A Situação das Crianças no Haiti: Uma Crise que Não Pode Esperar

Na última segunda-feira, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) promoveu uma reunião crucial intitulada “Crianças do Haiti não podem esperar: apoiando a estabilidade, a resiliência e a prosperidade”. Este evento destaca a urgência da situação enfrentada por milhões de crianças no país caribenho.

Um Cenário Alarmante de Violência

Na visão de Philémon Yang, presidente da Assembleia Geral da ONU, a crescente violência desde fevereiro causa extrema preocupação. O avanço das gangues armadas tem resultado em assassinatos, sequestros, violência sexual e graves violações dos direitos humanos, colocando em risco a vida e o futuro das crianças haitianas.

Gangues e Tráfico de Armas

A situação se agrava devido ao tráfico ilegal de armas e munições, que alimenta o clima de medo e incerteza. Yang enfatizou que muitos jovens estão expostos a perigos extremos, incluindo fome, desnutrição e pobreza. Dados alarmantes apontam que:

• Estimativas indicam que aproximadamente 365 mil menores haitianos foram forçados a deixar seus lares devido à violência.
• Quase 400 mil crianças estão privadas de educação, já que cerca de mil escolas foram fechadas pela insegurança.

Mais de 700 mil crianças haitianas são deslocadas e vivem em acampamentos ou abrigos superlotados.

Infelizmente, muitos centros educacionais se tornaram abrigos temporários para as famílias deslocadas. Essa transformação não apenas compromete o aprendizado, mas também torna esses locais vulneráveis à infiltração de grupos armados e situações de violência sexual.

A Necessidade de Segurança

A representante especial do Secretário-Geral da ONU para o Haiti, María Isabel Salvador, enfatiza que não há como avançar sem antes abordar a insegurança provocada pelas gangues. Ela defende que a resolução dessas questões é fundamental para a realização de eleições inclusivas e para a construção de uma governança eficaz que, por sua vez, é vital para a recuperação econômica do país.

Crianças em Risco: Um Ciclo Perigoso

Se essa insegurança não for tratada, o Haiti corre o risco de perpetuar um ciclo de violência e instabilidade, afetando não só as crianças, mas toda a sociedade. Os dados são alarmantes:

• Desde o início do ano, 238 menores foram assassinados ou feridos em ações relacionadas a gangues;
• Outros 38 foram sequestrados, muitos deles traficados ou forçados a se juntar a grupos armados.

Violência de gangues matou e feriu 238 menores de idade este ano.

Segundo Catherine Russell, diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), houve um aumento impressionante de 1000% nos casos de violência sexual contra crianças em 2023. Os dados revelam que entre 30% e 54% dos menores são recrutados por grupos armados, com um aumento de 70% no recrutamento forçado no último ano. Essas crianças são usadas como informantes, cozinheiras e, em muitos casos, são vítimas de exploração sexual e obrigadas a cometer atos violentos.

A Crise Humanitária no Haiti

A situação humanitária no Haiti é absolutamente crítica. Mais de 5,5 milhões de haitianos, incluindo 3 milhões de crianças, necessitam de assistência humanitária urgente. Entre os desafios mais significativos que enfrentam, sobresai a grave insegurança alimentar. Para piorar, mais de 700 mil crianças estão deslocadas e vivendo em abrigos superlotados e insalubres, o que torna suas vidas ainda mais vulneráveis.

Serviços Básicos em Colapso

O colapso dos serviços básicos — como abastecimento de água, saneamento e assistência médica — também expõe as crianças e suas famílias a riscos elevados de doenças, incluindo cólera. Na capital, Porto Príncipe, muitos hospitais foram forçados a fechar por causa da insegurança. Essa indisponibilidade limita severamente o acesso à assistência necessária para aqueles que mais precisam.

Com um panorama tão desolador, é vital que o mundo volte sua atenção para a crise no Haiti. As crianças são o futuro de qualquer país, e investir em sua proteção e bem-estar é um passo essencial para a construção de uma sociedade mais estável e próspera.

A Esperança como Norte

Apesar de todos os desafios, a nomeação do primeiro-ministro Didier Fils-Aimé em 11 de novembro é vista como uma oportunidade promissora para a coesão social e política no país. É um momento que deve ser aproveitado para a promoção da paz, da segurança e do desenvolvimento, especialmente para as novas gerações.

Convidamos você a refletir sobre a situação das crianças no Haiti. Como você, individualmente ou parte de sua comunidade, pode ajudar a fazer a diferença? Compartilhe seus pensamentos e ideias e torne-se um agente de mudança nessa luta urgentemente necessária.