domingo, outubro 26, 2025

Forças Russas Rompem Impasse e Avançam no Donbass: O Que Isso Significa para a Guerra na Ucrânia?


Texto adaptado do inglês e traduzido, publicado pela matriz americana do Epoch Times.

Recentemente, a região de Kursk, no oeste da Rússia, tem sido o principal foco das atenções internacionais. As forças ucranianas estão em intensa luta para manter o controle dessa área estratégica, especialmente diante das iminentes negociações de cessar-fogo.

Enquanto isso, as tropas russas continuam a avançar de forma persistente na região de Donbass, capturando várias cidades e mais de 1.000 quilômetros quadrados de território. Esse movimento tem gerado um novo cenário no campo de batalha, que já dura mais de três anos.

Matthew Bryza, ex-funcionário da Casa Branca e especialista em relações internacionais, indicou que a Rússia reacendeu sua ofensiva na região de Donbass, transformando o conflito em um quadro que já não pode mais ser caracterizado como um impasse. “A Rússia não está vencendo essa guerra”, afirmou ele em entrevista ao Epoch Times.

Em um discurso transmitido em 21 de novembro, o presidente russo Vladimir Putin alegou que suas forças estavam avançando por toda a linha de frente na Ucrânia, uma afirmação que contrasta com as opiniões de vários especialistas e políticos ocidentais, que afirmam que a guerra entrou em um estado de paralisia.

O senador Marco Rubio, por exemplo, comentou que “o que estamos financiamdo é uma guerra paralisada”, um sentimento que ressoa entre muitos analistas. À medida que as forças russas avançam em Donetsk e Luhansk, até mesmo defensores ardorosos de Kiev reconhecem a gravidade da situação.

De acordo com uma avaliação feita em 24 de novembro pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), os avanços contínuos dos russos em Donbass provam que a guerra na Ucrânia não está estagnada. O ISW pontuou que a linha de frente em Donetsk está se tornando cada vez mais dinâmica, com os russos intensificando seus esforços de conquista, especialmente desde setembro.

A Intensificação do Conflito em Donbass

Desde o começo de setembro, as forças russas têm avançado a passos largos, conquistando uma área superior a 425 milhas quadradas. Essa informação, vinda do ISW, reitera que a ofensiva russa no Donbass ocorre a um ritmo consideravelmente mais rápido do que ao longo de todo o ano de 2023.

Soldados ucranianos instalam minas terrestres antitanque e obstáculos não explosivos ao longo da linha de frente perto de Chasiv Yar, em Donetsk, em 30 de outubro de 2024. (Oleg Petrasiuk/24ª Brigada Mecanizada Ucraniana via AP)
Soldados ucranianos instalam minas terrestres antitanque e obstáculos não explosivos ao longo da linha de frente perto de Chasiv Yar, em Donetsk, em 30 de outubro de 2024 (Oleg Petrasiuk / 24ª Brigada Mecanizada da Ucrânia via AP)

Neste cenário, as forças russas estão agora investindo na cidade de Toretsk, um reduto ucraniano no centro-norte de Donetsk, após invadir, em agosto, as cidades de Zalizne e Niu-York. Em declarações recentes, Anastasia Bobovnikova, porta-voz do exército ucraniano, revelou que a Rússia está utilizando uma variedade de armamentos, como aeronaves e drones, para dominar essa cidade estratégica.

Bobovnikova confirmou a avaliação do ISW, ressaltando que os russos estão avançando com uma “velocidade incrível”. O cerco a Toretsk é um reflexo de ganhos contínuos russos em várias partes de Donbass, o que tem trazido preocupação para as autoridades de Kiev.

Só no início de outubro, a cidade de Vuhledar, ao sudoeste de Toretsk, caiu sob controle russo, seguida pela cidade de Selydove, também na mesma região. As forças russas, à medida que cercam a cidade de Kurakhove, ao sul de Selydove, estão aumentando a pressão ao redor de Pokrovsk, um ponto essencial de trânsito e fornecimento para as tropas ucranianas.

Pokrovsk, de vital importância estratégica, conecta várias rotas de abastecimento que ligam a cidade a outras áreas cruciais, como Chasiv Yar e Kostiantynivka.

Além disso, os avanços russos não se restringem apenas a Donbass. Há relatos de que as tropas russas estão se aproximando de Kupiansk, a capital administrativa da região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia. Em 26 de novembro, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a captura de Kopanki, uma aldeia ao sul de Kupiansk.

