A Transição do Neoliberalismo: O Emergir de uma Nova Abordagem Econômica
Nos últimos anos, o cenário econômico dos Estados Unidos passou por uma transformação significativa, refletindo uma mudança nas crenças e políticas que moldam a vida dos americanos. Durante quatro décadas, a ideologia do livre mercado, defendida ardorosamente pelo presidente Ronald Reagan, foi o alicerce das políticas econômicas e benéficas à cultura americana. A narrativa predominante era a de que os mercados, além de eficientes, eram justos e sábios, e a intervenção do Estado deveria ser mínima. De fato, entre 1982 e 2015, a capitalização de mercado das empresas listadas cresceu exponencialmente, aumentando de cerca de 35% do PIB para aproximadamente 95%. Este fenômeno, frequentemente denominado de “neoliberalismo”, resultou em um crescimento notável do setor privado.
Sinais de Mudança: O Declínio do Neoliberalismo
No entanto, há cerca de uma década, essa confiança inabalável no neoliberalismo começou a desmoronar. Para muitos americanos, a globalização deixou de ser um conceito neutro e passou a ser associada a vários problemas, como a desigualdade, a perda de empregos industriais e o crescimento do setor financeiro, muitas vezes à custa de estabilidade econômica e social. As vozes nos altos escalões do governo, como a do ex-presidente Donald Trump, desafiaram diretamente essas convicções, promovendo políticas que protegiam trabalhadores e empresas americanas contra a concorrência externa e expressando uma nova simpatia por instituições trabalhistas.
O sucessor de Trump, Joe Biden, também demonstrou uma ruptura com esses paradigmas. Ele não só manteve as tarifas sobre a China, como também buscou estabelecer uma nova política industrial americana, abordando diretamente o papel do Estado na modelagem dos mercados. Essa mudança culminou em iniciativas como o restabelecimento de proteções antitruste e uma postura favorável aos sindicatos, culminando em sua participação simbólica em uma greve em 2023.
Tensionando as Ideias: Democratizando a Economia
Entretanto, nem todos os líderes políticos estão em sintonia com essa nova abordagem. A vice-presidente Kamala Harris, embora adote algumas das ideias econômicas de Biden, apresentou uma visão mais moderada em sua campanha presidencial, propondo aumentos de impostos mais baixos do que aqueles defendidos por Biden em relação aos ganhos do mercado de ações. Além disso, o Trump do segundo mandato não hesitou em adotar tarifas mais severas, refletindo uma ambivalência em suas políticas econômicas.
Apesar das divergências, estamos testemunhando o surgimento de uma nova forma de capitalismo democrático, que alguns chamam de "pós-neoliberalismo". Essa nova abordagem busca desafiar as desigualdades de poder que são uma marca registrada dos mercados, reavaliando as condições sob as quais os mercados operam e questionando se as estruturas econômicas atuais promovem o bem-estar dos americanos e de sua sociedade.
Os Fundamentos do Pós-Neoliberalismo
Os defensores do pós-neoliberalismo argumentam que os mercados, ao concentrar riqueza, criam desequilíbrios que podem prejudicar tanto a economia individual quanto a coletiva. Esses desequilíbrios ameaçam a competição e, eventualmente, podem levar ao corporativismo, onde uma minoria detém o controle excessivo da economia. A visão é a de que a intervenção governamental é necessária para restaurar o equilíbrio e garantir que os mercados sirvam aos interesses sociais e não se tornem fins em si mesmos.
Esse novo script possui apoiadores em ambos os lados do espectro político, o que representa uma diferença significativa em relação às mudanças anteriores. Enquanto o neoliberalismo e o keynesianismo eram predominantemente defendidos por um único partido, agora, legisladores de diversas origens estão se unindo para buscar soluções que desafiem o status quo. Essa nova "centragem", como descrita por David Leonhardt do New York Times, reflete um reconhecimento crescente de que o modelo neoliberal falhou em atender às necessidades contemporâneas.
O Caminho a Seguir: Construindo um Novo Futuro
A necessidade de reconstruir a relação entre economias e sociedades, de alinhar a produção ao bem-estar social, está se tornando cada vez mais evidente. Em um mundo onde as tensões globais se intensificam e o crescimento da desigualdade se acelera, a busca por uma nova agenda econômica se torna premente. Essa agenda deve integrar esforços para equilibrar a economia com três objetivos principais:
Promover um Crescimento Inclusivo: As políticas devem se concentrar em garantir que todos os grupos sociais possam se beneficiar do crescimento econômico.
Monitorar e regular o setor financeiro: A regulação deve garantir que o setor financeiro não seja o único a prosperar, mas que contribua de maneira equitativa para a economia.
- Investir em Inovação e Sustentabilidade: O investimento governamental deve ser direcionado para tecnologias que promovam a descarbonização e um futuro sustentável.
Um Novo Compromisso Econômico
O compromisso com os princípios pós-neoliberais deve envolver uma avaliação crítica das forças de mercado e da governança. Com isso, é possível recalibrar as prioridades econômicas, aproveitando a interdependência em um mundo globalizado para redesignar os termos de concorrência e colaboração. As iniciativas de políticas públicas não devem ser vistas como um fardo, mas como oportunidades para moldar um ambiente econômico que reconheça e valorize a dignidade humana e a democracia participativa.
Revisão do Papel do Governo
Um governo ativo não deve apenas fomentar um ambiente econômico competitivo, mas também tomar decisões que atendam ao interesse comum. Questões sobre como a economia deve operar para criar melhores condições de vida e maior justiça social precisam ser abordadas. Cidadãos devem ser incentivados a participar de forma ativa nesse debate, refletindo sobre o que constitui uma vida digna e próspera.
Reflexões Finais
O que podemos esperar do futuro? Enquanto a transição do neoliberalismo para um novo paradigma econômico está em andamento, é crucial que a sociedade se envolva ativamente nessa questão. Não se trata apenas de um ajuste técnico nas políticas econômicas, mas de um reexame das prioridades e valores que regem a vida coletiva. A busca por um equilíbrio entre o que é prático e o que é justo terá um papel decisivo na construção de uma América mais coesa e próspera.
O desafio agora é como esses novos princípios podem ser implementados de maneira eficaz. Como você vê o futuro econômico dos Estados Unidos? É hora de abrir o debate e entender como podemos moldar um panorama econômico que não apenas funcione, mas também reflita valores que promovam a justiça e a felicidade para todos.