Queda nas Taxas dos DIs: Análise do Impacto do Pacote Fiscal e Comentários do Governo
Na última sexta-feira, dia 20, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) experimentaram uma queda significativa, marcando uma redução de 40 pontos-base nos contratos mais longos. Esse movimento é resultado direto da aprovação do pacote de contenção de gastos do governo no Congresso, aliado a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que geraram otimismo no mercado.
Um Cenário de Expectativa e Alívio
Este foi o segundo dia consecutivo em que as taxas caíram de maneira acentuada, seguindo um período de elevação dos prêmios. No fechamento do dia, a taxa do DI para janeiro de 2026 ficou em 14,94%, comparado a 15,06% do ajuste anterior. Para o contrato que vence em janeiro de 2027, a taxa marcava 15,04%, uma queda de 27 pontos-base em relação a 15,308%.
Além disso, as taxas dos contratos mais longos também refletiram essa tendência positiva. A taxa para janeiro de 2031 foi registrada a 14,3%, em comparação com 14,672% anteriormente, enquanto o contrato para janeiro de 2033 apresentava 14,07%, uma redução de 40 pontos-base frente ao ajuste anterior de 14,474%.
O Contexto das Quedas
É importante observar que apenas um dia antes, as taxas já haviam recuado mais de 60 pontos-base em alguns vencimentos. Esse movimento foi impulsionado por várias razões: a evolução favorável do pacote fiscal, as declarações do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e as operações de recompra de títulos realizadas pelo Tesouro Nacional. A rápida desvalorização do dólar, por sua vez, também desempenhou um papel crucial nesse cenário, contribuindo para a diminuição das taxas.
Avanços no Pacote Fiscal
A sexta-feira foi fundamental para o andamento do pacote fiscal. O Senado aprovou um projeto de lei significativo que restrige o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limita o aumento real do salário mínimo. Essa votação finalizou as três propostas de ajuste fiscal apresentadas pelo governo antes do recesso parlamentar.
Na véspera, os senadores já tinham dado luz verde a duas outras matérias do pacote: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz as despesas obrigatórias do Executivo e um projeto de lei complementar que estabelece travas para a despesa pública. Vale destacar que a PEC foi promulgada pelo Congresso Nacional na tarde da sexta-feira, marcando um avanço importante nas iniciativas do governo.
Contribuições do Mercado
Um operador de um banco de investimentos comentou que a aprovação contínua do pacote fiscal no Congresso foi um fator determinante para o fechamento da curva a termo brasileira. Juntamente com a queda do dólar frente ao real e a diminuição dos rendimentos dos Treasuries no exterior, isso proporcionou um ambiente mais favorável para os investidores.
Outro aspecto que contribuiu para a calmaria na curva foi o leilão de recompra de títulos do Tesouro, que incluiu Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-Fs). Essas estratégias têm se mostrado eficazes na estabilização da economia e na confiança do investidor.
A Influência das Declarações de Lula
Durante a tarde, as declarações de Lula no Instagram intensificaram ainda mais o movimento positivo do mercado. Ele expressou apoio ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmando a confiança tanto nele quanto em sua equipe. Esse tipo de comunicação é crucial em tempos de incerteza, pois busca transmitir uma imagem de unidade e coerência entre o governo e a instituição financeira.
No vídeo divulgado, Lula enfatizou: "Quero que você saiba, Galípolo, que jamais haverá qualquer interferência da Presidência no trabalho do Banco Central." Esse tipo de afirmação é fundamental para garantir ao mercado que a política monetária permanecerá independente, algo que é especialmente relevante dado o histórico de tensões entre o executivo e instituições financeiras.
Expectativas para o Futuro
Além de assegurar que não haverá interferência na política monetária, Lula destacou que seu governo permanece vigilante quanto à necessidade de novas medidas fiscais. Na companhia de Galípolo, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o presidente deu um tom positivo e encorajador à equipe econômica.
O eco desse apoio foi sentido imediatamente no mercado, com a queda da taxa do DI para janeiro de 2033 atingindo uma mínima de 13,96% às 15h53, uma diferença de 51 pontos-base em relação ao ajuste do dia anterior. As expectativas de que o Banco Central terá que agir na reunião de política monetária de janeiro, devido à alta inflação, continuam relevantes, criando uma dinâmica interessante no mercado.
Probabilidades de Alta da Selic
A curva brasileira, perto do fechamento, indicava uma probabilidade de 73% de alta de 125 pontos-base na Selic em janeiro, em contrapartida a 27% de chance de um aumento mais acentuado de 150 pontos-base. Essa expectativa continua a ser uma fonte de pressão nos mercados e exige atenção constante de analistas e investidores.
O Contexto Internacional
No cenário internacional, os yields dos Treasuries também apresentaram queda, influenciados por novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos. Às 16h39, por exemplo, o rendimento do Treasury de dez anos, que é considerado uma referência global, recuou 5 pontos-base, situando-se em 4,516%. Essa movimentação externa frequentemente se reflete nos ativos domésticos, demonstrando a interconexão entre as economias.
O Que Esperar?
O que podemos concluir, em suma, é que tanto o ambiente doméstico quanto o internacional têm um impacto significativo no comportamento das taxas de juros e na confiança do investidor. As medidas adotadas pelo governo, a comunicação clara e a transparência sobre as intenções das autoridades constituem fatores fundamentais para a estabilidade econômica.
Convidamos você a refletir sobre o que isso significa para o futuro da economia brasileira. Como você vê as ações do governo e sua influência sobre o mercado financeiro? Compartilhe suas impressões e previsões, e vamos seguir acompanhando essa evolução juntos!