A Nova Tarifa de Importação dos EUA e Seus Efeitos no Comércio Brasil-Estados Unidos
Na quarta-feira, 30 de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promulgou um decreto que estabelece uma tarifa de 50% sobre a importação de diversos produtos brasileiros. Exceto por 694 itens, a medida visa impactar significativamente o comércio entre os dois países, especialmente na indústria aeroespacial. Um setor se destaca entre as exceções: a aviação civil, que inclui 565 artigos relacionados, beneficiando diretamente a Embraer, uma gigante brasileira do setor.
O Impacto na Aviação Civil
A taxa elevou preocupações na Embraer, que conta com os Estados Unidos como um dos seus principais destinos de vendas. Antes da nova medida, a fabricante disfrutava de uma tarifa de 10% em suas exportações, agora a situação se torna mais delicada. As aeronaves representaram 5,9% das exportações totais do Brasil para os EUA em 2024, com os americanos sendo responsáveis por 63,2% das vendas que totalizaram US$ 3,8 bilhões no último ano. Isso demonstra claramente o peso da Embraer na balança comercial entre os dois países.
O decreto também esclarece quais itens foram isentos: entre motores, peças e componentes de aeronaves civis. A lista, que contém mais de 500 itens, inclui desde tubos e mangueiras até turbinas e as próprias aeronaves. Recentemente, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, se reuniu com autoridades norte-americanas para discutir as tarifas previamente anunciadas por Trump, que poderiam representar um impacto financeiro de US$ 9 milhões a mais por aeronave exportada.
Em nota oficial, a Embraer ressaltou que a exclusão dos seus produtos de exportação da nova lista “confirma o impacto positivo e a importância estratégica” de suas atividades para a economia de ambos os países, continuando a pleitear um retorno à isenção tarifária para a indústria aeroespacial global.
Setores de Exceção: Uma Luz na Tormenta
Embora a aviação civil tenha sido um beneficiário claro das novas regras, outros setores também usufruem de isenções. O setor de madeira e derivados, por exemplo, foi aliviado, com a celulose de fibra curta à base de eucalipto tendo sua participação nas exportações do Brasil para os EUA representando 43,2% em 2024. A Suzano, produtora deste tipo de celulose, comemora os avanços, visto que 16,6% de suas receitas em 2024 vêm da América do Norte, em sua maioria dos EUA. Estima-se que cerca de 80% do produto consumido no mercado americano tem origem brasileira.
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) expressou contentamento em relação à inclusão da celulose na lista de exceções, bem como do ferro-gusa, um produto feito em parte com carvão vegetal, uma alternativa aos insumos fósseis. Entretanto, a associação preocupa-se com os painéis de madeira e produtos de madeira serrada que foram tarifados, visando à sua dinâmica indústria de embalagens de papel.
Produtos Alimentícios: Um Golpe Amargo
Infelizmente, nem todos os setores saíram ilesos. Carnes, frutas e café são exemplos de insumos relevantes das exportações brasileiras que não conseguiram escapar das novas tarifas. A única exceção foi o suco de laranja, incluindo tanto a polpa congelada quanto o suco concentrado. Especialistas estimam que esse encarecimento nas exportações possa acarretar um aumento na inflação para o consumidor americano.
A análise do CEO da Empiricus, Felipe Miranda, indica um cenário positivo em comparação ao que era esperado anteriormente. Ele afirmou: “A julgar pelo que foi anunciado, foi super positivo em relação ao que tínhamos antes. O que realmente ficou de relevante foi café e carne. O resto ficou isento, então foi muito melhor do que se esperava.”
Cronograma e Implicações das Novas Tarifas
O decreto de Trump estipula que as tarifas sobre os produtos brasileiros fora das exceções entrarão em vigor em 7 dias após a publicação, ou seja, a partir de 7 de agosto. Vale lembrar que carregamentos que estavam a caminho antes dessa data poderão desembarcar nos EUA até 5 de outubro sob a taxação anterior, o que dá um pequeno fôlego para as empresas que dependem do mercado americano.
Um Olhar Sobre o Futuro
O cenário se apresenta desafiador, mas não sem possibilidades. As indústrias que foram excluídas das tarifas têm uma oportunidade de fortalecer ainda mais suas operações e otimizar sua presença nos EUA. As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos continuam a evoluir, e as empresas precisam se adaptar rapidamente às novas regras.
A situação atual é um lembrete de como o comércio internacional é dinâmico e como decisões políticas podem influenciar mercados e economias inteiras. O diálogo entre governo e indústria é essencial para que as empresas brasileiras possam se posicionar melhor no competitivo mercado internacional.
As mudanças tarifárias levantam questões importantes sobre a sustentabilidade do comércio exterior e a necessidade de inovação e adaptação das empresas brasileiras. Como você vê o futuro destas relações comerciais? Deixe seu comentário abaixo e venha compartilhar suas opiniões sobre este relevante tema!