No entanto, o Epoch Times ainda não conseguiu verificar essas análises de forma independente, uma vez que as autoridades em Kiev não confirmaram a informação.

Desde a invasão da Ucrânia em 2022, a Rússia efetivamente anexou várias regiões, incluindo Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. Kiev, por sua vez, se comprometeu a lutar pelo retorno de todos os territórios perdidos, contando com o forte apoio internacional.

Um policial dirige um veículo passando por árvores em chamas durante uma evacuação de civis dos arredores da cidade de Kurakhove, em Donetsk, em 16 de setembro de 2024. (Reuters)
Um policial dirige um veículo passando por árvores em chamas durante uma evacuação de civis dos arredores da cidade de Kurakhove, em Donetsk, em 16 de setembro de 2024 (Reuters)

A Questão das Negociações e Cessar-Fogo

Com a recente reeleição de Donald Trump, especulações sobre uma possível resolução para a guerra da Ucrânia começaram a surgir. Durante sua campanha, Trump reiterou seu desejo de encerrar o conflito, embora tenha deixado as etapas desse processo um tanto nebulosas.

Matthew Bryza comentou sobre essa situação, afirmando que “Trump está comprometido em pressionar ambos os lados a chegar a um entendimento”. O assessorar de segurança nacional de Trump, Mike Waltz, também destacou em entrevista à Fox News a necessidade de um “fim responsável” para a guerra. Isso implica discutir quem participará das mesas de negociações e como os acordos poderão ser estruturados.

O Kremlin, em resposta a essas solicitações, expressou estar aberto ao diálogo, com Putin estabelecendo condições que envolvem a retirada das tropas ucranianas das áreas reivindicadas pela Rússia e garantias de que a Ucrânia não se juntará à OTAN. Entretanto, os termos apresentados têm sido considerados inaceitáveis por Kiev, que os classificou de “suicidas para a Europa”.

O presidente Zelensky, mesmo afirmando que não poderia reconhecer territorialmente as regiões ocupadas como parte da Rússia, parece mostrar certa flexibilidade. Ele expressou dúvidas sobre a possibilidade de retomar a Crimeia, ocorrida em 2014, por meio de uma ação militar, indicando que estaria disposto a buscar alternativas diplomáticas.

Em 26 de novembro, Sergey Naryshkin, chefe do serviço de inteligência da Rússia, destacou que qualquer acordo de cessar-fogo deverá refletir as realidades nos campos de batalha, insinuando que a iniciativa estratégica pertence às forças russas. Contudo, Bryza prevê que, quanto mais a Rússia insistir em suas demandas de território, menor será a chance de paz, especialmente em regiões como Kherson e Zaporizhzhia ainda sob controle ucraniano.

“A Rússia terá que se dar conta de que a Ucrânia não abrirá mão dessas áreas”, afirmou Bryza, sugerindo que uma retirada russa pode se tornar uma necessidade para o futuro das negociações.

A Luta pelo Controle de Kursk

Em agosto, as forças ucranianas lançaram uma ofensiva em Kursk e rapidamente conquistaram um extenso território. No entanto, desde então, as tropas russas têm se esforçado para reconquistar essa área, utilizando apoio aéreo e artilharia pesada. Autoridades ucranianas acreditam que esse terreno será crucial como moeda de troca nas negociações de cessar-fogo.

“O principal objetivo de Putin é nos expulsar de Kursk”, declarou Zelensky. Ele acredita que a pressão para retomar essa região aumentará, especialmente até 20 de janeiro, data em que Trump iniciará seu segundo mandato. Na semana passada, o exército ucraniano utilizou sistemas avançados de mísseis, fornecidos pelo Ocidente, para atacar alvos na Rússia, incluindo Kursk e Bryansk.

De acordo com Bryan, essa nova capacidade ofensiva pode dificultar a Rússia a expulsar as forças ucranianas de Kursk. Ele considera o plano de utilização de Kursk como uma ferramenta de negociação totalmente viável, apontando que as duas partes terão que realizar concessões para que um acordo seja alcançado. “Negociar envolve encontrar maneiras de minimizar as perdas e maximizar os ganhos”, conclui Bryza.

Esta matéria contou com a contribuição da Reuters.

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