
Uma reviravolta inesperada. Assim podemos resumir a reação de Wall Street ao anúncio do DeepSeek, um modelo de inteligência artificial que se destaca por oferecer eficiência a um custo reduzido. A consequência imediata? A Nvidia, referência mundial na fabricação de chips para treinar modelos de IA, viu seu valor de mercado despencar em impressionantes US$ 589 bilhões em apenas um dia.
A introdução do DeepSeek não apenas revelou uma possível vulnerabilidade na atual narrativa de investimento em IA, mas também levantou questões sobre a estratégia de diversificação de muitos investidores. Em vez de diversificarem suas carteiras, muitos se entregaram ao encantamento das Big Techs, colocando todas as suas fichas em um só lugar.
Ascensão das Big Techs e suas consequências
Nos últimos anos, as chamadas “Magnificent 7” — Meta, Alphabet, Tesla, Nvidia, Apple, Amazon e Microsoft — dominaram o cenário do mercado acionário americano. Juntas, essas empresas formam uma parte significativa do S&P 500, contribuindo com 28% do índice. Dados da DataTrk Research enfatizam que, se excluíssemos essas gigantes, o crescimento anual do S&P 500 em 2024 teria sido de apenas 6,3%, comparado a uma impressionante alta de 23,3% com elas no cálculo.
Esse desempenho extraordinário atraiu o interesse de vários investidores, inclusive brasileiros. Como destaca José Maria da Silva, coordenador de alocação da Avenue, tanto indivíduos quanto instituições estão apostando pesado nessas gigantes, que se destacam pelo seu elevado valor de mercado e capacidade de captação de investimentos.
Mas com a chegada do DeepSeek, a pergunta que paira sobre Wall Street é: qual será o futuro das Magnificent 7?
DeepSeek: um divisor de águas?
O lançamento do DeepSeek coincide com um momento em que as principais tecnológicas do mundo aumentaram seus investimentos em IA. A Microsoft, por exemplo, reafirmou sua intenção de investir US$ 80 bilhões em data centers para IA até 2025. Por sua vez, a Meta planeja alocar até US$ 65 bilhões e a Alphabet, US$ 75 bilhões em suas operações.
No entanto, a introdução de um modelo que promete fazer o mesmo trabalho por um custo menor levantou um ponto crucial: se é possível obter resultados com menos investimento, por que direcionar centenas de bilhões para esse setor?
Embora alguns analistas estejam preocupados com essa mudança de cenário, outros acreditam que a reação do mercado foi exagerada. Flávio Vegas, especialista da Global X, enfatiza que as Magnificent 7 possuem uma resiliência notável. “Muitas delas estão na vanguarda da inovação em IA e podem até se beneficiar das tecnologias emergentes como o DeepSeek”, afirma ele.
Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, complementa: o custo de desenvolver o DeepSeek, de apenas US$ 6 milhões, pode ser irrealista e não capturar a totalidade dos investimentos necessários para seu desenvolvimento completo. Ele ainda acredita que a eficiência do modelo chinês não necessariamente reduzirá a demanda por chips da Nvidia, mas pode, de fato, tornar a tecnologia mais acessível e, consequentemente, alimentar a necessidade de mais poder computacional a longo prazo.
Desdobramentos e oportunidades no horizonte
O debate sobre o futuro das gigantes da tecnologia não é apenas sobre investimentos em IA. As empresas precisam também se articular rapidamente para monetizar esses investimentos. Os próximos 12 a 36 meses serão cruciais para que essas companhias demonstrem sua capacidade de traduzir gastos em crescimento sustentável.
Considerando os impactos do DeepSeek, vamos analisar quem pode se beneficiar e quem pode enfrentar dificuldades neste novo cenário:
- Nvidia: Embora tenha sido a mais afetada pela incerteza, a demanda por modelos de IA pode ainda beneficiar a empresa no longo prazo.
- Microsoft: Com forte investimento na OpenAI, a expansão da IA na Azure é um motor de crescimento para a empresa.
- Meta: Focada no LLaMA, um dos principais concorrentes em IA aberta, a Meta utiliza IA para otimizar seus algoritmos de anúncios.
- Alphabet (Google): Enfrenta pressões para atualizações no buscador, tentando se adaptar com melhorias baseadas em IA.
- Amazon: O crescimento da AWS é atrelado à IA, proporcionando oportunidades ao oferecer soluções de tecnologia mais acessíveis.
- Apple: Mesmo não sendo um líder em IA, pode integrar modelos eficientes em seus dispositivos, oferecendo renovação a sua linha de produtos.
- Tesla: Com foco em IA para veículos autônomos, a dependência da venda de carros elétricos traz riscos diante da concorrência acirrada da China.
No entanto, o maior desafio para investidores pode ser a falta de diversificação. Confiar apenas nas Big Techs é uma estratégia arriscada. Se as previsões se comprovarem e mudanças drásticas ocorrerem, um portfólio concentrado pode sofrer bastante.
Conforme Engo Pacheco menciona, a concentração em tecnologia pode ter sido uma boa estratégia nos últimos anos, mas o panorama atual sugere que a segurança dessa abordagem está diminuindo, já que algumas das maiores empresas podem começar a perder espaço em 2024.
Agora, mais do que nunca, a diversificação e a análise atenta do cenário global se tornam essenciais para qualquer investidor. O futuro pode ser incerto, mas as possibilidades também são vastas. E você, como está se preparando para esses desdobramentos no mercado de IA? Que estratégias está considerando adotar para proteger e potencializar seus investimentos? Compartilhe suas reflexões e vamos juntos acompanhar essa jornada transformadora!