A Revolução das Sociedades Anônimas de Futebol: Um Balanço Após Quatro Anos
Em 2025, a Lei das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) celebra seus quatro anos de implementação, uma estratégia inovadora que transformou associações sem fins lucrativos em entidades empresariais. Esse modelo possibilitou que clubes de futebol enfrentassem crises financeiras severas e retomassem posições de destaque no cenário esportivo brasileiro. Contudo, nem todos os times tiveram experiências igualmente positivas com essa mudança, gerando discussões sobre a eficácia do modelo de SAF.
Destaques Positivos: Botafogo e Bahia Brilham com a SAF
Um dos exemplos mais elogiados é o do Botafogo, que se tornou a primeira SAF a conquistar a Copa Libertadores em novembro do ano passado. Em 2022, o clube alvinegro, sob nova direção, vendeu o controle da sociedade ao magnata americano John Textor, que se comprometeu a investir R$ 400 milhões no time ao longo de três anos, em troca de 90% das ações.
Outro caso de sucesso é o do Esporte Clube Bahia, que transferiu 70% de sua SAF para o City Football Group e se destacou por reduzir quase completamente sua dívida em apenas um ano. Além disso, o clube fez as maiores contratações da região nordestina e se beneficiou da troca de know-how com especialistas de outros clubes gerenciados pelo grupo controlador.
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Vasco: A Ovelha Negra das SAFs?
Em contrapartida, o Vasco da Gama vivencia uma realidade desafiadora. O clube recentemente entrou em recuperação judicial, enfrentando uma dívida colossal de R$ 1,4 bilhão. A 777 Partners adquiriu 70% da participação da SAF em 2022 por R$ 700 milhões. Contudo, em maio de 2024, uma liminar devolveu o controle ao clube, uma vez que a empresa controladora, lidando com questões financeiras complexas além de suas fronteiras, não conseguiu cumprir as obrigações financeiras.
No processo de recuperação, o Vasco incluiu não apenas a associação civil, mas também a SAF, já que muitas das dívidas da associação foram transferidas para a nova entidade criada na venda do futebol para a 777 Partners.
Fortaleza: Em Busca de um Investidor Minoritário
No Brasil, a maioria dos clubes que adotam o modelo SAF têm mais de 50% das ações sob controle de investidores. No entanto, o Fortaleza se destaca como uma exceção. Desde setembro de 2023, o clube se transformou em SAF, mas ainda é controlado por sócios do próprio clube, sem acionistas externos até o momento.
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Em entrevistas, o CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, explicou que a decisão de se tornar uma SAF visa facilitar o acesso a crédito, agora que o time pode utilizar suas ações como garantia. Contudo, ele ressalta que a injeção de recursos de investidores não é o único motivo que fundamentou essa mudança.
Paz enfatizou a necessidade de encontrar um investidor experiente e ativo no clube, planejando, assim, a venda de uma parcela minoritária de até 20% das ações. O clube fixou cláusulas que inibem um investidor externo de adquirir a maioria acionária. O Fortaleza se inspira na estrutura da sociedade do Bayern de Munique, onde o clube mantém o controle, enquanto marcas patrocinadoras detêm até 25% das ações.
O time já se disse disposto a vender um pedaço da SAF ainda neste ano. “O Fortaleza está no mercado a partir de 2025”, declarou seu presidente, Rolim Machado, em entrevista ao Diário do Nordeste, em janeiro deste ano.
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“Iremos conduzir isso com muita responsabilidade, não aceitaremos qualquer investimento. Quem se dispuser a investir no Fortaleza deverá ser uma pessoa séria e que preze pelo clube e pela torcida”, afirmou Machado, demonstrando cautela e compromisso com o futuro da equipe.
Modelos de SAF em Debate: Perspectivas Futuras
Marcelo Paz tem ressaltado que o Fortaleza, atualmente livre de dívidas, apresenta-se como um atrativo para investidores, mesmo para a compra de uma fatia minoritária. O clube já possui um plano de investimentos bem delineado, ciente de como gerar valor com os recursos que eventualmente ingressem na instituição: contratação de jogadores para as categorias profissional e de base, participação em competições nacionais e internacionais e investimentos em infraestrutura.
Vale destacar que o CEO do Fortaleza estará presente no painel “Modelos de SAF no Brasil”, que é parte da programação do Sport & Business Summit. Este evento marca o início da cobertura sobre negócios no esporte pelo InfoMoney e ocorrerá na próxima terça-feira (18), com a consolidação da importância das SAFs no panorama esportivo atual. Além de Paz, o painel contará com a presença do presidente do Santos, Marcelo Teixeira, e André Berenguer, sócio da Tauá Partners, que administra a SAF da Portuguesa.
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*Informações compiladas com Estadão Conteúdo e outras agências de notícias.
