
Ester Baiget: A Visionária que Coloca o Brasil no Centro do Mercado Global de Biotecnologia
A espanhola Ester Baiget, com 54 anos e CEO global da Novonesis, foi uma das figuras centrais presentes na COP30, onde seus compromissos a trouxe ao Brasil. Em sua agenda repleta, ela se reuniu com líderes do governo e parceiros comerciais. Ao deixar o país, na quinta-feira (13), seu destino não foi Espanha, mas a Dinamarca, onde se localiza a sede da Novonesis, uma gigante que faturou 3,9 bilhões de euros (ou aproximadamente US$ 4,52 bilhões, equivalente a R$ 22,03 bilhões) no último ano.
A Revolução das Biossoluções
A Novonesis surgiu em 2024, a partir da união de duas potências, a Novozymes e a Chr. Hansen. A companhia atua em cerca de 30 setores, abrangendo agricultura, bioenergia e saúde. Ester compartilhou com exclusividade à Forbes Agro, sua visão audaciosa: “Em 2035, as biossoluções têm potencial para movimentar US$ 877 bilhões e criar mais de 5 milhões de empregos”. Em termos atuais, isso corresponderia a R$ 4,7 trilhões, quase o dobro do PIB do agronegócio brasileiro em 2022.
Segundo Ester, o Brasil tem todas as condições para ser um líder global nesse setor emergente, contando com:
- Recursos naturais abundantes;
- Pessoas qualificadas e talentosas;
- Um ambiente colaborativo propenso à inovação, apoiado pelas autoridades.
Ela explica que as biossoluções envolvem tecnologias como fermentação de precisão, engenharia biológica e microrganismos aplicados, que visam aumentar a eficiência, reduzir custos e substituir substâncias químicas prejudiciais. Entre os ativos da Novonesis, estão enzimas, probióticos, prebióticos e biocatalisadores que contribuem para diversas indústrias.
“Embora possam não estar visíveis, nossas soluções estão presentes no cotidiano de 2 bilhões de pessoas, de detergentes a biocombustíveis.”
Uma Líder Reconhecida por seu Compromisso com o Meio Ambiente
O foco de Ester em sustentabilidade não passou despercebido. Em 2024, ela foi eleita uma das 50 líderes globais pela Forbes EUA, destacando-se por suas soluções reais e escaláveis contra a crise climática. “Fiquei honrada, mas vejo isso como um reconhecimento à minha equipe. Precisamos continuar avançando.”
A executiva integra a Alliance of CEO Climate Leaders, uma coalizão do Fórum Econômico Mundial que reúne CEOs de empresas que, juntas, geram faturamento de 3,7 trilhões de euros e oferecem 12 milhões de empregos. Entre 2019 e 2023, essa aliança concretizou uma redução de 12% nas emissões de CO₂. Ester enfatiza que “a colaboração é essencial. Ninguém pode fazer isso sozinho.”
Atualmente, 83% da receita da Novonesis provem de soluções alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que enfrentam desafios como fome, desigualdade e mudanças climáticas.
Conciliando Crescimento e Sustentabilidade
Para Ester, a fusão entre ciência, inovação e preocupação com o meio ambiente é imperativa neste momento crítico da história. “Desde 2018, reduzimos nossas emissões de CO₂ em 62%, enquanto nossa receita cresceu 25%. Mostramos que crescimento econômico e gestão ambiental podem coexistir.”
Metas Ambiciosas até 2030
Fundadora de uma companhia que opera em 130 países e conta com mais de 10 mil funcionários, Ester delineou metas ousadas: crescer até 9% em vendas orgânicas anualmente até 2030 e expandir a margem de lucro ajustada (Ebitda) para 39%.
“Já estamos seguindo essa trajetória, com um crescimento orgânico de 8% nos primeiros nove meses de 2025 e uma margem de 37,3%. Estamos mostrando que cumprimos o que prometemos”, disse ela.
O truque para alcançar esses números? Ser uma solução econômica para as indústrias, proporcionando valor em termos de sustentabilidade e eficiência. Entre os exemplos dessa abordagem, estão a substituição de microplásticos em detergentes, o aumento da produtividade em bioetanol e a extração mais eficiente de óleo de milho.
A Celebração de uma História no Brasil
A visita de Ester ao Brasil também celebrou os 50 anos de operação da Novonesis no país, onde a empresa mantém três plantas industriais e centros de pesquisa e desenvolvimento. Ela enfatizou a importância da sua experiência no Brasil, afirmando: “Estive aqui várias vezes, mas visitei lugares diferentes desta vez.” Ela se referia ao estado do Pará, distante 3.000 km das unidades industriais da companhia. “Espero que a COP forneça uma narrativa de esperança, combinando bioeconomia, ciência e um mercado sustentável.”




