A Guerra Comercial entre EUA e China: Impactos no Comércio Agrícola
Reuters/Carlos Garcia Rawlins
A disputa comercial entre Estados Unidos e China, impulsionada por políticas do presidente Donald Trump, ganhou novas dimensões com a recente decisão da China de impor tarifas adicionais de 34% sobre produtos americanos. Esta medida é um reflexo do aumento nas tensões e acende alertas sobre uma possível recessão global, além de provocar instabilidades significativas nos mercados financeiros.
O Impacto das Tarifas Adicionais
Essas novas taxas se somam às tarifas já impostas em março, que variavam de 10% a 15% e afetaram produtos agrícolas no valor de cerca de US$ 21 bilhões (aproximadamente R$ 121,7 bilhões). Com isso, a continuidade do comércio agrícola entre as duas nações corre o risco de ser severamente comprometida.
Resumo do Comércio Agrícola entre EUA e China
Agricultura em Declínio: As exportações agrícolas dos EUA para a China registraram uma queda drástica durante os primeiros capítulos da guerra comercial, com novas tarifas de até 25% sendo aplicadas a produtos como soja, carne bovina, carne suína, trigo, milho e sorgo.
Diversificação das Importações: Em resposta às tarifas, a China tem diversificado suas compras, aumentando a importação de produtos agrícolas do Brasil e expandindo sua produção interna para garantir uma segurança alimentar mais robusta.
- A Nova Estratégia Chinesa: Com essa diversificação, a China utiliza seu investimento em produtos agrícolas dos EUA como uma ferramenta poderosíssima na guerra comercial, reduzindo o risco à sua própria segurança alimentar.
Mesmo assim, a China permanece como o maior mercado de exportação para os agricultores americanos. Apesar das dificuldades, líderes e comerciantes agrícolas dos EUA ainda consideram a China um parceiro indispensável, embora estejam em busca de alternativas.
Números do Comércio de Produtos Agrícolas
- Queda nas Importações: Em 2024, as importações chinesas de produtos agrícolas dos EUA atingiram o valor de US$ 29,25 bilhões (R$ 169,5 bilhões), uma redução de 14% se comparado ao ano anterior, seguindo uma queda de 20% em 2023.
Soja: O Produto Mais Afetado
A soja continua sendo a maior exportação agrícola dos EUA para a China, com cerca de metade desse volume atingindo o mercado chinês, totalizando US$ 12,8 bilhões (R$ 74,2 bilhões) em 2024. Porém, o Brasil tem se tornado o principal fornecedor, reduzindo a participação do mercado dos EUA de 40% em 2016 para apenas 21% em 2024.
Milho: A Nova Realidade
Historicamente, os EUA dominaram o fornecimento de milho para a China, mas essa situação mudou em 2022 quando a China começou a aprovar as importações do Brasil. Em 2024, as importações chinesas de milho americano caíram drasticamente para US$ 561 milhões (R$ 3,25 bilhões), um declínio acentuado em relação aos US$ 2,6 bilhões (R$ 15 bilhões) do ano anterior.
Esse movimento ocorre mesmo com a crescente demanda de milho na China, que visa apoiar seu vasto setor pecuário. O Brasil, devido à sua produção mais competitiva, superou os EUA como o principal fornecedor.
Influência nas Exportações de Carne
A China também representa um mercado crucial para as exportações dos EUA de carne, incluindo coxas de frango e miúdos, que têm pouca demanda interna. No entanto, o valor total das compras de carne e vísceras dos EUA em 2024 foi de US$ 2,54 bilhões, uma queda em relação aos US$ 4,11 bilhões (R$ 23,8 bilhões) em 2021.
Desafios Regulatórios
Cerca de cento de exportadores de carne enfrentaram dificuldades administrativas quando a China deixou que registros de exportação cessem sua validade. Embora algumas licenças tenham sido renovadas, muitos setores ainda aguardam regularização.
O Caso do Algodão
A China é responsável por cerca de 25% das exportações de algodão dos EUA. Em 2024, as remessas totalizaram US$ 1,49 bilhão (R$ 8,63 bilhões), uma leve queda em relação aos US$ 1,57 bilhão (R$ 9,1 bilhões) do ano anterior. A recessão econômica na China levou a uma diminuição na demanda por têxteis e vestuário, impactando diretamente essas transações.
Sorgo e Trigo: Cenários Mistos
As importações de sorgo dos EUA pela China aumentaram ligeiramente, embora o país esteja buscando diminuir dependência desse grão, frequentemente usado como ração animal. Em 2024, a China comprou US$ 1,73 bilhão (R$ 10 bilhões) em sorgo americano, um leve aumento em relação aos anos anteriores.
Quanto ao trigo, as importações da China em 2024 totalizaram quase US$ 600 milhões (R$ 3 bilhões), o maior volume em três anos. Contudo, a tendência nos últimos meses tem sido de declínio nas importações, em virtude de uma oferta local abundante.
Reflexões Finais
A dinâmica entre os EUA e a China no setor agrícola nos mostra um campo em constante transformação, onde os impactos de decisões políticas e econômicas reverberam por todo o mundo. À medida que a China se adapta e diversifica suas fontes de suprimento, o cenário para os agricultores americanos se torna cada vez mais desafiador.
É fundamental acompanhar de perto os desenvolvimentos dessa relação comercial, não só para a economia global, mas também para entender como mudanças de políticas podem influenciar o mercado agrícola e a segurança alimentar em ambos os países.
Convido você a refletir sobre como essas mudanças impactam não apenas as economias locais, mas o equilíbrio comercial mundial. Como você vê o futuro das relações comerciais entre essas potências? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões!