A recente alta do dólar continua a chamar a atenção, com o aumento de 0,62% em relação ao real ao longo da semana. Em março, a moeda norte-americana registra uma queda de 2,76%.
Dólar em Alta: O Que Está Acontecendo?
No fechamento da sessão desta quinta-feira, dia 27, o dólar apresentou uma valorização moderada no mercado brasileiro, em um cenário marcado pela desvalorização de várias divisas latino-americanas. Esse movimento ocorre como reflexo de crescentes preocupações relacionadas às políticas tarifárias do governo dos EUA, liderado por Donald Trump.

Alta do Dólar: Números e Impactos
Na última sessão, a moeda americana encerrou o dia com uma elevação de 0,36%, cotada a R$ 5,7533, e atingindo uma máxima de R$ 5,7707. Essa é a segunda sessão consecutiva de valorização do dólar, acumulando um aumento total de 0,62% em relação ao real somente nesta semana. Contudo, o cenário do mês de março ainda é desafiador, com uma desvalorização acumulada de 2,76%.
Entretanto, o real mostrou-se relativamente resiliente, enfrentando perdas menores em comparação com outras moedas da região. O peso colombiano e o peso chileno passaram por desvalorização mais acentuada, enquanto o peso mexicano viu uma queda mais intensa após o anuncio de uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros pelo Banco do México, que agora se encontra em 9% ao ano.
Perspectivas para o Real e o Ambiente Global
Especialistas acreditam que os efeitos negativos do ambiente global sobre o real foram mitigados pela expectativa de um prolongamento da alta da taxa Selic, que continua em patamares elevados. Esta projeção foi reforçada pelo Relatório de Política Monetária (RPM) e comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a necessidade de controle da inflação.
Recentemente, Trump anunciou a intenção de impor tarifas de 25% sobre veículos importados, o que gerou um clima de incerteza nos mercados. Com a expectativa para a implementação dessas tarifas recíprocas despertando preocupações globais, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, já sinalizou retalições por parte do Canadá.
“A pressão no câmbio atual é amplamente influenciada pelo clima cauteloso em relação às tarifações nos EUA. Essa situação cria incertezas que elevam a volatilidade para ativos considerados de risco”, explica a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.
A Situação do IPCA-15 e Seus Reflexos
Além das tensões internacionais, outro ponto que merece destaque é a recente leitura do IPCA-15 de março, que, embora tenha trazido boas surpresas, não afetou a perspectiva de um novo aumento da taxa Selic, como já sinalizado pelo Copom em sua última reunião.
No contexto da apresentação do RPM, Galípolo comentou sobre a aceleração no ciclo de aperto monetário, que teve início em dezembro. Esta mudança influenciou positivamente a relação de “carry trade”, o que resultou em uma valorização do real até o fechamento do primeiro trimestre.
Implicações das Medidas Governamentais
Embora as variáveis externas tenham um papel predominante sobre a dinâmica da moeda brasileira, as decisões recentes do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que visa recuperar popularidade, têm gerado preocupações entre os investidores. Medidas como a forte demanda por crédito consignado privado têm sido vistas como populistas em um momento em que o Banco Central busca conter a inflação.
As incertezas também se estendem com relação à aprovação de compensações para isenções fiscais de pessoas com rendimento até R$ 5 mil mensais, o que traz mais preocupações sobre a sustentabilidade da política fiscal.
Observando o Cenário Futuro
À medida que as tensões comerciais e as incertezas econômicas avançam, muitos se perguntam: o que esperar do dólar nos próximos meses? A expectativa de tarifas crescentes nos EUA e os movimentos de outros bancos centrais continuarão a influenciar o cenário. Porém, a resiliência do real e a manutenção de uma política monetária rigorosa podem proporcionar alguma estabilidade.
Para investidores e cidadãos, é vital manter-se informado e atento às mudanças que podem afetar suas finanças. Afinal, o comportamento do dólar e os impactos das políticas econômicas são temas que ecoam em várias frentes, afetando desde o custo de vida até as decisões de investimento.
Estamos diante de um momento crucial na economia, e o futuro pode ser incerto, mas a ciente análise da situação pode facilitar a navegação por essas águas turbulentas. O que você pensa sobre a atual situação do dólar e suas implicações? Deixe sua opinião e compartilhe suas reflexões.
Com Estadão Conteúdo