A Corrida pela Autossuficiência em Terras Raras nos EUA
Nos últimos anos, a dependência dos Estados Unidos em relação à China no fornecimento de elementos de terras raras tem se tornado um tópico cada vez mais crítico. Uma nova pesquisa indica que a criação de uma cadeia de suprimentos nacional para estes materiais pode levar até cinco anos, um tempo em que o monopolista global chinês continua a dominar com grande influência.
Os Estados Unidos possuem uma vasta quantidade de 17 elementos de terras raras, assim como 50 minerais essenciais em seu solo. No entanto, a realidade atual é que o país carece de infraestrutura industrial para processá-los em forma de metais e ímãs utilizáveis. A situação é apresentada de forma clara por Melissa Sanderson, membro do conselho da American Rare Earths e copresidente do Critical Minerals Institute, que destaca a falta de fabricantes de ímãs em solo americano.
O Impacto da Decisão da China
Recentemente, a China anunciou restrições na exportação de sete elementos de terras raras "pesados". Essa ação veio como resposta ao aumento das taxas de importação imposto pelo governo americano sob a liderança de Donald Trump. Hoje, os Estados Unidos aplicam uma taxa de 145% sobre as importações chinesas, embora a maioria dos produtos eletrônicos permaneça isenta, por enquanto.
O temor de uma crise de suprimentos gerada por essa situação levou a reflexões sobre a vulnerabilidade do mercado americano. Sanderson alerta que o país enfrenta uma lacuna significativa na produção doméstica, que precisa ser urgentemente abordada. A ordem executiva de Trump para o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos "circular" é um passo importante, mas muitos especialistas afirmam que a verdadeira transformação precisa de tempo e planejamento cuidadoso.
O Papel do Governo e da Indústria
O governo está buscando formas de incentivar essa transformação. Recentemente, foram discutidas medidas como a mineração em águas profundas e a revisão das políticas de licenciamento, com o objetivo de ajudar a desenvolver as capacidades de produção domésticas de elementos de terras raras. Antonio Graceffo, economista e analista, opina que a proibição das exportações pela China poderia forçar os EUA a encontrar soluções inovadoras e acelerar a criação de uma infraestrutura nacional.
Os analistas acreditam que várias soluções já estão em curso, incluindo colaborações estratégicas com países como a Ucrânia. Apesar das dificuldades, muitos estão otimistas. Ian Lange, professor de economia na Escola de Minas do Colorado, argumenta que existem alternativas para os elementos de terras raras restritos e que algumas indústrias americanas já fazem planos para operar sem esses materiais.
Exemplos de Iniciativas Inovadoras
Dentre as empresas que estão tentando mudar o cenário, destacam-se algumas iniciativas promissoras:
American Rare Earths: Com sede na Austrália, essa empresa dará início ao processamento de disprósio e térbio em uma nova refinaria perto de sua mina em Halleck Creek, Wyoming. Esses elementos são essenciais para diversas aplicações, desde ímãs de motores até eletrônicos.
MP Materials: Funcionando em Mountain Pass, Califórnia, essa empresa já está produzindo oxidos de terras raras em grande escala e se prepara para construir uma fábrica de ímãs completamente integrada em Fort Worth, Texas.
- USA Rare Earths: Com uma nova planta em Round Top, Texas, a empresa começa a produzir óxido de disprósio e apresenta progresso significativo na pesquisa e desenvolvimento.
Inclusivamente, será necessário um longo prazo para que estas iniciativas se concretizem em uma capacidade robusta e suficiente para reduzir a dependência da China.
Desafios e Perspectivas Futuras
Mesmo com o aumento gradual das operações de mineração e processamento, o cenário ainda apresenta muitos desafios. As operações das empresas americanas ainda estão muito atrás das capacidades chinesas — um relatório recente revela que enquanto a MP Materials produziu 1.300 toneladas de óxido de neodímio-praseodímio em 2024, a China gerou cerca de 300.000 toneladas.
Além disso, a dificuldade e o custo envolvidos na extração e no processamento de elementos de terras raras são significativos. Muitas vezes, apenas uma fração do material extraído é considerada economicamente viável, e isso leva os investidores a hesitar em financiar novos projetos. A necessidade de criar um “mercado organizado” para terras raras, não dependente da China, foi destacada por diversos especialistas, que afirmam que a colaboração entre as empresas pode ser a chave para superar os desafios.
Caminhos para a Autossuficiência
Para alcançar a tão desejada independência em relação ao fornecimento de terras raras, são necessárias reformas significativas nas políticas de licenciamento e um aumento no investimento público e privado. O Congresso poderia oferecer incentivos fiscais para incentivar a produção local e uma parceria mais estreita entre o setor público e o privado pode ajudar a acelerar o processo.
A American Rare Earths, por exemplo, já recebeu apoio financeiro considerável para garantir seu lugar no mercado. O sucesso na criação de uma cadeia de suprimentos interna pode não apenas trazer segurança econômica, mas também inovação no desenvolvimento tecnológico, à medida que as empresas buscam superar seus concorrentes globais.
Pensando no Futuro
A trajetória para a autossuficiência em terras raras nos EUA está apenas começando, mas as sementes de mudança estão sendo plantadas. Enquanto o governo e o setor privado colaboram para fechar as lacunas e superar os desafios, uma nova era de independência e inovação pode estar à vista.
Convidamos você a refletir sobre esse processo e seu impacto em nossa sociedade e economia. Como você vê o futuro da produção de terras raras nos Estados Unidos? Compartilhe suas opiniões e contribuam para essa discussão crítica!
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