sexta-feira, março 14, 2025

Fim da Guerra Contra Elas: O Que Esperar até 2025?


Gettyimages

Animais livres de gaiolas, como as galinhas, é política que se arrasta há 10 anos.

O ano de 2025 se destaca como um marco na transformação do tratamento dos animais criados em gaiolas para alimentação nos Estados Unidos, e essa mudança ressoa globalmente nas decisões de muitas empresas. Contudo, essa jornada levou cerca de uma década para amadurecer.

Uma Década de Compromissos

Lewis Bollard, um dos líderes da Open Philanthropy focados no bem-estar animal, aponta que as políticas corporativas mais significativas em prol da produção 100% livre de gaiolas começaram a emergir em 2015, com um aumento considerável desses compromissos em 2016.

Atualmente, mais de 2.500 compromissos foram assumidos globalmente por empresas para que suas cadeias de suprimentos ofereçam ovos livres de gaiolas, sendo que cerca de 1.200 desses já foram cumpridos. Apesar do otimismo, muitas promessas requereem planejamento e tempo, especialmente quando se trata de eliminar práticas cruéis em larga escala, como o uso de celas para galinhas poedeiras e porcas prenhes.

Empresas em Destaque

Algumas empresas aproveitaram essa janela para implementar melhorias significativas. De acordo com Josh Balk, CEO da firma de investimentos éticos The Accountability Board, “As redes de fast-food dos EUA estão agora adotando sistemas onde os porcos podem se mover livremente.” Isso contrasta com o passado sombrio, onde os animais eram mantidos em condições deploráveis.

A mudança não se limita a cooperativas e lojas de alimentos naturais; gigantes como McDonald’s, Burger King e Wendy’s implementaram políticas para oferecer condições melhores aos animais. Exemplo disso, as redes de supermercados Whole Foods e Sprouts já atingiram 100% de sua meta de ovos livres de gaiolas, demonstrando que uma transição efetiva é, de fato, possível.

  • **Whole Foods e Sprouts**: 100% de ovos livres de gaiolas.
  • **Rede Fast Food**: McDonald’s e Burger King implementam melhores práticas.

Dificuldades e Justificativas

Infelizmente, nem todas as empresas mostram desempenho exemplar. O Walmart, por exemplo, estabeleceu a meta de alcançar 100% de ovos livres de gaiolas até 2025, mas não foi suficientemente firme nas ações necessárias. Até o ano fiscal de 2024, apenas 27% dos ovos vendidos pela rede provieram de galinhas fora de gaiolas.

Outras redes, como Dollar General e Kroger, também enfrentam dificuldades. Kroger ainda promete atingir 100% de ovos livres de gaiolas, mas agora espera que a meta seja cumprida até 2030, acusando a baixa demanda dos clientes como uma das principais razões para o atraso.

A Visão dos Especialistas

Christine Nicol, professora de bem-estar animal, argumenta que a culpa não deve recair sobre os consumidores, já que muitos desejam opções de alimentos que respeitem o bem-estar animal, mas nem sempre têm o tempo ou os recursos para investigar as alegações das empresas. “No Reino Unido, alguns varejistas simplesmente retiraram todos os ovos de galinhas em gaiolas das prateleiras”, observa ela, sugerindo que ações mais decisivas poderiam beneficiar tanto empresas quanto consumidores.

Transparência e Responsabilidade

Enquanto Kroger e Whole Foods se destacam por seus compromissos, outras redes como Target e Dollar Tree mostram dificuldades em serem transparentes sobre suas promessas. A Target não alcançará suas metas para ovos livres de gaiolas e não especifica novas datas para a remoção das celas de gestação utilizadas para porcas.

Essas falhas de transparência são frustrantes. A ASPCA tem documentado essas lacunas e, de modo geral, pressiona por uma avaliação mais rigorosa das condições de bem-estar animal.

Explorando a Relação Entre Preços e Bem-Estar Animal

Um dos fatores que complicam a transição para práticas mais éticas é o custo. Produzir carne e ovos em condições mais humanitárias pode ser mais caro. O Walmart, por exemplo, estima que os ovos livres de gaiolas custam entre 25% e 40% a mais do que os convencionais.

Contudo, em algumas circunstâncias, esses ovos são oferecidos a preços competitivos. Muitas vezes, em lojas que vendem produtos de marca própria, os preços se tornam mais atrativos em comparação aos ovos convencionais.

Um Exemplo Inspirador

Jared Schilling, que cresceu em uma fazenda tradicional, decidiu mudar a abordagem de produção familiar. Com o apoio de clientes alinhados com valores de bem-estar animal, como a Coleman Natural, ele implementou mudanças significativas, proporcionando melhores condições para os porcos sem aumentar consideravelmente os custos.

“A demanda dos consumidores está crescendo, e as pessoas estão começando a perceber que ajustes são necessários para garantir a qualidade de seus alimentos”, afirma Schilling. Ele vê a transição para práticas de produção sem gaiolas como um futuro viável e, mais importante, necessário.

Reflexões Finais e Desafios à Frente

Embora o cenário atual mostre tanto sucessos quanto falhas, a pressão crescente dos consumidores e das organizações de defesa dos direitos dos animais sinaliza que as empresas devem se adaptar ou enfrentar consequências. Para que os compromissos feitos na última década se tornem realidade e não meras promessas vazias, a transparência e a responsabilidade são fundamentais.

Qual é o seu papel nessa mudança? Você pode ajudar a moldar o futuro da produção de alimentos apoiando empresas que valorizam o bem-estar animal e tomando decisões informadas sobre suas compras. Questione, compartilhe sua opinião e engaje-se em discussões sobre práticas mais justas no setor alimentício. O futuro dos nossos alimentos e o bem-estar dos animais dependem de nós.

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