Investigação sobre os Chips Legados da China Abre Novos Caminhos na Relação Comercial EUA-China
Recentemente, o governo Biden lançou uma investigação emergencial sobre as práticas comerciais da China relacionadas aos chamados chips “legados”. Esses componentes eletrônicos são fundamentais para o funcionamento de diversos dispositivos, desde smartphones e eletrodomésticos até redes elétricas e sistemas de defesa.
O Contexto Comercial
A preocupação do governo americano não é à toa. Com tarifas de 50% já impostas sobre semicondutores provenientes da China, a nova investigação sob a Seção 301 pode preparar o terreno para a implementação de ainda mais tarifas ou outras ações comerciais sob a administração do próximo presidente, Donald Trump.
O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) declarou que há evidências de que as tentativas da China em dominar o mercado de chips tanto local quanto global estão criando impactos negativos para os EUA. Esses efeitos incluem a diminuição da competitividade da indústria americana, comprometendo a segurança econômica e as cadeias de suprimentos cruciais.
Um porta-voz do Ministério do Comércio da China reagiu, acusando os EUA de perturbar a produção e as cadeias de suprimento globais de chips, prometendo defender com vigor os interesses chineses.
Oque Esperar da Investigação
A investigação começará oficialmente a aceitar comentários do público em 6 de janeiro, permitindo que cidadãos e especialistas compartilhem suas opiniões e preocupações. As contribuições poderão ser enviadas até 5 de fevereiro, e audiências públicas estão programadas para 11 e 12 de março. Um fato a ser observado é a recepção de Jamieson Greer, indicado por Trump para liderar o USTR, pelo Senado dos EUA, que ainda não se manifestou sobre essa questão.
Focalizando inicialmente a produção dos chips legados, a investigação também analisará produtos que utilizam esses chips, abrangendo desde os componentes mais simples até os complexos, como substratos de carboneto de silício, material essencial na fabricação de semicondutores.
A Arrumação do Mercado de Chips
O USTR prevê que, até 2029, a China deverá alcançar aproximadamente metade da capacidade global de produção de chips lógicos mais relevantes, dominando também a produção de diversos tipos de chips legados. A acusação de que Pequim utiliza práticas comerciais desleais para alcançar suas metas é recorrente. Entre essas práticas, estão subsídios estatais, hacking, transferência forçada de tecnologia e controle de mercado.
Katherine Tai, representante comercial dos EUA, ressaltou que essas táticas permitem que as empresas chinesas aumentem rapidamente suas capacidades de produção e ofereçam chips a preços artificialmente baixos, ameaçando empresas americanas.
Impacto na Indústria e na Economia Americana
Gina Raimondo, Secretária de Comércio dos EUA, destacou que dois terços dos produtos americanos que utilizam chips incorporam chips legados da China. O mais alarmante é que muitas empresas, inclusive do setor de defesa, desconhecem a origem desses componentes. Essa dependência da tecnologia chinesa não apenas coloca em risco a competitividade americana, mas também a segurança nacional.
Após a pandemia de COVID-19, que desestabilizou a produção e o fornecimento de semicondutores, os EUA começaram a investir na construção de sua própria cadeia de suprimento. Com um investimento de US$ 52,7 bilhões, o governo visa estimular a produção e o desenvolvimento da força de trabalho relacionada à fabricação de chips.
Raimondo também salientou que o plano da China de concentrar mais de 60% da nova capacidade de chips legados na próxima década desestimula investimentos em outros lugares e constitui concorrência desleal, prejudicando a indústria americana e tornando o país dependente da China para componentes essenciais.
Um Cenário de Tarifas e Restrições
A atual investigação é baseada na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Essa mesma legislação foi utilizada durante o primeiro mandato de Trump para impor tarifas de até 25% sobre importações chinesas, iniciando uma guerra comercial que se arrastou por quase três anos. O governo Biden reiterou todas as tarifas impostas anteriormente, acrescentando mais restrições após revisar as práticas comerciais desleais da China.
Nos últimos meses, tarifas sobre veículos elétricos da China quadruplicaram, chegando a 100%. Além disso, novas tarifas de 25% sobre grafite natural, ímãs permanentes e baterias não EV serão implementadas a partir de 1º de janeiro de 2026.
Reflexões Finais
As recentes ações dos EUA em relação às práticas comerciais da China evidenciam a crescente frustração em relação à dependência de componentes eletrônicos críticos, especialmente em um mundo cada vez mais digital e conectado. A investigação em andamento não apenas sinaliza a preocupação com a competitividade da indústria americana, mas também ilustra um esforço contínuo para reverter a dependência de tecnologias provenientes do exterior.
Assim, o que podemos esperar daqui para frente? O impacto dessa investigação será decisivo para a estratégia comercial dos EUA e para a estrutura de mercado global, levando indústrias a repensarem suas cadeias de suprimento e a buscarem alternativas menos dependentes da China. Em tempos em que a tecnologia se entrelaça de forma tão íntima em nossas vidas, é vital que tanto consumidores quanto empresas estejam conscientes das implicações dessas decisões comerciais.
Como você vê essa situação? As propostas de tarifas e restrições realmente protegerão a indústria americana, ou existe um risco elevado de reações negativas do mercado global? O diálogo e a troca de ideias sobre essas questões são essenciais para compreendermos as complexas dinâmicas da economia e da política internacional.