quinta-feira, julho 17, 2025

Exportação de Carne para os EUA em Colapso: O Que Diz Roberto Perosa da ABIEC?


Impactos da Tarifa sobre as Exportações de Carne Bovina para os Estados Unidos

A recente imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, criou uma onda de incertezas. Frigoríficos e produtores brasileiros estão em estado de alerta máximo. Em uma conversa exclusiva com a Forbes Brasil, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), não hesitou em classificar essa medida como “inviabilizadora”.

O Que Está em Jogo?

Perosa mencionou que, logo após o anúncio da tarifa, todas as indústrias interromperam a produção de lotes destinados aos Estados Unidos. Essa paralisação representa um risco imediato de perda de até US$ 160 milhões em contratos previamente firmados. Com cerca de 30 mil toneladas de carne já processadas e prontas para envio, o futuro dessa mercadoria se tornou incerto, especialmente a partir de 1º de agosto, quando a tarifa começa a vigorar.

A Preocupação com os Contratos Firmados

A maior inquietação, segundo Perosa, envolve os contratos que já estavam em vigor. Nos Estados Unidos, há uma interpretação de que a tarifa se aplica no momento em que a carne entra no país, e não no momento de embarque ou assinatura do contrato. Isso significa que a entrega dessas toneladas já negociadas está repleta de incertezas, desconsiderando o rigoroso padrão exigido para a produção de carne destinada aos EUA.

“As exigências específicas e os altos custos relacionados a esses lotes são significativos. Cada tonelada produzida para o mercado americano custa em média US$ 5.500, e redirecionar essa carne para outros mercados, onde o preço é cerca de US$ 3.500, traz prejuízos inadiáveis”, explicou o presidente da ABIEC.

De Mercado Promissor a Incertezas Totais

Até junho de 2025, o Brasil havia exportado 200 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, com expectativas de alcançar 400 mil toneladas no ano. Essa demanda era impulsionada por uma redução no rebanho local e pelos altos custos internos nos EUA, que viam os frigoríficos brasileiros como fornecedores de carne de qualidade.

A Importância do Mercado Americano

Perosa afirma que o mercado americano, que era emergente para o Brasil até dois anos atrás, tornou-se essencial após a retração do rebanho local. “Com a tarifa, esse fluxo de negócios se interrompe, e as consequências são sérias”, alertou.

Atualmente, a ABIEC está em diálogo com o Itamaraty e o Ministério da Agricultura para buscar soluções diplomáticas. Uma das principais demandas é a prorrogação da entrada em vigor da tarifa, a fim de preservar contratos já estabelecidos.

“Estamos solicitando ao governo americano que adie o início da cobrança, assim como fizeram com outros países. A carne já está embarcada e não poderá ser penalizada retroativamente”, disse Perosa.

E as Alternativas?

Diante da suspensão da produção de novos lotes, as empresas começaram a discutir alternativas de destino para a carne pronta. No entanto, esse processo não é simples. Os desafios logísticos, regulatórios e mercadológicos são significativos.

  • Troca de Mercado: Redirecionar a carne não é uma simples questão de mudar o país de destino. Cada mercado requer negociações específicas, padrões sanitários diferentes e novos preços.
  • Especificações Rigorosas: A carne produzida para o mercado americano tem características e processos de certificação próprios, o que dificulta sua venda em outros destinos.

Perosa esclareceu que a carne brasileira não compete com a produção local. “Ela serve para compor o blend do hambúrguer, auxilia a redução de preços na carne americana e fortalece o setor de food service nos EUA. É um claro exemplo de como as economias podem se complementar”.

Críticas à Retórica Protecionista

Perosa não hesitou em criticar a abordagem protecionista de Trump. “Essas medidas prejudicam tanto a economia americana quanto a brasileira. É difícil aceitar que líderes estejam agindo contra os interesses de suas próprias economias”. Apesar de tudo, ele acredita na possibilidade de uma solução diplomática.

“O comportamento de Trump pode ser errático. Ele pode impor barreiras e depois reverter sua posição, como já vimos antes. Acreditamos que há espaço para reverter essa situação”, disse.

O Impacto no Mercado Interno

Com a proibição da exportação de carne para os EUA, a pressão sobre o mercado interno se intensificou. As indústrias, parando de comprar bois para esse mercado, começaram a ver uma redução no volume de negócios, o que pode resultar em uma queda nos preços.

  • Efeito Cascata: Essa dinâmica é uma consequência natural. “Não estamos falando em colapso, mas a influência do mercado americano é significativa e cerca de 15% das exportações totais impactam o preço da arroba”, alertou Perosa.

O Futuro das Exportações de Carne

As empresas que interromperam a produção já estão buscando alternativas, mas existem desafios a serem superados. A carne destinada aos EUA é um produto de alta especificidade e, se os compradores cancelarem, o prejuízo será imediato.

“Não podemos simplesmente redirecionar a produção sem considerar os aspectos únicos de cada mercado”, enfatizou Perosa. A situação requer atenção cuidadosa e uma resposta ágil por parte das autoridades brasileiras.

“Enquanto houver a possibilidade de negociação, estaremos na mesa. Porém, a cada dia que passa, os prejuízos se concretizam. Precisamos de uma resposta rápida”, concluiu.

Em meio a um cenário tão complexo, a expectativa é pela retomada de diálogos que possam aliviar os impactos desta medida e garantir um futuro mais estável para a indústria de carne bovina brasileira.

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