O Futuro do Setor Elétrico no Brasil: Abrindo Caminhos para a Liberalização do Mercado
Nos próximos anos, é essencial estabelecer as fundações do setor elétrico brasileiro para garantir que a abertura do Ambiente de Contratação Livre (ACL) ocorra de maneira saudável, abrangendo todos os consumidores, inclusive os de baixa tensão. Esta é a visão de Carlos Longo, diretor de Regulação e Comercialização de Energia da SPIC Brasil. A expectativa é que a liberalização total aconteça até o final desta década, transformando a forma como a energia é comprada e vendida no país.
Preparando o Terreno para o Mercado Livre
Atualmente, o mercado livre de energia no Brasil é acessível apenas a consumidores de média e alta tensão. A abertura desse mercado para todos – residenciais incluídos – demanda uma série de ajustes fundamentais. Segundo Longo, aspectos cruciais como a segurança do suprimento e questões relacionadas a restrições de geração, conhecida como curtailment, precisam ser aprimorados.
“Para que essa abertura não fique restrita apenas ao papel, é preciso que as garantias e a confiabilidade do sistema estejam bem estruturadas na prática”, afirma Longo. Com um mercado livre mais acessível, os consumidores podem, finalmente, escolher seus fornecedores de energia.
Oportunidades no Mercado Livre de Energia
Como sua empresa pode se beneficiar
Um dos focos de atenção para a liberalização do mercado é a análise de risco das empresas do setor elétrico. Longo destaca a importância de robustecer os mecanismos regulatórios que avaliem o histórico e o portfólio das comercializadoras, a fim de minimizar riscos e garantir que elas possam cumprir compromissos contratuais sem dificuldades.
- Inversão de Risco: As empresas precisam assumir riscos proporcionais ao seu capital. Isso é fundamental para a saúde e estabilidade das negociações no setor elétrico.
- Histórico e Credibilidade: Criar mecanismos que permitam avaliar a confiabilidade das comercializadoras é essencial para fortalecer a confiança entre os consumidores e as empresas.
Nos últimos anos, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) têm trabalhado arduamente para impor novas medidas de segurança no mercado, especialmente após incidentes envolvendo comercializadoras incapazes de honrar contratos devido a oscilações de preços.
Reduções nas Tarifas de Energia
Um aspecto que desperta grande interesse, tanto para empresas quanto para consumidores, é a possibilidade de descontos significativos nas contas de energia. Longo menciona que, de acordo com as novas regulamentações:
- Empresas podem esperar reduções de até 35% nas tarifas.
- Consumidores residenciais têm o potencial de economizar até 20% nas contas de luz.
“A CCEE pode melhorar ainda mais seus mecanismos para abranger análises de prazos mais longos nas negociações das comercializadoras”, sugere Longo, enfatizando a importância da adaptabilidade no cenário regulatório.
Desafios do Setor: Gargalos de Infraestrutura
Um dos principais entraves enfrentados no setor elétrico são os cortes na geração, especialmente afetando as usinas renováveis localizadas no Nordeste do Brasil. Longo pontua que as usinas devem ser compensadas pelos cortes de geração causados por limitações de infraestrutura, seja por indisponibilidade ou por questões de confiabilidade.
“Esses cortes não podem ser prever, o que os torna particularmente desafiadores nas tomadas de decisões de investimento. Por essa razão, é justo que as usinas que enfrentam essas interrupções sejam ressarcidas”, defende o executivo.
Recentemente, a SPIC teve que recorrer à compra de energia para cumprir contratos, um sinal claro de que as limitações de geração estão impactando a operação da empresa e, consequentemente, a segurança do suprimento.
Oportunidades de Investimento no Brasil
Embora os cortes na geração levantem preocupações, a SPIC Brasil está comprometida com um compromisso de longo prazo no Brasil. Longo destaca que os investidores chineses demonstram grande confiança no mercado brasileiro, mesmo que decisões de investimento estejam sendo tomadas com mais cautela devido aos desafios enfrentados.
No Brasil, a SPIC opera com uma capacidade de 4 GW, atuando tanto no mercado regulado quanto no livre. Entre os projetos em desenvolvimento estão dois parques eólicos no Rio Grande do Norte, com um total de 105,4 MW, com previsão de entrada em operação em 2026.
“Estamos focados em negociar no âmbito do ACL e, por enquanto, não temos planos de atuar no varejo, que exige um enfoque diferente e um estilo de atendimento distinto”, esclarece Longo.
Aumento da Liquidez e Dinamismo no Mercado
A expectativa é de que a abertura do mercado livre para todos os consumidores de alta e média tensão em 2024 não apenas amplie a liquidez, mas também eleve o volume de negociações, beneficiando todo o setor. Longo acredita firmemente que a liberalização tornará o mercado mais dinâmico e atraente.
O principal ativo da SPIC Brasil é a hidrelétrica São Simão, localizada na divisa entre Minas Gerais e Goiás. Aproximadamente 30% da energia gerada pela usina é comercializada no mercado livre desde 2018, com o restante operando pelo regime de cotas no mercado regulado. Além disso, a SPIC Brasil também é responsável por parques eólicos na Paraíba e possui participação em complexos solares em outros estados brasileiros.
Reflexão Final
O futuro do setor elétrico no Brasil promete ser transformador e cheio de oportunidades, mas os desafios são reais e precisam ser enfrentados com estratégia e inovação. A liberalização do mercado não é apenas uma mudança de regulamentação, mas uma revolução na forma como a energia é percebida e adquirida pelos consumidores.
Convido você a refletir sobre como essa nova era no setor elétrico pode impactar seu consumo e sua empresa. Compartilhe suas opiniões e experiências sobre esse tema. A conversa sobre o futuro da energia é mais importante do que nunca e seu engajamento é fundamental para construirmos juntos um setor mais eficiente e sustentável.