Dólar em Queda: O Impacto do “Tarifaço” de Trump no Real
Um Dia Inesquecível no Mercado de Câmbio
Na manhã do dia 3 de outubro, o dólar à vista começou sua jornada depreciação, quebrando a barreira de R$ 5,60 e alcançando uma mínima de R$ 5,5934. A sessão que se seguiu foi marcada pela recuperação da moeda americana, que, ao final do dia, fechou em R$ 5,6281, resultando em uma queda de 1,20%. Este valor é significativo, pois representa o menor fechamento desde 14 de outubro do ano anterior, quando a moeda estava cotada a R$ 5,5827.
O Contexto Internacional
O que causou essa mudança repentina? O principal fator foi o anúncio do “tarifaço” pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa cobrança extra de 10% sobre produtos brasileiros se destaca em comparação com os pesados impostos aplicados a outras nações, como a China e o Vietnã, que enfrentam tarifas bem superiores (34% e 46%, respectivamente). Esse panorama colocou o real em uma posição vantajosa entre as divisas emergentes, especialmente em um dia em que a maior parte das moedas internacionais sofreu perdas.
Reação do Mercado
Após o anúncio de Trump, o clima nos mercados de ações nos Estados Unidos não foi favorável. A bolsa Nasdaq viu sua performance despencar mais de 5%, enquanto os investidores buscavam refúgio em títulos do tesouro, resultando na queda das taxas. No entanto, o dólar não conseguiu se valorizar diante das divisas emergentes, conforme horas de tumulto nos mercados se desenrolavam.
Expectativas para a Economia Norte-Americana
Com a expectativa de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos, as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, cresceram. Afirmando que a inflação causada pelo tarifaço seria temporária, muitos se mostraram otimistas quanto à possibilidade de um afrouxamento da política monetária já no final do ano. Esse cenário também contribuiu para as quedas observadas nos preços do petróleo, que desabaram mais de 6%, especialmente os contratos do barril de Brent, que se aproximaram dos US$ 70.
Oque os Especialistas Preveem
Leonardo Monoli, sócio e diretor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, indica que o primeiro reflexo do tarifaço pode ser positivo para os mercados emergentes, empurrando os investidores em direção a eles. A combinação de um dólar mais fraco e taxas de juros brasileiras elevadas desencoraja a manutenção de posições em dólares e tende a atrair capitais através do carry trade, uma estratégia lucrativa em economias com juros mais altos.
“No entanto, devemos considerar que se o Fed se atrasar em implementar cortes de juros, ou mesmo se mantiver as taxas, a alta inflacionária interna poderá criar um ambiente mais avesso ao risco, penalizando os emergentes,” alerta Monoli.
O Real e Suas Perspectivas
Analistas se mostram confiantes na capacidade do real de resistir. Apesar da baixa em preços das commodities, a moeda brasileira está bem posicionada, favorecida por uma alta taxa de juros que atraí capitais. Com uma leve oscilação no Índice Bovespa, que terminou o dia em ligeira queda, ainda é possível manter uma perspectiva otimista no contexto brasileiro.
Economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, destaca que:
- “O anúncio de Trump gerou temores de inflação e recessão nos EUA, levando os investidores a considerar o Brasil como uma opção atrativa por ter uma das moedas emergentes mais líquidas.”
O Dólar e as Moedas Fortes
Quem se destacou nesse dia não foram apenas as divisas emergentes, mas também moedas fortes como o euro, o iene e o franco suíço, que funcionam como refúgios tradicionais em tempos de incerteza. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas, caiu para seus menores níveis desde outubro, flutuando ao redor de 102,100 pontos no final da tarde.
André Perfeito, economista, afirma que: “Trump tornou os EUA uma opção menos atrativa para investimentos, fazendo com que os investidores busquem segurança em outras moedas e dívidas, evidenciando uma desconfiança generalizada na economia americana.”
A Perspectiva de Trump e o Mercado
Durante a tarde, Donald Trump minimizou os impactos do tarifaço sobre os mercados e manteve uma postura otimista sobre a economia americana, afirmando que "o mercado está indo muito bem" e que uma fase de crescimento está à frente. Contudo, Monoli ressalta que, para o Brasil, os efeitos diretos das tarifas podem ser desprezíveis, dado o desempenho da economia interna, embora a atividade global possa sofrer consequências negativas.
Reflexão sobre o Futuro Econômico
“Curiosamente, os efeitos das tarifas podem ser deflacionários no curto prazo para o Brasil, com a queda nos preços de bens comercializáveis e commodities em reais,” sugere Monoli. Ele acredita que o Banco Central pode precisar apenas de uma nova alta de juros antes de finalizar seu ciclo com a taxa Selic abaixo de 15%.
Considerações Finais
Estas recentes oscilações entre o dólar e o real refletem um cenário complexo, mas é um convite à reflexão sobre a resiliência do mercado brasileiro. O que você acha que os próximos dias trarão para a economia? Como essas mudanças impactarão seu bolso e suas decisões financeiras?
Em tempos de incertezas, a informação continua a ser seu melhor aliado. Que seu olhar sobre o mercado seja sempre crítico e informado, e que as lições extraídas dessas experiências ajudem na construção de um futuro financeiro mais sólido.
Com informações do Estadão Conteúdo.