quinta-feira, maio 1, 2025

Descubra Por que a China Está Investindo Pesado em Blockchain: O Impacto Revolucionário no Agronegócio


Tianyu Wu_Getty

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Blockchain tem servido para gerenciar uso de terras agrícolas na China

Recentemente, a tecnologia blockchain tem ganhado destaque no cenário agrícola da China, transformando a forma como as terras são gerenciadas e como os dados são utilizados. Em 2019, o presidente chinês Xi Jinping fez uma declaração impactante, afirmando que “devemos considerar o blockchain como uma inovação crucial para o avanço tecnológico”. Essa fala não apenas dissipou incertezas, mas também enviou um sinal claro: o governo chinês estaria investindo cada vez mais nesse campo. Desde então, o Partido Comunista da China começou a tratar os dados como um insumo vital, assim como o trabalho e o capital.

Blockchain: Uma Estratégia Nacional

Desde o lançamento da Rede de Serviços Baseada em Blockchain (BSN) em 2020, a China tem se posicionado na vanguarda dessa tecnologia. A BSN oferece uma infraestrutura controlada pelo governo para desenvolvedores, permitindo a criação de aplicativos em diferentes redes de blockchain, tanto localmente como a nível internacional. É importante notar que, na versão destinada ao mercado chinês, o governo possui a capacidade de censurar ou até mesmo apagar blockchains inteiros, se necessário.

Com a formalização do desenvolvimento da blockchain no “14º Plano Quinquenal” (2021-2025), que abrange 29 províncias e cidades, a China busca aumentar sua competitividade global. Os oficiais chamam de “blockchain ao estilo chinês” essa estratégia que se diferencia por não incluir o uso de criptomoedas, foco de muitos movimentos ocidentais.

A cidade de Xangai, por exemplo, lançou um plano para impulsionar o uso da blockchain em sua infraestrutura digital. O objetivo é integrar essa tecnologia à economia local e melhorar a governança, criando um centro internacional de blockchain na região do Delta do Rio Yangtzé. O governo vê a blockchain como uma ferramenta tecnológica para solucionar desafios nacionais, incluindo a modernização da agricultura.

Transformação do Setor Agrícola

As diretrizes do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais refletem um compromisso com a inovação e a adoção de tecnologias emergentes, com especial atenção para o desenvolvimento da blockchain. Dentre as iniciativas, destaca-se o sistema de crédito social em áreas rurais, que recompensa comportamentos positivos através de um sistema denominado “Persimmon Points”. Este sistema, baseado em blockchain, registra comportamentos de forma transparente, incentivando a responsabilidade social.

  • Exemplo de Persimmon Points: Os cidadãos ganham pontos por ações benéficas e perdem pontos por comportamentos indesejados, tudo monitorado publicamente.
  • Projeto GoGoChicken: Uma colaboração entre governos locais e tecnologia blockchain que utiliza dispositivos IoT para rastrear a produção de frango, contribuindo para a segurança alimentar.

No entanto, essa implementação levanta questões sobre o controle de dados e o empoderamento dos agricultores. Críticos argumentam que a tecnologia pode aumentar a exploração, concedendo às empresas um maior acesso a informações que pertencem a grupos vulneráveis.

Apoio Governamental e Expansão do Blockchain

O governo chinês está investindo fortemente na integração da blockchain em diversos setores, buscando melhorar o comércio exterior e o desenvolvimento econômico. Em 2024, a China já está utilizando blockchain para criar novas infraestruturas de informação e otimizar os processos judiciais, utilizando a tecnologia junto com inovações como IA, 5G e análise de dados.

Recentemente, foram lançadas iniciativas como:

  • Um centro nacional de pesquisa em blockchain, visando treinar meio milhão de profissionais na área.
  • A plataforma Hangzhou Data Exchange, que possibilita a negociação de dados de forma segura e rastreável através de tecnologia de ledger distribuído.

Além disso, em dezembro de 2023, o Ministério de Segurança Pública anunciou a criação do RealDID, uma plataforma de identidade digital que utiliza blockchain para preservar a privacidade dos cidadãos enquanto permite que o governo vincule identidades digitais quando necessário.

Blockchain na Iniciativa Cinturão e Rota

Em um movimento estratégico, a China lançou um programa de P&D para desenvolver uma plataforma de infraestrutura blockchain para a Iniciativa Cinturão e Rota, projetada para expandir a influência econômica global da China. Este projeto, que pode custar de US$ 1 a 8 trilhões, abrange uma dimensão digital com correntes de comunicação modernas, preparando o terreno para serviços avançados, incluindo blockchain.

A interconexão entre elementos físicos e digitais da iniciativa propõe revolucionar o comércio global e a colaboração econômica, criando um sistema abrangente de conectividade.

Resposta dos EUA à Expansão do Blockchain Chinês

O avanço acelerado da China nas tecnologias de blockchain gerou preocupações nos Estados Unidos, levando à proposta de leis como o CLARITY Act, que visa restringir transações envolvendo blockchain chinês. Essa legislação reflete a preocupação com a segurança nacional e o controle sobre informações sensíveis.

A abordagem estratégica da China tem uma dualidade: enquanto promove a tecnologia em sua forma institucional, também bloqueia o uso de criptomoedas que oferecem maior liberdade, mantendo assim um controle direto sobre sua economia digital. Por meio de Hong Kong, a China ainda se mantém presente nos mercados globais de criptomoedas, aproveitando o status especial da cidade para facilitar transações financeiras.

Esse equilíbrio permite que a China use o potencial do blockchain enquanto garante que sua economia permaneça estável e sob supervisão, evitando a fuga de capitais e a volatilidade que a descentralização pode trazer.

“Observando o panorama econômico atual, fica claro que a China está não apenas competindo, mas potencialmente definindo as regras do jogo para a tecnologia blockchain no futuro,” reflete um especialista em finanças. “É um campo que merece atenção e discussão ampla.”

* Andrey Sergeenko é colaborador da Forbes EUA e escreve sobre criptomoedas em plataformas como Cointelegraph e CoinDesk.

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