O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta sexta-feira para discutir questões críticas na África Ocidental e no Sahel, áreas que enfrentam um aumento alarmante de atividades terroristas e instabilidade política.
A Urgente Questão da Segurança na Região
Durante a sessão, o representante especial do secretário-geral da ONU para a região destacou um consenso geral sobre a necessidade urgente de lidar com a insegurança, que é exacerbada pelo terrorismo e pelo extremismo violento. Essa situação demanda uma atenção imediata, pois as consequências já estão sendo sentidas por milhões de pessoas.
O Que Acontece na Guiné-Bissau?
Após a reunião, Leonardo Simão, representante da ONU, falou sobre suas preocupações em relação aos processos eleitorais em andamento na Guiné-Bissau. As eleições legislativas, que estavam agendadas para novembro, foram adiadas sem uma nova data definida. Simão mencionou que discussões de consenso entre as partes políticas estão em andamento para estabelecer um calendário eleitoral que culminará em eleições presidenciais e legislativas previstas para 2025.
Em um relatório apresentado ao Conselho de Segurança, ele abordou as tensões políticas que permeiam o país, vinculadas à legalidade e legitimidade da Comissão Nacional Eleitoral e do Supremo Tribunal de Justiça. Para ele, é vital que todas as partes envolvidas promovam um diálogo construtivo para viabilizar reformas cruciais que garantam a estabilidade e o desenvolvimento a longo prazo.
A Ameaça Crescente do Terrorismo: Grupos Cada Vez Mais Sofisticados
Na reunião, Simão destacou um ponto alarmante: “Os grupos terroristas estão se tornando mais agressivos e sofisticados, utilizando armamentos modernos, incluindo drones.” Essa evolução tem impactos diretos na segurança da região e vai além dos limites do Sahel, com incidentes recentes no norte do Benim e em Togo, que mostram a disseminação do extremismo violento e do crime organizado no Golfo da Guiné.
- Desafios relacionados: A crescente associação entre terrorismo e crime marítimo é uma preocupação significativa.
- Ações recomendadas: A ativação e o fortalecimento dos mecanismos regionais de combate ao terrorismo são indispensáveis para uma ação coordenada e eficaz.
O Cenário em Burkina Fasso, Mali e Níger
O representante também compartilhou que acabou de voltar da Cúpula do bloco, realizada em 15 de dezembro. Durante a cúpula, os líderes dos países Burkina Fasso, Mali e Níger decidiram se retirar da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental). As formalidades para a retirada devem ter início após 29 de janeiro de 2025, e, até lá, planos de contingência estão sendo elaborados.
Além disso, a cúpula optou por intensificar os esforços diplomáticos, estendendo um prazo de seis meses para um diálogo que vise convencer esses países a permanecerem na organização. Há um consenso sobre a importância de reforçar o apoio aos mecanismos de coordenação regional na luta contra o terrorismo.
Um centro de detenção em Bamako, Mali (arquivo)
A Educação: Uma Chave para a Solução?
Simão considera inaceitável que mais de 8,2 mil escolas na região estejam inativas devido à insegurança. Ele afirma que o direito à educação é fundamental para garantir a paz e a segurança, mas que essa questão tem sido sistematicamente ignorada. Essa omissão está condenando as crianças a um futuro incerto e alimentando um ciclo vicioso de insegurança e instabilidade.
Embora haja muitas violações de direitos humanos e restrições ao espaço cívico e político, especialmente na Guiné e nos países do Sahel central, o representante da ONU também mencionou avanços como a condenação de responsáveis pelo massacre do estádio na Guiné em 2009, destacando que isso envia uma “poderosa mensagem de justiça”. Ele elogiou ainda a Libéria por seus esforços em garantir responsabilização por crimes do passado e a Gâmbia por seu processo de justiça transicional considerado exemplar.
O Caminho à Frente
A situação na África Ocidental e no Sahel clama por atenção imediata e ação coordenada. A participação ativa de atores regionais e internacionais é fundamental para promover um ambiente de diálogo e reforma. A educação, a segurança e a justiça são pilares que devem ser trabalhados conjuntamente para assegurar um futuro mais próspero e estável para as próximas gerações. Como cidadãos do mundo, é nosso papel acompanhar e apoiar essas iniciativas, refletindo sobre como podemos contribuir para a paz e a segurança, não apenas nessa região, mas em todo o planeta.
