A avicultura e a suinocultura têm se destacado como protagonistas nas produções e exportações de proteínas no Brasil para o ano de 2024. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) revelou, em uma coletiva de imprensa realizada em São Paulo no dia 12 de dezembro, que os dois setores terminarão o ano com novos recordes e um crescimento ainda maior no próximo período.
Na visão de Ricardo Santin, presidente da ABPA, “começamos o ano em recuperação e o encerramos de forma positiva para as proteínas. O próximo ano promete ser ainda melhor, especialmente para insumos como milho e soja, cuja oferta no Brasil é bastante robusta.”
Preparando o Cenário para a Carne de Frango
Para 2024, a ABPA projeta uma produção total de carne de frango de até 14,9 milhões de toneladas, um aumento de aproximadamente 1,1% em comparação ao ano anterior, que registrou 14,8 milhões de toneladas. Santin mencionou que, embora a expectativa inicial fosse de 15,1 milhões devido a fatores como o preço do milho e condições climáticas, a variação é considerada mínima.
Dessa produção total, cerca de 9,7 milhões de toneladas serão destinadas ao mercado interno, um volume quase idêntico ao consumo de 2023, que foi de 9,694 milhões de toneladas. Além disso, as exportações de carne de frango devem atingir um novo recorde, totalizando cerca de 5,3 milhões de toneladas, o que representa um incremento de 3,1% sobre o ano anterior (5,139 milhões de toneladas).
O Brasil mantém sua posição de destaque no cenário global, com Santin afirmando que “a cada dez frangos comercializados no mundo, quatro são produzidos no Brasil.” Os principais compradores incluem a China, que continua sendo o maior importador, além dos Emirados Árabes e Japão. Embora a ABPA projete uma redução de 20% nas importações da China em comparação a 2023, Santin acredita que essa queda é pontual e que as relações comerciais devem retornar aos níveis anteriores em breve.
Em relação a declarações críticas do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre a carne brasileira, Santin vê isso como um incidente isolado, referindo-se ao fato de que, mesmo em novembro, durante a polêmica, a União Europeia importou 62% da carne de frango do Brasil, e o bloco no total aumentou as compras em 2,5% em relação a 2023.
Recentemente, a assinatura do Acordo Mercosul-União Europeia foi celebrada por Santin como um avanço significativo, destacando que “agora é hora de colocar à disposição do mercado europeu uma carne de qualidade que atenda a todos os seus requisitos”.
Crescimento da Suinocultura
A produção de carne suína também mostra um panorama otimista, com expectativa de fechamento em 5,35 milhões de toneladas para 2024, representando um crescimento de 3,8% na comparação com os 5,156 milhões de toneladas do ano anterior. O mercado interno receberá cerca de 4 milhões de toneladas da produção, um aumento de 1,9% em relação a 2023.
- Produção brasileira de carne suína em 2024: 5,35 milhões de toneladas.
- Distribuição interna: cerca de 4 milhões de toneladas.
- Crescimento no consumo per capita: até 19 quilos (um aumento de 3,8%).
As exportações de carne suína alcançam a estimativa de 1,35 milhão de toneladas, um crescimento de até 9,8% comparado a 2023. Santin observa que nos anos 2000, a produção se concentrava quase totalmente no mercado interno. Hoje, o cenário mudou, e esse avanço é um sinal positivo para o setor.
As Filipinas estão se consolidando como o maior importador de carne suína do Brasil, impulsionadas pela dificuldade de controlar a peste suína africana no país.
Projeções para 2025
Para 2025, a ABPA espera um aumento na produção para até 15,3 milhões de toneladas de carne de frango, com um consumo per capita elevado a 46,6 quilos, além de um incremento nas exportações para até 5,4 milhões de toneladas. A diversificação dos mercados também é uma meta, com Santin ressaltando que novas oportunidades estão surgindo na América Central e na África, o que deve ampliar os destinos de nossos produtos.
No setor de carne suína, as projeções para 2025 incluem uma produção de 5,45 milhões de toneladas e exportações de até 1,45 milhão de toneladas. O consumo interno deverá ser estável, com a disponibilidade interna se mantendo em 4 milhões de toneladas.
O Futuro dos Ovos no Brasil
O setor de ovos apresenta um crescimento notável, com previsões de produção de 57,6 bilhões de unidades em 2024, um aumento de 9,8% em relação a 2023. O consumo per capita deve chegar a 269 unidades, refletindo um crescimento de 11,2% em relação ao ano anterior.
- Produção de ovos em 2024: 57,6 bilhões de unidades.
- Consumo per capita: até 269 unidades.
- Exportações projetadas: 18 mil toneladas (queda de 29,5% em relação ao ano anterior).
Para 2025, espera-se que o Brasil produza 59 bilhões de unidades de ovos, com o consumo per capita projetado para até 272 unidades. Santin observa também um crescimento nas exportações de ovos férteis e pintinhos de um dia, indicando um fortalecimento do Brasil no mercado de genética agrícola.
“As melhorias no fluxo de exportações e nas relações comerciais internacionais, especialmente com a abertura dos mercados europeu e britânico, devem proporcionar um cenário ainda mais favorável para o setor nos próximos anos”, conclui Santin.
Os dados apresentados mostram como o Brasil se posiciona cada vez mais como um player significativo no mercado global de proteínas. É um momento de otimismo e oportunidades tanto para os produtores locais quanto para os consumidores internacionais.