
Bruno Bruchi
O Fascinante Mundo do Brunello di Montalcino: Uma Conversa com Santiago Cinzano
O Brunello di Montalcino, um dos vinhos mais prestigiados da Toscana, ganhou notoriedade fora da Itália na década de 1970. Naquela época, o vinho era conhecido por sua capacidade de envelhecer e tinha um número limitado de produtores, como a Biondi-Santi, a Fattoria dei Barbi, e a Col d’Orcia. Essa região, outrora subestimada, viu um crescimento explosivo no número de vinícolas, passando de poucas para mais de 200, à medida que empresários de várias partes do mundo começaram a investir no potencial extraordinário do Brunello.
Uma Nova Era para o Brunello
Antigamente, o Brunello exigia um longo período de envelhecimento para atingir sua maturidade ideal, mas atualmente, muitos vinhos da região são mais leves e prontos para consumo imediato. A Col d’Orcia, fundada em 1890, é um dos bastiões da tradição do Brunello e, desde 2010, orgulha-se de ser a maior fazenda orgânica da Toscana. A vinícola teve um grande impulso quando suas terras foram adquiridas pela família Cinzano, venerável do Piemonte, e se transformou em um dos principais nomes da região.
Em uma conversa reveladora, Santiago Cinzano, herdeiro da Col d’Orcia e filho de Francesco Cinzano, compartilha suas experiências e visões sobre o futuro do Brunello di Montalcino.
A Evolução do Brunello di Montalcino
O Crescimento do Setor
Com o aumento do número de produtores, Santiago reflete sobre as décadas passadas: “Nos anos 1970, Montalcino era uma das regiões mais pobres da Itália, e o Brunello era uma bebida quase desconhecida. A rede comercial da Col d’Orcia foi crucial para transformar essa realidade e levar o Brunello ao cenário internacional.” Ele acredita que a maioria dos investidores percebeu o potencial de longevidade do Sangiovese, a uva principal do Brunello, mesmo antes desse conhecimento se espalhar.
Estilos em Transformação
Nos últimos 20 anos, o estilo do Brunello passou por grandes mudanças. Antigamente, uma tendência recorrente era a de utilizar barricas menores, o que resultava em vinhos mais encorpados. No entanto, a Col d’Orcia sempre se destacou pela produção de vinhos mais leves e frescos, sem seguir essa moda. Atualmente, os consumidores preferem um perfil mais elegante, fazendo com que o uso de barricas maiores e mais neutras se tornasse popular novamente.
Desafios das Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas têm influenciado o setor vitivinícola, e Santiago comenta como isso afeta o Brunello: “As recentes tendências de renunciar ao envelhecimento em carvalho são em grande parte uma resposta às condições climáticas”, explica. Ele observa que, em anos mais quentes, as uvas tendem a amadurecer mais rapidamente, influenciando os métodos tradicionais de vinificação e envelhecimento.
Produção e Qualidade
Além do impacto climático, Santiago destaca a produção na Col d’Orcia: “Todos os nossos vinhos são feitos exclusivamente com uvas de nossos próprios vinhedos. Temos uma propriedade de 520 hectares, dos quais 150 são dedicados a vinhedos.” A vinícola produz cerca de 850 mil garrafas por safra, priorizando sempre a qualidade e a tradição. O desafio é equilibrar o lançamento de vinhos prontos para o consumo com aqueles que têm potencial para envelhecer por uma década ou mais.
As Maravilhas do Brunello e Seu Irmão Menor
Quando se fala em Brunello, não podemos esquecer do Rosso di Montalcino, considerado a “irmã menor” do Brunello. As principais diferenças entre eles são o tempo de envelhecimento e a classificação. O Brunello exige um mínimo de 24 meses em carvalho, enquanto o Rosso pode ser lançado apenas 10 meses após a colheita. O Brunello é uma DOCG, a mais alta classificação em vinhos na Itália, enquanto o Rosso é uma DOC.
A Inovação do Lote 1
Aprendendo com os desafios climáticos, Santiago introduziu o projeto Lote 1, uma nova linha de vinhos que busca capturar a essência de cada safra através de uma seleção cuidadosa das melhores uvas. “O Lote 1 é uma resposta à variabilidade climática, e nosso objetivo é garantir um Brunello que sempre tenha um perfil específico e reconhecível.” Esse novo processo visa unir tradição e inovação, mantendo a essência do que faz a Col d’Orcia única.
Dedicação e Passado Familiar
Santiago divide seu tempo entre a vinícola e viagens, dedicando-se intensamente às operações, especialmente em épocas críticas. “Passo mais da metade do ano em Montalcino, e faço questão de estar presente nos períodos mais importantes, como a colheita.” Ele também conta com o apoio de seu pai, que ainda participa ativamente das atividades na vinícola. Juntos, eles continuam a fortalecer a herança e a qualidade características da Col d’Orcia.
Em suma, o Brunello di Montalcino é muito mais que um vinho; é um legado de tradición e inovação. Santiago Cinzano representa uma nova geração que, enquanto respeita as raízes familiares e a história da vinícola, também enfrenta os desafios modernos com coragem e criatividade. Ao degustar um copo de Brunello, é possível não apenas apreciar seu sabor, mas também sentir a rica história e a paixão que permeiam cada garrafa.
Qual a sua experiência com os vinhos da Toscana? Deixe seus comentários e compartilhe suas expectativas sobre o futuro do Brunello e do Rosso di Montalcino!