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Os Irmãos Fanjul: Poder e Polêmica no Mercado de Açúcar
Há décadas, a família Fanjul atua como um dos grandes nomes do açúcar nos Estados Unidos, e sua influência política só tem crescido. A administração de Donald Trump, por exemplo, trouxe uma série de benefícios diretos para os negócios da família, especialmente com a implementação de tarifas que favoreciam seus produtos e a interação direta com grandes empresas, como a Coca-Cola.
As reuniões entre Trump e executivos da Coca-Cola, incluindo o CEO James Quincey, não foram apenas sociais; elas se tornaram palco de discussões sobre a inclusão do açúcar de cana da Florida Crystals na fórmula do famoso refrigerante. Essa conexão direta com a empresa sugere que o clã Fanjul, que controla um império avaliado em cerca de US$ 4 bilhões, está em uma posição privilegiada para lucrar ainda mais.
Quem São os Irmãos Fanjul?
Os irmãos Fanjul, Alfonso “Alfy” e José “Pepe”, junto com os outros membros da família – Alexander, Andrés e Lillian – são os líderes de um dos maiores conglomerados açucareiros do mundo. Eles são responsáveis por cerca de 16% do açúcar bruto produzido nos EUA através da Florida Crystals.
- Pepe Fanjul: Vice-presidente, com 81 anos, e uma das principais faces do grupo Fanjul.
- Alfonso “Alfy” Fanjul: CEO e presidente aos 88 anos, conhecido por sua habilidade política.
- Alexander: 75 anos, vice-presidente sênior.
- Andres: 67 anos, vice-presidente sênior.
- Lillian: 87 anos, vice-presidente e diretora.
A família não apenas fabrica açúcar; eles também possuem o luxuoso Casa de Campo Resort na República Dominicana e estão envolvidos em diversas iniciativas relacionadas à produção de açúcar sustentável.
O Impacto das Tarifas à Indústria Açucareira
As políticas de Trump trouxeram um novo ânimo ao mercado de açúcar em que os Fanjuls operam. Com tarifas elevadas sobre produtos açucareiros importados, a Coca-Cola se manifestou a favor do uso do açúcar doméstico, abrindo portas para a Florida Crystals. Essa movimentação foi crucial para o aumento das vendas e a relevância da marca.
Contudo, o relacionamento estreito entre os Fanjuls e a administração Trump também levantou questões sobre favorecimento e práticas de lobby, uma tônica recorrente nas críticas à família. As doações da família a candidatos políticos ao longo dos anos são uma parte significativa de sua estratégia.
As Controvérsias que Cercam a Família
Apesar do sucesso, os Fanjuls não estão isentos de críticas. Eles enfrentam diversas controvérsias, incluindo alegações de poluição ambiental e práticas de trabalho questionáveis em suas operações na República Dominicana. Especialistas e críticos, como Colin Grabow do Cato Institute, argumentam que a ascensão do império açucareiro dos Fanjuls está associada a um modelo que distorce o verdadeiro Sonho Americano, onde o sucesso só seria possível através de conexões e influência política, não pelo trabalho árduo.
“Essa é uma visão cínica do que é o Sonho Americano,” diz Grabow, destacando a manipulação das políticas governamentais como parte central da estratégia dos Fanjuls.
Em resposta, um representante da família defende que os Fanjuls têm sido “gratos pelas oportunidades” que seu trabalho e determinação lhes proporcionaram, reafirmando sua perspectiva de que a história da família exemplifica o Sonho Americano.
A Evolução do Império Fanjul
Os Fanjuls possuem uma longa história, que remonta ao século XIX, quando começaram a cultivar açúcar em Cuba. A revolução de Fidel Castro em 1959 forçou a família a deixar seu país e buscar novas oportunidades nos Estados Unidos, onde se reergueram comprando terras e reativando seus esforços açucareiros.
Desde então, eles se tornaram líderes na indústria, adquirindo várias refinarias e expandindo seus negócios internacionalmente. A centralização de suas operações na Florida Crystals e a recente compra da Sugarcane Growers Cooperative of Florida solidificaram ainda mais seu domínio no mercado.
Sustentabilidade e Respostas a Críticas
Nos últimos anos, os Fanjuls têm feito esforços para abordar questões de sustentabilidade, alegando que suas práticas de cultivo são voltadas para a preservação ambiental. Apesar das acusações de poluição, eles insistem que suas fazendas são reguladas e que a qualidade da água é mantida e melhorada.
Além disso, implementaram tecnologias como uma usina de energia renovável e um extenso programa de compostagem, buscando uma imagem mais verde no mercado.
Olhar para o Futuro
A família Fanjul continua sua trajetória no mundo do açúcar, aproveitando as políticas governamentais, as redes de influência política e suas capacidades operacionais para manter e expandir seu império. Com a expectativa de um crescente alinhamento com a Coca-Cola e a crescente demanda por produtos fabricados localmente, eles estão bem posicionados para um futuro promissor. No entanto, o cuidado com a imagem e o manejo das críticas será crucial para sua continuidade no cenário açucareiro e na esfera pública, onde a luta por direitos humanos e práticas sustentáveis se torna cada vez mais relevante.
Como os Fanjuls enfrentarão os desafios futuros enquanto continuam a dominar o mercado açucareiro? A história dessa família é uma combinação fascinante de sucesso, controvérsia e adaptação, e será interessante observar como eles navegarão nos próximos anos.