### Cassação de Glauber Braga: Uma Batalha no Congresso Nacional
Na última quarta-feira, dia 9, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deu um passo significativo ao aprovar, com 13 votos a favor e 5 contra, a cassação do deputado federal Glauber Braga, do PSOL do Rio de Janeiro. Essa movimentação gerou uma onda de reações tanto no Congresso quanto na sociedade, com o deputado anunciando uma greve de fome como forma de protesto. Ele pretende permanecer no Congresso até que o processo que pode levar à sua destituição seja finalizado.
Glauber expressou sua determinação ao afirmar: “Não serei derrotado por Arthur Lira, nem pelo orçamento secreto. Estou aqui para lutar até o final.” Essa declaração reflete a intensificação da luta política no Brasil, onde as barreiras entre estratégia e retórica frequentemente se esbatem.
#### O Clima Tenso no Congresso
O cenário que levou à votação foi marcado por intensa polêmica e troca de insultos, resultando em uma sessão que durou quase seis horas. O discurso de Glauber, em alguns momentos, foi interpretado como uma possível intenção de renunciar ao seu mandato, mas o parlamentar deixou claro que está firme em sua posição e não pretende desistir.
Vale ressaltar que ainda cabe recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e caso o processo avance, a decisão final caberá ao plenário. A deputada Luiza Erundina, do PSOL, de 90 anos, se levantou em defesa do colega, incentivando outros membros do partido a se manterem no Congresso ao lado de Glauber.
#### Acusações e Táticas no Processo
A equipe de Glauber e seus aliados acusam a presidência da Câmara de manobras nos bastidores para que a votação ocorresse rapidamente. Segundo eles, o plano consistiria em adiar o início da ordem do dia para dificultar a participação dos parlamentares nas discussões. Isso gerou um descontentamento considerável dentro do PSOL e entre seus simpatizantes.
Recentemente, com a presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB), as sessões demoraram a iniciar. Para se ter uma ideia, no dia em que a cassação de Glauber foi discutida, a ordem do dia começou já tarde, às 18h20, levantando questionamentos sobre a transparência do processo.
Na tarde do dia da votação, por volta das 17h, o deputado Fábio Costa (PP-AL) apresentou um pedido para acelerar a votação, gerando ainda mais especulações sobre um acordo prévio para que o episódio se desenrolasse rapidamente.
#### O Motivo da Cassação
A cassação de Glauber Braga encontra suas raízes em um incidente polêmico que ocorreu em 2024, quando o deputado expulsou fisicamente um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso. A situação ocorreu após o influenciador Gabriel Costenaro fazer comentários inadequados sobre a mãe de Glauber, que estava doente na época.
Esse evento foi o estopim para a abertura do processo que culminou na votação da cassação, levanta questões sobre a conduta dos parlamentares e sobre a liberdade de expressão dentro do ambiente legislativo.
#### Conflitos Pessoais e Rivalidades
A relação entre Glauber e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, tem sido tensa. Glauber alegou que o relatório que fundamentou seu processo foi “comprado” por Lira, insinuando corrupção e manipulação política. Nessa disputa, Glauber não hesitou em usar termos fortes, referindo-se a Lira como “bandido” em diversas ocasiões.
O relator do caso, Paulo Magalhães (DEM), não ficou atrás nas críticas, chamando Glauber de “inconsequente”. Essa dinâmica de ataque e defesa reflete um ambiente político onde o desdém e a agressão verbal se tornaram comuns.
#### A Rebeldia de Glauber
Na manhã da votação, Glauber chegou acompanhado por militantes que demonstravam apoio, clamando “Glauber, fica!”. Seu discurso energizou os presentes, enquanto ele atacava novamente Lira e o MBL, reafirmando sua integridade e compromisso com seu mandato. Esse ato de resistência ressoou com muitos que veem em Glauber uma figura emblemática de oposição à atual gestão.
A trajetória de Glauber não é nova. Em 2001, o relator do caso Magalhães foi acusado de agredir um jornalista, mas saiu impune. Esse passado foi lembrado por Glauber como uma forma de destacar injustiças e desigualdades no tratamento de parlamentares dentro da mesma casa.
#### Um Precedente Inédito
A votação pela cassação de Glauber Braga não é um evento isolado. É a segunda vez nesta legislatura que o Conselho de Ética decide pela cassação de um deputado, a primeira sendo a do também parlamentar Chiquinho Brazão, que respondia a acusações muito mais graves. A votação, em ambos os casos, revela um padrão de reação política a comportamentos considerados inadequados.
Brazao, inclusive, é um exemplo de como até mesmo a prisão não garante a perda do mandato, uma vez que ele permanece na Câmara, e o processo contra ele ainda não foi votado pelo plenário.
#### Custos Para a Câmara
A situação de Glauber e a cautela em torno de sua cassação levantam questões sobre os custos — financeiros e políticos — que isso implica para a Câmara. Desde que foi preso, Chiquinho Brazão já custou mais de R$ 1,8 milhão aos cofres públicos.
Este custo e a natureza das acusações tornam a situação ainda mais delicada, e levantam um debate sobre a eficácia e a moralidade do processo legislativo em lidar com comportamentos considerados indecorosos.
### Um Futuro Incerto
O desfecho do processo de Glauber Braga ainda é incerto, mas ele se tornou um símbolo de resistência, numa era onde as linhas entre legalidade e política frequentemente se embaraçam. Neste contexto conturbado, a luta por justiça e integridade dentro do Congresso Nacional continua.
E você, o que pensa sobre a situação de Glauber? Acha que o processo de cassação é justo ou apenas uma manobra política? Sinta-se à vontade para compartilhar suas opiniões e reflexões sobre este tema crucial para a nossa democracia.