A Desordem do Mundo: O Fim das Potências Ascendentes
No final do século 19, num contexto de divisão do império Qing por potências ocidentais, o primeiro-ministro britânico Lord Salisbury alertou sobre a separação do mundo entre nações “vivas” e “mortas”. As nações vivas eram aquelas que estavam prosperando com a Revolução Industrial, enquanto as mortas lutavam contra a corrupção e métodos obsoletos. Esta dinâmica preparou o campo para conflitos devastadores. Hoje, no entanto, podemos estar testemunhando o fim dessa era de transições de poder, e as consequências podem ser tanto inesperadas quanto preocupantes.
O Fim das Ascensões
Por séculos, nações se destacaram através de crescimentos populacionais, inovações tecnológicas e expansões territoriais. Contudo, no cenário atual, não vemos mais potências emergentes capazes de desafiar a ordem global estabelecida. A China, uma das últimas a ascender, encontrou-se no auge, enfrentando um ciclo de declínio econômico e demográfico. Outras nações como Japão, Rússia e a Europa estão estagnadas há mais de uma década. Mesmo a Índia, que possui uma população jovem, encontra obstáculos em sua capacidade de transformar esse potencial em poder real.
Esse panorama não apenas marca um estancamento; traz à tona o perigo de tensões políticas e sociais. A escassez econômica e as ondas de jovens em busca de oportunidades estão alimentando radicalismos e desgastes democráticos, com a política externa dos Estados Unidos oscilando em um unilateralismo agressivo. Embora este novo cenário possa afastar conflitos gerados pela ascensão de potências, os desafios locais emergentes não são menos alarmantes.
O Legado da Revolução Industrial
Antigamente, a ascensão das potências estava intrinsecamente ligada à Revolução Industrial, a qual estabeleceu um padrão de crescimento econômico e militar. Entre 1800 e 1900, os EUA e o Reino Unido passaram de menos de 10% da produção global para mais de 50%, enquanto China e Índia minguavam em participação. O aumento da produtividade e a urbanização contribuíram para um crescimento populacional inédito, permitindo que os exércitos se expandissem enormemente.
No entanto, essa dinâmica não se repetiu nas sociedades pós-industriais. O mundo de hoje lida com uma desaceleração na produtividade, o que significa que as potências não conseguem mais gerar crescimento da mesma forma. A inovação não está mais propensa a criar revoluções no cotidiano, como no passado, e os equipamentos e tecnologias atuais reagem lentamente às mudanças.
Uma Nova Realidade: Envelhecendo e Encolhendo
A desaceleração é particularmente evidente nas condições demográficas. Atualmente, dois terços da população mundial vivem em países onde a taxa de natalidade não é suficiente para substituir a população. Na prática, isso significa que muitas nações industrializadas estão morrendo progressivamente, enquanto as economias em desenvolvimento, como a Índia, lutam com a falta de capacidade humana qualificada e infraestrutura adequada.
O Que Esperar na Próxima Década?
- Desafios Demográficos: Até 2050, estimativas revelam um colapso populacional dramático na China e em outras potências, criando dificuldades econômicas.
- Dificuldades Econômicas: As projeções indicam que muitas economias globais podem diminuir em pelo menos 15% nos próximos 25 anos.
Esses fatores revelam que qualquer recuperação histórica está longe de ser viável. Países que já foram capazes de se reerguer após crises passadas agora enfrentam o risco de quedas irreversíveis.
A Ascensão do Nacionalismo e a Militarização
Com o crescimento do impasse mundial, nações estagnadas estão se voltando para a militarização e reavivamento do nacionalismo como alternativas para lidar com o declínio. Nações como a Rússia e a China, pressionadas por suas dificuldades internas, podem ver na expansão territorial uma solução temporária. A militarização se torna uma resposta não apenas a problemas internos, mas também ao medo da influência ocidental em suas respectivas regiões.
Um Futuro Incerto, Mas Esperançoso
Apesar do cenário sombrio, há um fio de esperança. A potencial paz resultante da ausência de potências em ascensão pode levar o mundo a um estado mais estável. A história revela que as grandes guerras foram frequentemente deflagradas por novos desafios entre potências ascendentes e estabelecidas. Se evitarmos essa dinâmica, poderemos experimentar um ambiente internacional menos volátil.
Ainda que a competição entre sistemas autoritários e democráticos continue, pode-se esperar que o foco mude para disputas menos violentas e mais pragmáticas, onde cada sistema busque suas vantagens.
Oportunidades no Novo Cenário Global
- Colaboração Internacional: Nações ricas em capital, mas carentes de mão de obra, podem encontrar novos caminhos de cooperação com países em desenvolvimento.
- Inovações Gradativas: As novas tecnologias, mesmo que em um ritmo lento, têm o potencial de melhorar a vida cotidiana e as condições de saúde e educação globalmente.
Convite à Reflexão
Desafios existem, mas também há caminhos possíveis para um futuro mais tranquilo. À medida que avançamos neste novo capítulo da história global, é crucial que os cidadãos se mantenham informados e engajados com questões protagonistas. Que soluções podemos buscar para construir um mundo mais coeso e harmonioso? Este é um convite para que reflitam e compartilhem suas opiniões em um diálogo contínuo sobre o nosso futuro coletivo.