domingo, dezembro 22, 2024

Dólar em Ascensão: 3 Fatores que Explicam a Alta e o que Esperar a Seguir


O cenário financeiro de 2024 tem sido marcado por uma intensa valorização do dólar em relação ao real. Desde o início do ano, a moeda americana já apresentou uma impressionante alta de mais de 15%, refletindo a sua cotação de fechamento na última quarta-feira (6).

Nos últimos dias, a cotação do dólar se intensificou, alcançando R$ 5,8699 na abertura de novembro — o valor mais alto desde maio de 2020, quando a pandemia de Covid-19 dominava as notícias.

As preocupações do mercado são ampliadas por projeções cada vez mais desafiadoras. De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (4), a mediana das expectativas para a cotação do dólar no fim de 2024 aumentou pela terceira semana consecutiva, passando de R$ 5,45 para R$ 5,50. Apenas um mês antes, a previsão era de R$ 5,40.

Diante deste contexto, muitos se perguntam: “por que o dólar está subindo?” e “será que essa alta vai continuar?”. A seguir, vamos explorar as análises de especialistas sobre o tema.

Motivos para a Alta do Dólar

O Impacto das Eleições nos EUA

Um dos fatores chave para a recente valorização do dólar é o clima político nos Estados Unidos. Segundo Idean Alves, planejador financeiro e especialista em capitais, o mercado já estava precificando a vitória do candidato republicano Donald Trump, mesmo antes da confirmação de seus resultados nas eleições.

“O que chamamos de Comércio de trunfo estava em movimento nos dias antecedentes à eleição. Com a certeza da vitória do Trump, a força do dólar se tornou ainda mais evidente. A expectativa de uma política econômica mais expansionista deverá fazer o dólar se fortalecer, o que pode pressionar tanto a inflação quanto as taxas de juros no Brasil”, explica Alves.

Política Monetária em Jogo

Outro aspecto importante é a política monetária nos EUA e no Brasil, que também afeta o valor da moeda americana. O mercado está de olho nas decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, que deve anunciar uma possível redução de 0,25 pontos percentuais nas taxas de juros na próxima reunião.

Contudo, mesmo com o cenário de cortes, as taxas de juros futuras dispararam após a vitória de Trump. Josenito Oliveira, economista e professor da Unit, ressalta que a política protecionista que pode ser adotada pelo republicano poderá forçar um aumento nos juros para controlar a inflação.

“Se esse quadro se concretizar, o banco central pode ter que aumentar as taxas para valorizar os títulos em dólar, o que pressionaria ainda mais a curva de câmbio”, afirma Oliveira.

Preocupações com a Política Fiscal Brasileira

Além das movimentações políticas nos EUA, a política fiscal do Brasil tem gerado ansiedade entre os investidores. Existe uma expectativa crescente de que o governo adote medidas de contenção de gastos. “Se não fizermos a lição de casa no ajuste fiscal e não tornarmos nossa economia mais competitiva, podemos nos tornar menos influentes no cenário internacional”, adverte Alves.

E Agora, O Dólar vai Continuar Subindo?

Especialistas afirmam que os próximos passos da política econômica americana, juntamente com o andamento da situação fiscal brasileira, continuarão a exercer influências diretas sobre a cotação do dólar frente ao real.

A curto prazo, muitos analistas acreditam que a moeda americana deverá continuar sua trajetória ascendente. “O mercado sofreu uma mudança significativa, e não parece que veremos uma correção de volta ao patamar anterior. As projeções de um dólar acima de R$ 6,00, que antes pareciam irreais, agora podem se tornar a nova realidade”, conclui um dos especialistas consultados.

Com todas essas questões em jogo, a incerteza permanece presente, e é essencial que os investidores fiquem atentos às notícias e às análises do cenário financeiro global. Isso os ajudará a tomar decisões informadas na hora de buscar alternativas para proteger seu patrimônio diante das oscilações do câmbio e das mudanças na economia.

As movimentações do dólar afetam não apenas os investidores, mas também o cotidiano do brasileiro comum, que sente reflexos nos preços dos produtos e das importações. Manter-se informado e educado sobre esses assuntos é fundamental para navegar nesse cenário desafiador.


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