dos recifes de corais, não apenas como uma questão de preservação, mas como uma questão de sobrevivência para muitos que dependem deles.


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