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A Nova Era do Empreendedorismo: Lucro e Impacto Andam Juntos
Nos dias atuais, lucro e impacto social não são mais conceitos opostos; eles são, na verdade, interdependentes. À medida que enfrentamos uma transformação global significativa, impulsionada pela crise climática e por incertezas econômicas, surgem oportunidades sem precedentes. O empreendedorismo social, tradicionalmente visto como um segmento marginal, se destaca como uma força vital na economia moderna.
O que os consumidores e investidores buscam?
Os tempos mudaram e, com eles, as expectativas do consumidor e do investidor. O público não apenas gosta de marcas, mas deseja se conectar com aquelas que têm propósito. Já os investidores estão em busca de retornos financeiros que respeitem a responsabilidade social. Ignorar a importância do ESG (ambiental, social e de governança) neste cenário é um sinal claro de atraso.
Dois caminhos para o empreendedorismo
Nos últimos anos, dois tipos de empreendedorismo ganharam destaque: o que surge da necessidade e o que é gerado pela oportunidade. Um movimento é resultado da busca por soluções para sobreviver diante de desafios, enquanto o outro capta o momento favorável de um mercado que valoriza tanto o impacto quanto a rentabilidade. A verdade é que os negócios que prosperam são aqueles que reconhecem que lucro e impacto não são mutuamente exclusivos, mas sim complementares.
Dados que Impressionam
Vejamos alguns números que refletem essa realidade:
- Consumidores transformando mercados: Um estudo da Nielsen mostra que 73% dos consumidores globais preferem marcas que têm uma atuação social e ambiental positiva. No Brasil, essa preferência sobe para impressionantes 85%. Isso significa que marcas que desconsideram essa tendência correm um grande risco de perder competitividade.
- Investidores em ação: O mercado de investimento de impacto, conforme a GIIN (Global Impact Investing Network), movimenta mais de US$ 1 trilhão globalmente. No Brasil, esses investimentos quadruplicaram, chegando a mais de R$ 5 bilhões. O foco está voltado para startups que oferecem soluções para desafios sociais e ambientais, mostrando que a responsabilidade social está se tornando cada vez mais lucrativa.
- Modelos de negócios sustentáveis: As empresas que se adaptam ao novo cenário estão mostrando que regeneração ambiental e viabilidade econômica podem coexistir. Startups que recuperam terras degradadas e conectam pequenos produtores ao mercado são exemplos de como é possível criar valor econômico ao mesmo tempo em que se promove a sustentabilidade.
- Geração de empregos e transformação socioeconômica: Um estudo da Fundação Dom Cabral projetou que negócios de impacto podem criar até 2,5 milhões de empregos no Brasil até 2030, especialmente em áreas vulneráveis. Isso evidencia que a inovação social não é apenas uma questão de responsabilidade, mas um motor efetivo para a economia.
O Novo Papel das Empresas de Grande Porte
Ignorar o empreendedorismo social pode ser um caminho para a irrelevância. A realidade é clara: empresas que ainda tratam a sustentabilidade como um “plus” tendem a ficar para trás. O mercado atual não aceita mais negócios focados apenas no lucro, sem uma proposta de valor social.
Mudanças em Curso
Três movimentos estão reformulando a forma como as grandes empresas operam:
- 1 – Investimentos em Startups de Impacto: Marcas como Natura, Boticário e Itaú entenderam que a verdadeira inovação vem de quem se propõe a solucionar problemas estruturais. Com isso, seus fundos de corporate venture capital estão voltando-se para startups sustentáveis, garantindo uma vantagem competitiva e um fluxo contínuo de inovação.
- 2 – Parcerias para Inovação: Muitas corporações estão se unindo a startups sociais para acelerar soluções que abordem desafios ambientais e sociais. A agilidade que as startups oferecem é um diferencial que as grandes empresas estão começando a reconhecer como essencial.
- 3 – Sustentabilidade como Pilar de Estratégia: Um estudo da McKinsey revelou que empresas com um compromisso forte com o ESG têm 63% mais rentabilidade. Isso acontece porque a lealdade do consumidor aumenta, os investidores estão mais dispostos a apoiar e as operações tornam-se mais resilientes.
Preparando-se para o Futuro
É necessário admitir: quem ainda acredita que lucro e impacto são incompatíveis está preso a uma mentalidade ultrapassada. O mercado tem evidenciado que empresas que integram propósito e sustentabilidade se mostram mais lucrativas e atraentes para consumidores e investidores.
O espaço de ação mudou e agora, mais do que nunca, é preciso que os negócios se adaptem. Seu empreendimento está preparado para essa nova economia ou correrá o risco de ficar para trás? O futuro exige compromisso e inovação, e o momento de agir é agora.
Camila Farani é uma referência no LinkedIn Brasil e foi premiada como Melhor Investidora-Anjo em 2016 e 2018 pelo Startup Awards. Co-fundadora da G2 Capital, uma boutique de investimentos focada em startups de tecnologia.
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