O Futuro das Relações Econômicas entre Brasil e China: Uma Nova Era de Cooperação

A relação econômica entre Brasil e China está prestes a entrar em uma nova e profunda fase de colaboração, que vai muito além da simples troca de commodities. Essa mensagem clara foi apresentada por Henry Huiyao Wang, um respeitado economista e ex-conselheiro de Estado chinês. Wang, que é fundador e presidente do Centro para a China e a Globalização (CCG), compartilhou suas perspectivas durante a Conferência Anual do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), realizada em São Paulo.

Um Potencial Promissor para o Agronegócio

Durante sua primeira visita ao Brasil, Wang destacou que o agronegócio brasileiro apresenta um potencial significativo para se tornar um dos maiores beneficiários das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Entretanto, segundo ele, a verdadeira consolidação dessa parceria dependerá de investimentos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento (P&D), além de esforços para “desdolarizar” as transações.

O Papel do CCG

O CCG, fundado em 2008, se posiciona como um think tank independente que aborda questões relevantes como governança global e comércio internacional, mantendo diálogos constantes com formuladores de políticas públicas e diplomatas. A organização é financiada por doações de empresas privadas chinesas e multinacionais, o que a afasta de dependências governamentais.

Desdolarização e Cooperação Financeira

Wang ressaltou que a “desdolarização” já tem uma base robusta nas relações comerciais. Em 2023, o Banco Central do Brasil e o Banco Central da China assinaram um Memorando de Entendimentos para aprimorar a cooperação em serviços financeiros, permitindo transações diretas entre reais e Renminbi (RMB), a moeda oficial da China.

• Isso significa que agora é possível realizar operações comerciais sem a necessidade de converter reais para dólares, o que pode reduzir significativamente os custos envolvidos.
• Já mais de 30% do comércio bilateral é feito em RMB, mostrando um caminho claro para fortalecer essa alternativa.

Desafios Logísticos e Oportunidades de Investimento

Wang também destacou que, apesar das oportunidades, a logística continua sendo um ponto crítico a ser superado. Ele acredita que investidores chineses estão prontos para ajudar a resolver esse desafio, que ele considera um dos principais fatores para a elevação do Custo Brasil.

Para enfrentar esses problemas, Wang propõe:

• Investimentos em corredores logísticos e portos inteligentes.
• A aposta em projetos emblemáticos, como trens de alta velocidade que conectem grandes centros urbanos.

Evolução da Parceria Bilateral

A relação entre Brasil e China está se transformando. Wang acredita que estamos passando de uma colaboração focada em commodities para uma parceria que abrange manufatura, inovação, crescimento sustentável e governança global.

“Vejo uma conquista compartilhada em nossos laços”, afirma Wang.

Investimentos Transformadores em Novos Setores

Os investimentos chineses no Brasil estão se diversificando, especialmente em setores com maior valor agregado. Em 2024, as empresas chinesas realizaram 29 projetos de investimento no Brasil, totalizando aproximadamente US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões). Grande parte desse montante foi direcionada para mobilidade elétrica, com destaque para empresas como BYD e Great Wall Motors.

• Este volume representa um aumento de 115% em comparação a 2023, sendo o maior crescimento desde 2019.
• Além disso, a China está colaborando em áreas como Inteligência Artificial (IA), robótica e automação, ajudando o Brasil a se tornar um hub para o mercado latino-americano.

Uma Oportunidade Duradoura para o Brasil

A tensão entre EUA e China está criando uma janela de oportunidades duradouras para o Brasil. Com uma crescente demanda por alimentos para uma população de 1,4 bilhão de habitantes, o Brasil se posiciona como um aliado desejável para garantir a segurança alimentar chinesa.

Em 2024, as exportações do agronegócio brasileiro para a China alcançaram US$ 49,7 bilhões, correspondendo a 30,2% do total das exportações agropecuárias. Isso demonstra a importância dos produtos brasileiros, como:

• Soja
• Milho
• Açúcar
• Celulose
• Algodão
• Carnes (bovina, suína e de frango)

No caso da soja, os dados são impressionantes: o Brasil responde por 73% das exportações, essencialmente utilizadas na produção de ração animal e óleo vegetal. Além disso, as exportações de carne bovina também são significativas, representando metade do total exportado pelo país.

Reflexão sobre o Futuro das Relações Brasil-China

A transformação nas relações entre Brasil e China oferece uma oportunidade única para ambos os países. A cooperação se estende da simples troca de commodities para uma parceria mais robusta e diversificada, prometendo um futuro rico em oportunidades.

Acreditamos que, ao focar no fortalecimento das habilidades e recursos disponíveis, Brasil e China podem avançar juntos em direção a um relacionamento ainda mais frutífero e inovador.

O que você acha sobre essa nova fase de cooperação econômica? Compartilhe suas opiniões e reflexões.